O presidente da República Jair Bolsonaro compartilha em suas redes sociais uma postagem a respeito da empresa chinesa Ample Develop Brazil Ltda, e afirma que a China pratica pesca ‘predatória, ilegal, criminosa, pirata, bucaneira, em mares do mundo inteiro’ [1]. A postagem também noticia uma suposta operação onde piratas chineses assumiriam o controle de toda atividade pesqueira no litoral brasileiro e um alerta sobre a concretização do negócio no litoral Rio Grande do Sul (RS), que seria um risco para o Brasil [2]. Em seguida, prefeito da cidade Rio Grande (RS), supostamente envolvida no negócio, critica o presidente dizendo que não há interesse ou qualquer negociação para ‘arrendar o mar’ para a China, também afirma que não é competência de municípios implementar tal projeto e que segundo a legislação brasileira assuntos marítimos são tratados na esfera federal [3]. Em nota a Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul declara que a fala do presidente Jair Bolsonaro prejudica pescadores locais e que a competência de negociação com a China vai além dos municípios [4]. Vale lembrar que, neste mesmo mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes permitiu a modalidade de pesca de arrasto no litoral do RS, considerada predatória e o presidente elogiou a decisão [veja aqui]. O presidente, seus filhos e membros do governo vêm criticando a China durante a pandemia causada pela covid-19: o deputado Eduardo já comparou a atuação chinesa na pandemia com o desastre de Chernobyl [veja aqui] e ex-minstro da Educação insinuou benefício chinês com a crise [veja aqui]. Bolsonaro também foi contra a compra das vacinas de origem chinesa [veja aqui]. O governo da chinês não se manifestou após a publicação do Presidente sobre a suposta pesca criminosa. No mês passado a Embaixada da China no Brasil criticou a acusação de espionagem na rede 5G, feita pelo senador Flávio Bolsonaro [veja aqui].Especialistas temem retaliação chinesa [5].
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