Como na semana [veja aqui] e no mês [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 11/01, Bolsonaro criticou governadores e prefeitos por adotarem medidas de distanciamento social a apoiadores; segundo ele, o fechamento do comércio só traria desemprego, não tendo uma função positiva [1]. Em 12/01, culpou o governo do Amazonas e prefeitura de Manaus pelo colapso de saúde vivenciado na região e disse que o ‘tratamento precoce’ deveria ser utilizado [veja aqui]. Na ocasião, estava em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada. Já em evento de comemoração aos 160 anos da Caixa Econômica Federal, disse que saúde e economia ‘andam de braços dados’ e governadores e prefeitos não deveriam fechar os estabelecimentos comerciais [2]. Também neste dia, sugeriu em publicação de rede social que seriam ‘voluntários’ aqueles que tomassem vacinas no país, denotando desconfiança e descrédito à política de vacinação, já que o termo é utilizado para designar pessoas que participam de fases experimentais e testes de imunizantes [3]. Em 13/01, satirizou a eficácia da vacina CoronaVac a apoiadores [veja aqui], divulgada no dia anterior pelo governo de São Paulo [veja aqui]. Em 14/01, o presidente voltou a mencionar a falta de ‘tratamento precoce’ em Manaus como a causa do colapso sanitário em vídeo publicado em rede social de seu assessor [veja aqui]. No mesmo dia, fez videoconferência com o ministro da Saúde e afirmou que o ‘tratamento precoce’ ’se mostrou eficaz em todas as cidades e estados do Brasil’, o que é mentira [4]. Também nesta ocasião, voltou a descreditar a segurança e eficácia de vacinas e de medidas de isolamento social [5]. Em julho de 2020, a Organização Mundial de Saúde interrompeu testes com hidroxicloroquina, droga defendida pelo presidente para o tal ‘tratamento precoce’, por atestar sua ineficácia [veja aqui] [6]. Diversos estudos brasileiros também apontam neste sentido, inclusive chamando atenção para efeitos colaterais e tóxicos de uso dos medicamentos [7] [8]. A despeito disso, é constante a defesa presidencial de coquetel desses remédios para tratar pacientes com covid-19 [veja aqui], inclusive em detrimento da aplicação de vacinas [veja aqui] – que é comprovadamente eficaz e recomendada por especialistas [veja aqui] [9]. Na semana anterior, o Ministério da Saúde também pressiona o governo de Manaus ao uso do suposto ‘tratamento precoce’ em documento [veja aqui]. Além disso, Bolsonaro já defendeu outras vezes suposta necessidade de priorizar medidas econômicas contra o isolamento social, e não só sanitárias [veja aqui]. Entre 08/01 e 14/01, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de mais de 8 milhões [10] para mais de 8,3 milhões [11] e as mortes atingiram o patamar de mais de 207 mil pessoas [12], segundo dados do consórcio de veículos da imprensa.
Leia relatório sobre as ações do presidente em 2020 quanto à pandemia e reportagem sobre a pesquisa que indica ‘estratégia institucional’ do governo de propagação do vírus