Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro cometeu ao menos 05 atos contra recomendações médicas e sanitárias nos dez últimos dias de março, em meio à pandemia

Tema(s)
Distanciamento social, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Como no mês [veja aqui] e na semana [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 22/03, o presidente que desdenhou a gravidade da pandemia no país em evento no Palácio do Planalto: parece ‘que somente no Brasil há pessoas morrendo por covid-19’ [1]. Além disso, reforçou a necessidade de manutenção de empregos, em suposta contraposição à questão sanitária – o que já havia feito anteriormente [veja aqui] – e sugeriu que não mudaria seu discurso [2]. No dia seguinte, dia em que o país registrou mais de 3 mil mortes em 24h pela primeira vez, ele fez pronunciamento televisivo e distorceu dados [3] sobre o enfrentamento da pandemia e disse que ‘sempre’ defendeu ‘que adotaríamos qualquer vacina [4], desde que aprovada pela Anvisa’ [5], o que é mentira [veja aqui], o que veio a ser também desmentido com depoimentos na CPI da covid-19, inaugurada em maio deste ano [veja aqui]. Em 24/03, após reunião com a cúpula dos três poderes, o presidente anunciou a criação de um comitê gestor para o combate à covid-19, mas voltou a defender o ‘tratamento precoce’, que ficaria a cargo do ‘direito e dever do médico de tratar infectados’ – a despeito de não haver medicamentos com eficácia comprovada para o tratamento de covid-19 [6]. Em 25/03, em sua videoconferência semanal, voltou a sugerir a ineficácia de lockdowns e distorceu dados sobre o combate à pandemia no Brasil e no mundo [7]. Nessa ocasião, também afirmou que voltaria a tomar cloroquina – remédio comprovadamente ineficaz para o tratamento da covid-19 – caso viesse a ser novamente infectado pelo vírus [8]. Em 31/03, Bolsonaro fez pronunciamento no Palácio do Planalto sem máscara e criticou novamente medidas restritivas [9] [10]. Entre 22/03 e 31/03, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de mais de 12 milhões [11] para mais de 12,7 milhões [12] e as mortes atingiram o patamar de quase 322 mil pessoas [13], com média diária de 2.255 mortes há 7 dias, de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa. Em 17/03, o país inclusive teve, pela primeira vez, média semanal maior do que 2,9 mil mortes por dia [14].

Leia análise sobre os pronunciamentos do presidente em 25/03 e 23/03.

31 mar 2021
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