Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) baixa portaria que prevê a necessidade de aprovação prévia pela diretoria de todas as produções científicas do órgão antes de sua publicação [1]. A medida institui competência do diretor de pesquisa da instituição para ‘autorizar previamente a publicação de manuscritos, textos e compilados científicos produzidos no âmbito e para este Instituto em periódicos, edições especializadas, anais de eventos e afins’ [2]. O atual diretor, nomeado pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, é o policial militar (PM) Marcos Venancio, cujo currículo consta formação nas áreas jurídica e de gestão pública, mas não aponta experiência na área ambiental [3]. Em nota, a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) aponta que a portaria ‘entende que a produção científica estará sujeita à decisão política (e não técnica) sobre a conveniência ou não na divulgação de dados científicos que devem ser públicos’, e classifica a medida como ‘censura e inibição aos trabalhos produzidos’ e capaz de gerar ‘atraso na publicação dos trabalhos científicos’ [4]. Já o Fórum das Sociedades Científicas da Área de Zoologia, que reúne diversas instituições científicas, aponta em carta aberta [5] que a medida é ‘prejudicial à ciência e à conservação do meio ambiente’, na medida em que pode impedir a divulgação de conhecimento científico voltado à preservação ambiental [6]. Em outras oportunidades, o Ipea advertiu servidores sobre a divulgação de pesquisas e contato com imprensa [veja aqui], e o diretor do Inpe foi exonerado após divulgar dados sobre desmatamento no Brasil [veja aqui].