Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

MEC alerta universidades sobre manifestações políticas

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Ministério da Educação (MEC) encaminha ofício determinando punição de manifestações políticas no interior de universidades federais, como apurado pela imprensa nesta data [1]. O órgão envia documento para todas as universidades federais do país alertando que manifestações políticas nas dependências dos campi podem ser consideradas ‘imoralidade administrativa’, e por isso se tornam passíveis de punições disciplinares [2]. O documento é assinado pelo procurador do Ministério Publico Federal (MPF), Ailton Benedito, apoiador do presidente Jair Bolsonaro [3]. O MEC afirma que o ofício atende a solicitação da corregedoria da pasta [4]. A representação, assinada por Ailton ano passado, só foi compartilhada com os reitores pelo MEC em fevereiro deste ano [5]. O comunicado é enviado às universidades na mesma semana em que a Controladoria-Geral da União (CGU) publica no Diário Oficial da União (DOU), termos de ajustamento de conduta (TAC) assinados por dois professores da Universidade de Pelotas (UFPel) [6]. Segundo a CGU, os docentes teriam criticado a atuação do governo federal durante a pandemia, cometendo ‘infração administrativa’ [veja aqui]. Consultados sobre as sanções às universidades públicas, juristas e educadores afirmam que as medidas fazem parte de tentativa do governo de intimidar servidores que, na prática, possuem autonomia em relação ao governo federal [7]. Especialistas argumentam que a liberdade de expressão nas universidades é assegurada por lei, sendo ratificada em 2018 quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade de qualquer ato que atente contra manifestações de alunos e professores nas instituições de ensino superior [8]. Na ocasião, o STF julgou ações policiais dentro de universidades e considerou inconstitucional qualquer ato judicial ou administrativo que limite a liberdade de cátedra, reunião ou expressão nas universidades [9]. Um dia após a divulgação das restrições, o MEC volta atrás na decisão e suspende o ofício após a repercussão do caso dos professores investigados na UFPel [10] [veja aqui]. Em nota, o MEC afirma que não tinha a intenção de coibir a liberdade de expressão no ensino superior [11]. Em outras oportunidades, ex-ministro da Educação disse que alunos teriam direito de gravar professores em sala de aula [veja aqui], ministro da Justiça autorizou o uso da Força Nacional durante protestos pela educação [veja aqui], e o MEC anunciou cortes orçamentários de universidades por ‘balbúrdia’ [veja aqui].

Leia glossário explicativo sobre autonomia universitária e liberdade acadêmica, veja como o governo federal tem atacado essas noções e leia entrevista sobre medidas de órgãos federais para inibir manifestações políticas de acadêmicos

03 mar 2021
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