Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Presidente da Fundação Palmares critica e pede boicote de filme dirigido por Lázaro Ramos

Tema(s)
Cultura, Liberdade Artística, Raça e etnia
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Nas redes sociais, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, faz críticas e afirma que há o ‘dever moral’ de boicotar o filme ‘Medida Provisória’, dirigido por Lázaro Ramos [1]. O longa consiste em uma ficção distópica do futuro e é inspirado na peça ‘Namíbia, não!’, escrita por Aldri Anunciação e também dirigida por Ramos [2]. Em suma, o enredo conta que, após um pedido de reparação que indenizaria a população negra pelo período de escravidão, o governo brasileiro edita uma Medida Provisória determinando que todos os cidadãos negros sejam enviados para o continente africano e, para tanto, a polícia sequestra as pessoas nas ruas [3]. De acordo com Camargo, a produção foi bancada com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de racismo e é ‘pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente’ [4]. No entanto, Ramos reforça o caráter ficcional da obra e compara-a com outras séries famosas e atuais sobre distopias e a assessoria informa que o longa foi feito com base nas regras de captação da Lei de Audiovisual [5]. Além disso, o produtor ressalta que o filme começou a ser escrito em 2012 e que qualquer comentário sobre o enredo é feito ‘em cima de suposições ou desejo de polêmica’, uma vez que foi rodado apenas em festivais [6]. Após ser questionado sobre os comentários, Camargo afirma que apenas ‘uma lavagem cerebral nos pretos da periferia’ justificaria a admiração por Ramos, reitera que o filme faz uma ‘acusação criminosa’ ao presidente Bolsonaro e seus apoiadores e diz que o produtor ‘finge combater o racismo enquanto o fomenta’ [7]. Vale lembrar que a Fundação Palmares censurou biografias de lideranças negras em seu portal [veja aqui], Bolsonaro ameaçou extinguir a Ancine se não pudesse filtrar as produções [veja aqui] e a Secom chamou a cineasta Petra Costa de ‘militante anti-Brasil’ [veja aqui].

Leia as críticas positivas que o filme ‘Medida Provisória’ recebeu e leia a análise sobre a relação entre a Fundação Palmares e o discurso do presidente Jair Bolsonaro.

20 mar 2021
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