Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Chefe da PF no Amazonas solicita investigação contra ministro do Meio Ambiente e é exonerado

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Amazonas

Alexandre Saraiva, chefe da Polícia Federal (PF) do Amazonas encaminha notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando investigação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do senador Telmário Mota (Pros-RR) por atrapalharem medidas de fiscalização ambiental [1]. Saraiva alega que Salles obstruiu apreensão de madeira ilegal, se referindo à operação da PF em dezembro do ano passado que bateu recorde histórico de apreensão de toras de madeira no Pará [2], e que o ministro dificulta a fiscalização ambiental e patrocinando interesses privados [3]. No mesmo dia, o diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, exonera Alexandre Saraiva do cargo [4] e o substitui pelo delegado Leandro Almada [5], a justificativa oficial é de que o delegado já era sondado sobre a mudança [6]. Mensagens de celular trocadas por madeireiros investigados pela PF em inquérito sobre apreensão de madeira ilegal citam Alexandre como um ‘alvo a ser abatido’ [7]. Após receber a notícia sobre a exoneração, Saraiva critica Salles e reafirma que o ministro ‘promove a defesa de infratores ambientais’ [8]. Sub-procurador do Ministério Público (MP) do Tribunal de Contas da União (TCU) pede para que o TCU avalie o afastamento cautelar de Ricardo Salles do Ministério do Meio-Ambiente [9], o pedido do MP é baseado na notícia-crime encaminhada por Saraiva ao STF [10]. Vale notar que Salles já fez discurso apoiando madeireiros [veja aqui] e que recentemente se reuniu com empresários alvos da operação de maior apreensão de madeira da história [11]. Outras medidas do atual governo também favoreceram atividades ilegais de madeireiros, como a decisão do presidente do Ibama que extinguiu a necessidade de autorização do órgão para exportação de madeira do Brasil [veja aqui] e solicitou que o governo norte-americano aceitasse carregamento de madeira brasileira exportada sem autorização legal [veja aqui] e a flexibilização de multas sobre a compra de madeira ilegal [veja aqui].

Veja como a decisão de exoneração demonstra ausência de preocupação com a imagem da PF pelo novo diretor-geral da corporação, e como, um ano após a reunião ministerial em que Sérgio Moro alegou interferência na PF, o presidente dá as cartas na corporação.

15 abr 2021
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