Presidente Jair Bolsonaro faz comentários racistas a apoiador na frente do Palácio da Alvorada [1]. Durante conversa com apoiadores que o aguardavam do lado de fora, Bolsonaro se refere negativamente ao cabelo black power de Maicon Sulivan [2], que por sua vez não considera a fala preconceituosa [3]. Em vídeo [4] é possível ver o momento em que Maicon se aproxima para tirar foto com o presidente e este olha para seu cabelo e em seguida comenta ‘estou vendo uma barata aqui’ [5]. Antes disso, ele diz ‘tem piolho nesse cabelo’ [6]. Apesar do comentário racista, Maicon tece críticas em suas redes sociais aos veículos de imprensa que noticiam como racistas as falas de Bolsonaro [7]. Para o rapaz negro, Bolsonaro não é racista e os comentários são permitidos, pois ele não seria um simples apoiador, mas sim um amigo do presidente, que por sua vez teria intimidade e liberdade para fazer ‘brincadeiras’ e ‘piadas’ [8]. O cabelo black power não tem uma significação meramente estética, mas representa um símbolo de resistência para o povo negro, que surgiu a partir de reivindicações do movimento negro em 1950 e que até hoje apresenta-se como uma valorização da cultura negra e da autoimagem do povo negro, a partir do rompimento com os padrões de beleza eurocêntricos [9]. Assim, embora Maicon não tenha se ofendido pessoalmente, o comentário do presidente coloca-se como racista por ridicularizar um dos símbolos da luta antirracista. Esta não é a primeira vez que integrantes deste governo proferem falas e tem atitudes que atacam o povo negro e tentam desabonar todo avanço na discussão antirracista [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui].
Leia análises sobre a negação do racismo, o discurso endossado por Bolsonaro em seu governo e como opera o racismo recreativo.
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.