Como no mês anterior [veja aqui], o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 01/06, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou, ao ser questionado sobre o auxílio emergencial, que ‘quem quer mais é só ir no banco e fazer empréstimo’ e criticou o isolamento social: ‘eu não obriguei ninguém a ficar em casa, não fechei comércio e por consequência não destruí emprego’ [1]. O presidente também confirmou que o Brasil sediará a Copa América, apesar do país estar enfrentando um momento crítico da pandemia, e disse que ‘no que depender de mim, todos os ministros, inclusive o da Saúde, já está acertado, haverá – Copa América no Brasil -‘ [veja aqui] [2]. Em outra conversa com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada, o presidente celebrou o crescimento do PIB brasileiro no primeiro semestre e disse que ‘lamenta as mortes, mas, apesar de tudo, o Brasil está indo bem’ [3]; embora o PIB tenha aumentado, o Brasil tem 14,8 milhões de desempregados [4], 61,1 mi de brasileiros estão vivendo na pobreza e 19,3 mi na extrema pobreza [5]. Também em 01/06, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou que o presidente Bolsonaro respondesse dentro de 5 dias a acusação do PSDB de que ele está intencionalmente promovendo aglomerações sem o uso de máscara [6]. Em 02/06, durante seu pronunciamento na rede nacional de TV e rádio, Bolsonaro declarou que ‘neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados’, entretanto ele mais uma vez criticou o isolamento social [7]. Em sua live semanal, no dia 03/06, Bolsonaro exaltou novamente o uso de medicamentos, comprovadamente ineficientes, contra a covid-19; o presidente comentou ter tomado a cloroquina -sem citar o nome do remédio a fim de não ter sua live derrubada- e afirmou que ‘quase 200 pessoas lá da Presidência que foram contaminadas, quase todo mundo tomou aquele remédio’ e que milhares de pessoas poderiam estar vivas se ‘se o outro lado não politizasse isso – a hidroxicloroquina -‘ [8]. Em 06/06, apuração jornalística mostrou que 90% dos gastos com viagens do presidente Bolsonaro foram utilizados em viagens onde ocorreram aglomerações, desrespeitando as recomendações médicas e sanitárias [9]. Entre 01/06 e 06/06, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de mais de 16,5 milhões [10] para quase 17 milhões de casos [11] e as mortes atingiram o patamar de 473,5 mil pessoas [12], de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa.
Leia as reportagens sobre as aglomerações promovidas pelo Bolsonaro, a negligência no uso da máscara e o seu grande incentivo a utilização da Cloroquina contra a covid-19.