Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é nomeado para cargo de secretário de Estudos Estratégicos, pasta ligada ao presidente da República [1]. Entre as funções do novo ofício, estão a elaboração e desenvolvimento de políticas nacionais a logo prazo [2]. Em 23/03, Pazuello havia sido exonerado do cargo de ministro da Saúde, após pressões de congressistas e militares [veja aqui]. O general da ativa é um dos principais investigados da CPI da covid-19, já que esteve no comando do ministério da Saúde durante o pior período da pandemia no Brasil [3]. Enquanto esteve à frente da pasta, Pazuelo foi duramente criticado pela elaboração morosa do plano de vacinação [veja aqui], a resposta negligente ao problema da falta de oxigênio no estado do Amazonas [veja aqui] e o apoio intenso ao ‘tratamento precoce’ [veja aqui]. No dia 19/05, o ex-ministro prestou depoimento à CPI da covid-19 e afirmou que não indicou o uso da cloroquina no tratamento da doença, apenas defendeu a liberdade dos médicos [veja aqui]. O general da ativa também declarou que a falta do oxigênio no Amazonas foi culpa do governo local e da fornecedora [4]. De acordo com apuração da imprensa, Pazuello mentiu ao menos 14 vezes durante a oitiva [5]. Em 23/05, o ex-ministro, juntamente com Bolsonaro, participou ativamente de aglomeração com centenas de motoqueiros no Rio de Janeiro [veja aqui]. A participação do general em manifestação política representa transgressão das leis militares [6] e gerou insatisfação entre os integrantes da cúpula do Exército [7]. Em 24/05, o Exército instaura processo administrativo contra o general da ativa [8], mas ele é arquivado em 06/06 [9], o que gera críticas entre militares e congressistas [10] [veja aqui] [11]. Em reação, Bolsonaro impede que o Ministério da Defesa e as Forças Armadas (FAs) soltem nota sobre o assunto [veja aqui] e age contra a punição do ex-ministro [12]. O alto comando do Exército pressiona Pazuelo a ir para reserva, mas o general teme pressão da CPI [13]. O ex-ministro acirra embates entre Forças Armadas e governo Bolsonaro, que teve ápice após a saída dos três comandantes das FAs e do ex-ministro da Defesa, por se negarem a politizar a instituição [veja aqui]. A indicação de Pazuello a um cargo no Planalto em meio as pressões da CPI e crises institucionais, gera indignação ao alto Comando do Exército [14].
Leia sobre como a não punição de Pazuello é um ataque a democracia brasileira e como o ex-ministro pressiona a crise entre a ala governista e os militares. Entenda os imbróglios entre as FAs e Bolsonaro e ouça sobre o novo cargo de Pazuello no Planalto.