A polícia militar do Amazonas (AM) é responsável pela morte violenta de pelo menos 7 jovens negros ou com ascendência indígena na cidade de Tabatinga, fronteira com a Colômbia [1]. As mortes ocorrem horas após um sargento Michael Flores, 36 anos, ser assassinado na região portuária da cidade [2]. Os rapazes Bruno Aguela, 17 anos, Antonio Rengifo Vargas, 20 anos, Clisma Ferreira, 17, Gabriel Pereira Rodrigues, 18, Manoel Braz, 27 anos, são encontrados com sinais de tortura, e outros dois rapazes permanecem desaparecidos [3]. A ação ilegal ainda conta com invasões a domicílio, abordagens truculentas com ameaças aos familiares dos jovens, imposição da lei do silêncio e adulteração de atestado de óbito [4]. Em uma das invasões, os familiares relatam que os policiais anunciaram ‘Agora é a lei do Bolsonaro: bandido bom é bandido morto‘ [5]. Um dos jovens é visto dentro de uma viatura e em seguida é encontrado morto no lixão da cidade, com sinais de violência sexual e tortura [6]. Outros PMs agem à paisana para evitar identificação [7]. Os corpos, com laudos adulterados, são enterrados todos no mesmo dia em razão das ameaças; apenas a família de uma das vítimas realiza um velório [8]. Essa ação truculenta tem efeitos para além da fronteira, onde integrantes Rondas Ostensivas Cândido Mariano (ROCAM) são denunciados à Polícia Nacional da Colômbia, por ameaçar cidadãos colombianos [9]. Em razão disso, o consulado colombiano orienta os familiares a não procurarem pela a polícia brasileira [10]. Autoridades colombianas informaram que foram registrados 59 assassinatos em Tabatinga desde o início do ano, sendo a terceira chacina imputada à PM durante o governo de Wilson Lima (PSC), ex-apresentador de programa policial que se elegeu com discurso aliado a Bolsonaro [11]. A morte dos rapazes pelas mãos da polícia ocorre no momento em que a letalidade policial tem apresentado índices muito altos Brasil [veja aqui], mesmo durante o isolamento social decorrente da pandemia [veja aqui]
Leia análise sobre as chacinas no pais como uma resposta a morte de policiais.