A Agência Nacional do Cinema (Ancine) indefere o projeto do filme ‘O presidente improvável’ que conta a história do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, contrariando parecer favorável emanado em 2018 pela instituição [1]. A decisão, assinada por dois diretores da entidade, considera que o longa ‘dá margem a inegável promoção da imagem pessoal do ex-presidente […] com notório aproveitamento político, às custas dos cofres públicos’ [2]. O documento menciona entrevista de Cardoso à Rede Globo em que foram exibidos trechos inéditos do filme, nos quais fala sobre aspectos do governo Bolsonaro com personalidades do cenário político e intelectual [3]. Ainda, a instituição afirma que a decisão teve como fundamento um parecer da Advocacia Geral da União [4]. Cardoso afirma que o caso se trata de uma ‘discriminação política’, uma vez que, com 90 anos, não tem ‘qualquer objetivo político’ [5]. A produtora Giros Filmes declara que a decisão é um ‘ataque à liberdade artística e de expressão’ e que o filme busca a ‘discussão histórica e social sobre a construção da democracia brasileira’ [6]. Conforme a sinopse apresentada à Ancine em 2018, o documentário ‘procura transcender o papel de obra biográfica’ e disponibilizar ferramentas para que o espectador possa ‘se situar dentro do atual cenário de ‘crise existencial’ da democracia brasileira’ [7]. Associação de servidores da agência declara que o indeferimento do filme é ‘indevido’ [8] e associação de cineastas envia nota à Ancine e à Secretaria Especial da Cultura para que a decisão seja anulada [9]. A decisão é posteriormente ratificada pela diretoria colegiada da Ancine [10]. Em outros momentos, a Secom criticou cineasta indicada ao Oscar por documentário ‘Democracia em Vertigem’ [veja aqui] e a Justiça determina a retirada de painéis da exposição ‘Democracia em Disputa’ com fotos de momentos históricos do país [veja aqui].