Ministro da Educação, Milton Ribeiro, mente na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados ao negar que não havia planejado criar comissão de revisão ideológica das questões do Enem [1]. A declaração do ministro contradiz os registros processuais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nº 23036.003596/2021-21 e nº 23036.003658/2021-02 [2] e, conforme apuração da imprensa que teve acesso aos registros, a minuta da portaria falava em ‘não permitir questões subjetivas’ [3]. Em 02/06, o Ministro afirma querer o Enem 2021 ‘com perguntas mais técnicas e menos ideológicas’, [4] e diz ainda que pretende analisar pessoalmente as questões para evitar ‘cunho ideológico’ [5]. Em 07/06, quatro ex-presidentes do Inep condenam o plano de Ribeiro, de interferir ideologicamente nas provas do Enem [6]. Em 09/06, o ministro recua e declara que não irá mais checar pessoalmente as questões [7]. O plano de criar uma comissão ideológica surge após esse recuo do ministro [8]. Servidores anônimos do Ministério da Educação (MEC) disseram estar apreensivos com a indicação dos membros do tribunal ideológico [9]. A Defensoria Pública da União de São Paulo envia ao Inep, em 21/06, recomendação contra a criação do ‘tribunal ideológico’, afirmando que não seria ‘razoável’ a interferência política do poder Executivo em detrimento dos especialistas, na elaboração do Enem [10]. Em 18/06, a liderança do PSOL, na Câmara dos Deputados, solicita ao Ministério Público Federal que investigue o plano de criação do ‘tribunal ideológico’ [11]. Em 03/08 o Ministério Público Federal (MPF) pediu esclarecimentos ao governo de Jair Bolsonaro sobre os planos do MEC em criar o ‘tribunal ideológico’ [12]. O Enem de 2021 sofreu risco de não ocorrer por falta de recursos [veja aqui]. Em 05/03/21, o Ministro da Educação nomeou coronel aviador sem experiência em educação para diretoria importante do Inep [veja aqui].