A Fundação Palmares abre concurso com prêmio de 20 mil reais para a reformulação do logo da instituição sem o machado de Xangô, instrumento que possui dois gumes, representando uma justiça responsiva, e que pertence ao orixá cultuado por religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé [1] [2]. Conforme o edital, o novo símbolo deve remeter ‘exclusivamente à nação brasileira’ [3] e seguir ‘preceito constitucional da laicidade do Estado e ainda a grande diversidade existente no país’ [4]. Em maio, o presidente da entidade, Sérgio Camargo, afirmou que o logo sempre o desagradou e que acreditava que representava uma ‘palmeira estilizada’ [5]. Após a divulgação do edital, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Intolerância Religiosa da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) convoca Sergio Camargo para dar explicações [6]. O deputado estadual Átila Nunes (MDB-RJ) aciona o Ministério Público federal para que o caso seja apurado e afirma que a Fundação Palmares é uma ‘instituição representativa negra’ e que ‘não há justificativa válida para que sua marca não possa representar elementos da cultura afro-brasileira’ [7]. Pesquisadora afirma que a retirada do logo caracteriza-se como ‘racismo religioso’ [8]. Em outros momentos, Camargo ironizou Zumbi dos Palmares, símbolo do movimento negro [veja aqui], determinou a retirada de nomes da lista de personalidades negras da Fundação [veja aqui], criticou o filme dirigido por Lázaro Ramos que trata de uma ficção distópica racial [veja aqui] e apoiou relatório da instituição que anunciava a retirada de 54% do acervo da biblioteca por suposto desvio de finalidade das obras [veja aqui].
Leia mais sobre a remoção do machado de Xangô e sua relação com a laicidade do Estado.