Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirma que ‘universidade deveria ser para poucos’ [1]. A fala ocorre durante entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil [2]. Sua declaração é semelhante a emitida por Ricardo Vélez, primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro, que defendia que as universidades deveriam ‘ficar reservadas para uma elite intelectual’ [3]. Na entrevista, o atual ministro da Educação diz que há muitos engenheiros e advogados que acabam trabalhando como motoristas de Uber, pela falta de espaço no mercado de trabalho, [4] mas que há muita demanda por trabalhos técnicos no país e que ‘se fosse um técnico em informática estaria empregado’ [5]. Para o ministro, os institutos federais de educação, ciência e tecnologia serão as ‘vedetes do futuro’, [6] e que em países como a Alemanha poucas pessoas fazem universidade [7]. Na ocasião, Ribeiro ainda afirma não ver problema em ‘filhinhos de papai’ ocuparem vagas nas universidades públicas, pois, segundo ele, são os pais desses jovens com melhores condições que ‘pagam impostos no Brasil’ e ‘sustentam bem ou mal a universidade pública’ [8]. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) se manifesta rebatendo a fala do ministro explicando que tal situação não é culpa das universidades, ou do(a)s estudantes recém-formado(a)s, mas tem como causa a grande crise do capitalismo que desacelerou a economia e empobreceu a população, se aprofundando ainda mais no período da pandemia, e ‘com as políticas ultraneoliberais adotadas pelo governo Bolsonaro-Mourão, que deixaram mais de 14,7 milhões de trabalhadores(as) desempregados(as) no país’ [9]. A Coalizão Negra por Diretos também emite nota repudiando as declarações do Ministro pela demonstração de desprezo em relação à democratização do ensino superior público, ‘sua fala reafirma o caráter retrógrado, elitista e supressor de direitos que caracteriza o atual governo’ [10]. Vale lembrar que Ribeiro já afirmou que o Ministério da Educação não tem papel de reduzir desigualdades educacionais [veja aqui], bem como relembrar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a concessão de bolsas no ensino superior às classes mais baixas [veja aqui]. As universidades públicas têm enfrentado ataques quanto à autonomia universitária [veja aqui] e cortes em orçamentos de pesquisa [veja aqui] [veja aqui]. Além disso, o ministro já deu declarações de cunho discriminatório em relação aos estudantes de universidades públicas [veja aqui], além de ter postergado a investigação da Polícia Federal para apurar fraude no Enade 2019 [veja aqui].
Saiba mais sobre a importância de acesso ao ensino superior.