Pesquisa divulgada nesta data revela que 30% dos policiais militares (PMs) de diversos estados pretendem ir aos protestos de 07/09 [1] – convocados pelo presidente da República em seu apoio e contrário aos demais poderes [veja aqui] – a despeito da proibição da participação de agentes da ativa em atos políticos [2]. O levantamento mostra ainda que 34% dos PMs ouvidos são favoráveis à instalação de uma ditadura no Brasil [3]. A expectativa da presença de PMs nas manifestações de 07/09 alerta os demais poderes da República [4], governadores [5] [6] e especialistas [7] para possível violência nos protestos, o que é fomentado por declarações do presidente [veja aqui]. Outra pesquisa divulgada em 02/09, mostra que 27% dos PMs do país interagiram com perfis de redes sociais declaradamente militantes do presidente Jair Bolsonaro [8]. Há registros, inclusive, de PMs convocando apoiadores pelas redes sociais, tais como o coronel da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), Aleksander Lacerda [veja aqui], além do ex-comandante das Rondas Ostensivas (Rota) da PM-SP, Tobias de Aguiar, e do coronel da reserva e diretor do Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, Ricardo Augusto Araújo [9] [veja aqui]. PMs também apresentaram habeas corpus para participarem, sem punição, das manifestações em apoio ao presidente, o que foi rejeitado pelo Superior Tribunal de Justiça em 03/09 [10]. Em nota, o grupo de juristas Prerrogativas afirma que ‘surgem agora sinais de que o presidente da República está engajado em fomentar a sublevação de oficiais das polícias militares em favor de seus delírios golpistas’; e Membros do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Sou da Paz defendem que manifestações de cunho político-partidários, vedadas na PM, devem ser punidas para conter politização das corporações nos estados [11]. Durante seu governo, Bolsonaro busca se aproximar das PMs através de medidas como a extinção da pena de prisão disciplinar para as PMs [veja aqui], bem como da promessa de benesses como isenção de imposto na compra de automóveis, crédito imobiliário com condições diferenciadas e uma nova lei orgânica para a categoria, a qual propõe reduzir a gestão dos governadores sobre as PMs [veja aqui]. Vale lembrar ainda que a compra de armas pessoais por PMs no 1º semestre de 2021 representou mais que o dobro de todo o ano de 2020 [12] e que PMs já reprimiram violentamente protestos pacíficos contra o presidente Jair Bolsonaro realizado em Pernambuco [veja aqui] e em Goiás [veja aqui].
Leia entrevista e ouça episódio de podcast sobre as tentativas de insurgência nas PMs e as medidas dos estados para evitá-las.