Governo Bolsonaro publica revisão do Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) sem incluir o monitoramento das mortes causadas por policiais [1]. O Plano estipula metas de redução de crimes e de mortes para os próximos dez anos [2]. Segundo o Ministério da Justiça, as mortes decorrentes de intervenção policial serão somadas aos homicídios, mas não terão uma classificação à parte [3]. O documento também deixa de adotar a classificação de feminicídio e trata como ‘mortes violentas de mulheres’ [4]. Diante da omissão, o PSB contesta no Supremo Tribunal Federal (STF) o PNSP [5], pois seria uma ‘ação deliberada para invibilizar’ ‘grandes problemas da segurança pública no Brasil que recaem sobre grupos vulneráveis – as mulheres e a juventude negra e periférica – e que têm se agravado ultimamente’ [6]. Relatório aponta que as ações do governo na segurança pública em 2020 dificultaram os avanços na área [veja aqui], citando aumento no número de homicídios [veja aqui]. Bolsonaro já elogiou a violência policial [veja aqui], como na chacina de Jacarezinho [veja aqui], comparou ‘bandidos’ a baratas e defendeu uma ‘retaguarda jurídica’ para policiais [veja aqui], elogiou policial que mata em serviço [veja aqui], defendeu a excludente de ilicitude para policiais e militares [veja aqui] [veja aqui] e apoiou o pacote anticrime que reitera a legitimação do uso excessivo da força por policiais [veja aqui] [veja aqui]. Além disso, o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos retirou dados sobre a violência policial registrados pelo Disque 100 do ano de 2019 [veja aqui]. Nos últimos anos, há o crescimento da violência policial e de mortes causadas por agentes da segurança pública [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2019, o Brasil atingiu o patamar mais alto desde 2013, quando o número passou a ser monitorado, totalizando 6.357 mortes [veja aqui].
Governo federal edita decreto de medidas voltadas à proteção do meio ambiente, mas é acusado de oportunismo [1]. O pacote é lançado dias antes da COP26, principal evento para debater mudanças climáticas da ONU, onde 200 países deverão apresentar seus planos de corte de emissões até 2030 [2]. Dentre as propostas, está o decreto que regulamenta a Cédula de Produto Rural (CPR) Verde, título que permite ao investidor privado remunerar o produtor pela preservação ambiental da propriedade segundo critérios firmados entre eles [3]. Na visão do governo, o instrumento pode atrair investidores interessados em alocar recursos para a preservação do meio ambiente [4]. Porém, conforme ambientalistas, a iniciativa é insuficiente e encobre a postura anti ambiental do governo [5]. Vale lembrar que o Fundo Amazônia, um dos principais mecanismos de financiamento internacional para ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, foi paralisado após inúmeros ataques do então ministro do meio ambiente Ricardo Salles [veja aqui]. Além disso, transitam projetos de lei no Congresso Nacional que visam à flexibilização do licenciamento ambiental [veja aqui] [veja aqui] e a permissão de atividades exploratórias em terras indígenas; as queimadas e desmatamento da Amazônia estão escalonando [veja aqui]; e houve uma grande redução no orçamento de 2021 para o meio ambiente [veja aqui].
Leia sobre a COP26 e as expectativas em torno do evento
Bolsonaro ironiza os opositores à pauta armamentista do seu governo, ao afirmar que quando houver invasão na casa dessas pessoas, que eles deem ‘tiros de feijão’ nos infratores, durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada [1]. A afirmação de Bolsonaro faz referência a uma outra declaração sua dada em agosto desse ano, onde ele afirmou que toda a população deveria comprar fuzil e que as pessoas que defendiam a prioridade em comprar feijão ao invés de comprar armas eram ‘idiotas’ [veja aqui]. Vale ressaltar que essas declarações de Bolsonaro que tornam a política armamentista uma prioridade em detrimento do acesso à comida pela população, ocorrem em meio ao avanço da insegurança alimentar no país [2]. Essas declarações do presidente que colocam a compra de arma como prioridade Ainda durante a conversa, Bolsonaro afirma que Lula disse que iria desarmar a população e que locais com mais armas têm menos casos de violência [3]. Entretanto, estudos indicam o contrário ao apontar que o crescimento na circulação de armas está indiretamente ligado ao aumento da quantidade de armas disponíveis em mercados paralelos, o que também representa violência para a sociedade [4]. Para exemplificar a afirmação de que a violência é indiretamente proporcional ao aumento do porte de armas, Bolsonaro cita o estado de Santa Catarina e declara que o estado tem o ‘menor percentual de mortos por 1 milhão de habitante e é o mais armado’ [5], mas os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) expõem que todas as unidades da federação tiveram alta no número de homicídios dolosos e no número de registros de posse de armas em 2019 e 2020 [6]. Além disso, a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz declara que na segurança pública os acontecimentos não são causados por uma única razão, dessa forma não é tão simples afirmar que um estado teve diminuição na criminalidade em decorrência de uma maior circulação de armas [7]. No dia anterior à declaração, Bolsonaro posou para fotos ao lado de uma criança empunhando uma arma de brinquedo, em um evento na capital de Minas Gerais [8]. A pauta armamentista é uma das principais agendas apoiadas por Bolsonaro e vem sofrendo inúmeras flexibilizações; Em 2019 e 2020, Bolsonaro ampliou a permissão de armazenamento de armas na zona rural [veja aqui] [veja aqui], editou decretos que facilitavam a política armamentista [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e ampliavam o acesso à munições e armamentos pela população [veja aqui]. Esse ano, o Exército reduziu o orçamento para fiscalização e rastreamento de armas [veja aqui] e Bolsonaro baixou quatro decretos que facilitavam ainda mais o acesso a armas e munições por parte da população, posteriormente a ministra do STF Rosa Weber suspendeu diversos pontos desses decretos [veja aqui].
Leia sobre a trajetória da política armamentista no Brasil e entenda as consequências geradas pelas inúmeras flexibilizações ao acesso de armas promovidas por Bolsonaro.
Brasil tem queda em rankings que medem a qualidade da democracia e da capacidade de combate à corrupção e à violência, segundo levantamento da imprensa desta data [1]. No ‘Índice de Democracia’, elaborado pelo grupo The Economist, o país, que ocupava a 47ª posição do ranking em 2010, passou ao 49º lugar em 2020 [2]. O índice considera as seguintes categorias: processo eleitoral e pluralismo; funcionamento do governo; participação política; cultura política e liberdades civis [3]. De acordo com especialista ligado à pesquisa, a queda está relacionada a escândalos de corrupção, os quais ele associa a ‘uma desilusão perigosa para o processo político, abrindo espaço para um ‘outsider’ como Bolsonaro’ [4]. Também foi registrada queda no ranking de capacidade de combate à corrupção, elaborado pela Transparência Internacional [5]. Neste ranking, feito com base na opinião de representantes do setor privado e analistas, o Brasil deixou a 72ª posição, registrada em 2007, passando a ocupar o 94º lugar em 2020 [6]. O relatório da instituição afirma que o país enfrenta ‘sérios retrocessos no combate à corrupção’ [7]. Vale lembrar que, em 06/2020, a mesma queda foi registra no Índice de Capacidade de Combate à Corrupção (CCC), produzido pela Americas Society/Council of the Americas e a Control Risks [veja aqui]. O levantamento da imprensa também aponta queda na avaliação brasileira no Índice de Paz Global, elaborado pelo Institute for Economics and Peace [8]. Neste ranking, que mede aspectos ligados à segurança no país, o Brasil passou da 97ª colocação, registrada em 2008, ao 128º lugar, em 2021 [9]. Há registros, ainda, de queda em rankings ligados a aspectos econômicos, tais como liberdade e complexidade econômicas, produtividade do trabalhador e renda per capita [10]. Em 10/2020, o Brasil teve recuo na percepção da liberdade de expressão e passou a ocupar 94ª posição em ranking mundial [veja aqui].
Leia relatórios que apontam queda do Brasil em rankings de qualidade da democracia (em inglês) e da capacidade de combate à corrupção e à violência.
O Governo Bolsonaro ignora o alerta de risco de incêndio e desabamento da estrutura do Centro Técnico Audiovisual (CTAv); o aviso sobre a necessidade de isolar imediatamente o local foi feito pela Secretaria do órgão em agosto deste ano [1]. O CTAv tem um acervo com fotos, documentos e mais de seis mil títulos do cinema nacional [2]. O laudo técnico indica o risco iminente de incêndio e desabamento da sede no Rio de Janeiro ao apontar a ‘precariedade das instalações elétricas’, a ausência de sistema de incêndio e o ‘desaprumo de telhas na fachada frontal’ do local, o documento foi encaminhado ao Ministério do Turismo [3]. Funcionário da sede do CTAv afirma que o teto do local está cheio de ratos e que a situação é muito precária [4]. Além disso, funcionarios também declaram que a nomeação da cirurgiã-dentista Edianne Abreu para a coordenação-geral do CTAv [veja aqui] instaurou um ‘caos geral’ no órgão, atualmente Edianne não ocupa mais o cargo [5]. A precariedade do CTAv e a omissão do governo em socorrer o patrimônio cultural e histórico brasileiro, remetem aos tristes episódios de incêndio do Museu da Língua Portuguesa em 2015 [6], do Museu Nacional em 2018 [7] e da Cinemateca em 2021 [veja aqui]. Vale ressaltar que o Centro de Documentação e Pesquisa da Funarte no Rio de Janeiro foi interditado esse ano após risco de desabamento e incêndio, segundo informações da imprensa [8]. Desde a eleição de Bolsonaro, a cultura brasileira vem sofrendo intervenções e escamoteamentos; em 2019 houve a retirada de filme de festivais internacionais a pedido da Agência Nacional de Cinema (Ancine)[veja aqui] e o cancelamento de produções cinematográficas por falta de recursos do governo [veja aqui]. Em 2020, houve a nomeação de um capitão de mar e guerra para ocupar cargo comissionado da Ancine [veja aqui] e a nomeação de uma amiga de Bolsonaro para a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) [veja aqui]. Em 2021, o governo não lança edital para novo mandato da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic) [veja aqui] e atrasa o tempo para publicação de projetos através da Lei de Incentivo à Cultura [veja aqui].
Leia sobre as graves consequências causadas pelo descaso brasileira com os acervos culturais brasileiros.
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, é denunciado na Justiça Federal por violações jurídicas e administrativas [1]. A Ação Civil Pública foi elaborada pela Articulação dos Povos Indígenas (APIB) e pela Defensoria Pública da União (DPU) e pede a saída de Xavier do órgão [2]. De acordo com a APIB, a atual gestão da Funai pratica ‘uma política indigenista totalmente voltada contra os povos indígenas’ [3]. Dentre alguns exemplos, a APIB demonstra que a Funai foi responsável por retardar processos de demarcação de Terras Indígenas que já estavam em andamento [4] [veja aqui] [veja aqui]. Em atuação articulada com o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, pelo menos 27 processos de demarcação que já estavam em seus trâmites finais foram devolvidos pela pasta à autarquia para uma nova análise [5]. Além disso, a APIB cita o atraso da Funai em apresentar um plano de ação visando a proteção dos povos indígenas durante a pandemia [veja aqui] e a intimação de lideranças indígenas para depor após acusação de difamação do governo federal feita pela Funai [veja aqui]. Vale lembrar que Xavier está à frente do órgão indigenista desde 2019 e sua nomeação agradou o setor ruralista . Em setembro de 2021, foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa, ao desobedecer acordo judicial referente à demarcação de terra indígena [veja aqui]. Além disso, o próprio presidente Jair Bolsonaro já se disse contra demarcações de terras repetidas vezes [veja aqui] [veja aqui].
Confira a linha do tempo produzida pela APIB sobre a atuação de Marcelo Xavier e as falhas da sua gestão.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que, embora respeite as minorias, ‘as leis são para que elas se mantenham na linha’ [1]. Na fala, ele também associa seus apoiadores a ‘pessoas do bem’, dando a entender que eventuais opositores não o sejam e que estejam fora ‘da linha’ [2]. Este discurso de uso da lei para controle, subjugação e até extermínio das minorias em face de uma maioria, repete a retórica utilizada durante a campanha presidencial, quando Bolsonaro defendeu que ‘as minorias têm que se curvar para as maiorias’ e que ‘as minorias ou se adequam ou simplesmente desaparecem’, dentre outras afirmações nesse sentido [3]. Durante seu mandato, o presidente tem cometido ataques formais e informais ao pluralismo e às minorais, tais como às mulheres e à população LGBTQIA+ [4], aos negros [5] e aos povos indígenas [6]. Vale notar que a fala de Bolsonaro – que também ressaltou respeitar os militares e a Constituição e defender a ‘família tradicional’ – ocorre durante evento voltado a evangélicos e é interpretada pela imprensa como um aceno no sentido de mobilizar apoiadores ao reafirmar compromissos com pautas conservadoras [7].
Leia análise sobre o uso da dicotomia maioria e minoria por Bolsonaro e sua relação com o panorama democrático no Brasil.
Por meio de portaria [1] assinada pelo secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, a Secretaria Especial de Cultura dispensa 174 pareceristas responsáveis pela análise preliminar de projetos que buscam incentivos via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) [2]. Segundo o órgão, os pareceristas, selecionados por edital em 2018, foram descredenciados após ‘esgotadas as tentativas de contato formal’ para as quais não houve resposta, ensejando a dispensa conforme previsto no edital, e têm 5 dias para apresentar defesa da decisão [3]. Pareceristas afirmam que não foram contatados pela Secretaria ou pelas entidades a que são vinculados, como a Funarte [4]. De acordo com Ravel Andrade, há ‘dificuldade imensa’ de se comunicar com a entidade desde 2017, que não responde e-mails ou ligações, e que desde 2014 só recebeu quatro demandas de análise [5]. Alexandra Lima afirma que desde 2015 não recebe pedidos de pareceres e José Luís Freitas diz que teve seu acesso ao Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultural (Salic) bloqueado há 40 dias e que o relacionamento da Secretaria com os pareceristas é muito desorganizado [6]. Os três pareceristas afirmam que fazem postagens contra o presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais [7]. Diretora do Departamento de fomento indireto da Secretaria declara que ‘o grupo de pareceristas que está sendo descredenciado é um grupo que não respondia aos chamados e, portanto, estava prejudicando o setor’ e que será realizado novo chamamento em breve para substituí-los [8]. Nas redes sociais, Porciúncula diz que o governo trabalha com ‘produtividade e eficiência’ [9]. Vale lembrar que, em 2021, há lentidão na análise de projetos via LIC [veja aqui], a Funarte emitiu parecer desfavorável a festival de jazz por questões políticas e religiosas [veja aqui] e o governo federal não renova edital de comissão que faz a aprovação final de propostas da LIC [veja aqui].
Leia a análise sobre a dispensa de pareceristas em meio ao desmonte no setor cultural.
O presidente da República Jair Bolsonaro veta distribuição gratuita de absorvente à mulheres de baixa renda [1]. A medida constava no Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, aprovado no Congresso em setembro deste ano, porém todos os artigos que previam a disponibilização gratuita do produto de higiene, o principal foco do programa , foram vetados pelo presidente [2]. Sem a distribuição de absorventes o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, perde seu principal foco que é combater de forma efetiva a pobreza menstrual e passa a ser uma campanha informativa sobre a saúde da mulher. Bolsonaro alega que o veto se deu em virtude de falta de verbas do governo federal para custear os absorventes e diz ‘eu não tenho alternativa, sou obrigado a vetar’ [3]. Segundo apuração da imprensa, Os ministérios da Economia, da Educação e da Saúde sugeriram o veto ao presidente – as pastas afirmaram que os absorventes não fazem parte dos insumos padronizados do SUS e a definição das beneficiárias da medida ‘não se adequaria ao princípio da universalidade, da integralidade e da equidade’ do sistema [4]. Um relatório lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em maio deste ano mostrou que cerca de 713 mil meninas brasileiras vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas [5]. Em resposta ao veto presidencial, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), e uma das autoras do projeto, diz que o veto será derrubado pelo Congresso [6]. Entidades da sociedade civil consideram o veto presidencial um retrocesso, pois, milhões de mulheres em situação de vulnerabilidade social não têm acesso ao item básico de higiene e afirmam que assegurar a saúde e a dignidade da população é dever do governo [7]. Vale lembrar que em junho deste ano ao ser convocado para participar de fórum da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desigualdade de gênero, Governo Federal demonstrou desinteresse [veja aqui]. Em 22/07/2021, Bolsonaro propôs o dia nacional do nascituro em projeto de lei juntamente com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves [veja aqui].
Leia sobre a pobreza menstrual no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro edita decreto que altera as regras para a utilização, importação e exportação de agrotóxicos no país [1]. O texto permite que pesticidas que causam doenças como câncer possam ser liberados no país caso exista um ‘limite seguro de exposição’ e estipula um prazo de até três anos para a análise sobre a segurança dos defensivos agrícolas [2] [3]. De acordo com a lei anterior, o prazo para a autorização de novos agrotóxicos era de 120 dias [4]. Na prática, a liberação ocorre após cerca de seis anos [5]. O decreto prevê maior rapidez para a aprovação do registro de defensivos agrícolas e regras para a priorização de novos registros [6]. Segundo o governo, o objetivo é aumentar a concorrência no mercado de agrotóxicos [7]. Ambientalistas criticam a medida, argumentando que o decreto permite que sejam liberados produtos sem que sejam avaliados os reais danos à saúde [8]. O decreto ocorre enquanto o chamado ‘PL do Veneno’, projeto que pretende flexibilizar o uso de agrotóxicos no país, segue parado no Congresso Nacional [9]. O Brasil assiste, nos últimos anos, a um recorde de liberação de agrotóxicos [veja aqui]. De acordo com a ferramenta Robotox, desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, 1422 novos agrotóxicos foram aprovados [10]. Em 2020, a Anvisa liberou uso de agrotóxico associado a doença neurológica e morte de agricultores [veja aqui].
Leia as análises sobre o maior número de agrotóxicos registrado na história e por que seu consumo aumenta, dados os riscos à saúde.
O Arquivo Nacional não cumpre o edital da quarta edição do prêmio Memórias Reveladas de 2017, cujos trabalhos vencedores consistem em monografias com fontes documentais referentes ao período da ditadura militar de 1964 e que seriam publicados pela entidade, como apurado pela imprensa nesta data [1]. Os escritores Lucas Pedretti, Marco Pestana e Pedro Teixeirense denunciam a conduta do órgão afirmando que a omissão se coaduna com o contexto de ‘franco enfraquecimento e desmonte’ do prêmio [2]. O resultado final foi revelado em setembro de 2018 e, ao longo de 2019 e 2020, os autores foram contatados pelas áreas técnicas do Arquivo para acertar os detalhes da publicação [3]. Após meses sem comunicação por parte do órgão, em junho de 2021, os autores foram informados de que o atraso na publicação se dava em razão da dependência de contratações externas de serviços, como o de impressão [4]. Os escritores tentaram obter novas informações em julho e agosto, mas não foram respondidos, e ingressaram com um pedido via Lei de Acesso à Informação, porém os esclarecimentos foram insuficientes [5]. O Arquivo Nacional emite nota afirmando que ofertou aos artistas a publicação digital dos trabalhos, o que foi negado, e que há um procedimento de licitação para contratar a empresa especializada em impressão gráfica, no entanto, não fornece detalhes precisos sobre isso [6]. Os prêmios das três edições anteriores já foram publicados [7] e não houve novos editais [8]. Dias depois, a diretora-geral do Arquivo é exonerada e em seu lugar assume pessoa não qualificada para o cargo [veja aqui]. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que permite que o Arquivo Nacional elimine documentos sem autorização e já defendeu diversas vezes o golpe de 64 [9], a Caixa Cultural cancelou peça com temática da repressão e ditadura [veja aqui] e a Secretaria de Cultura vetou o plano de manutenção do Instituto Vladimir Herzog [veja aqui].
Ouça mais sobre o caso e leia as análises sobre o negacionismo do governo federal sobre o golpe de 1964 e a relação entre a gestão Bolsonaro e a ditadura militar.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, critica novamente o uso obrigatório de máscaras, durante evento no Piauí [1]. Queiroga declara que a narrativa da obrigatoriedade da máscara ‘tem que acabar’ e que o ‘nosso problema não é a máscara’ [2]. Além disso, o ministro justifica sua posição comparando o uso de máscaras ao uso de preservativos, dado que estes diminuem os riscos de contracepção de doenças sexualmente transmissíveis, mas não não há lei que obrigue o seu uso [3]. Horas depois, Queiroga volta a declarar sua contrariedade ao uso obrigatório de máscara ao afirmar que é ‘absolutamente contrário’ à exigência – o ministro foi o único a discursar sem máscara no evento [4]. As declarações de Queiroga ocorrem no mesmo dia que o Conselho Nacional de Secretária da Saúde (CONASS) edita nota em defesa da obrigatoriedade do uso de máscaras como ‘estratégia indispensável ao sucesso dos nossos esforços contra a pandemia’ [5]. No dia 05/10, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou o Boletim Observatório Covid-19, onde reafirmou a necessidade de manter o uso de máscara e os demais cuidados higiênicos, sob justificativa de que ‘o fim da pandemia não representará o fim da “convivência” com a Covid-19’ [6]. Especialistas alegam que o uso de máscaras é um agente redutor da propagação exponencial do vírus e uma das ‘melhores contribuições da sociedade para controlar a pandemia’ [7]. As falas de Queiroga contra a obrigatoriedade do uso de máscara se somam às outras declarações do ministro em oposição à obrigatoriedade da máscara; em junho de 2021, Queiroga afirmou que havia encomendado um estudo sobre a flexibilização do uso de máscaras, após pedido de Bolsonaro [veja aqui]. No mês de agosto, o ministro disse que a utilização da máscara é ‘um ato de conscientização’ e não deveria ser uma imposição [veja aqui].
Ouça o podcast sobre as tentativas de flexibilização do uso de máscara no país.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, nomeia o coronel da reserva do Exército, Aécio Galiza Magalhães, como novo coordenador de Fiscalização Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a despeito de Magalhães possuir qualificações técnicas necessárias ao cargo [1]. O militar vai coordenar o setor responsável pela fiscalização do Ibama em todo o país [2]. O cargo estava vago desde que outro militar, o tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo Ricardo José Borrelli, havia sido demitido em agosto [3].Com a nova nomeação, o ministro reforça a militarização dos cargos de comando do Ibama, do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do próprio Ministério do Meio Ambiente (MMA) [veja aqui] [4]. Antes de assumir a chefia da fiscalização ambiental do Ibama, Magalhães era coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade de Passo Fundo (RS) [5]. A presença militar na área ambiental também tem sido marcada por sucessivas operações de garantia da lei e da ordem (GLO) realizadas pelas Forças Armadas na região amazônica [veja aqui] [6]. Enquanto Ibama e ICMBio viram seus orçamentos minguarem nos últimos três anos, sem passarem por processos de ampliação do quadro de seus agentes ambientais, o governo fez constantes incursões na floresta com uso de milhares de militares [refs id= 1834].
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decide trocar sem justificativa o chefe da superintendência no Distrito Federal [1]. Este órgão do DF é responsável pelas investigações de inquéritos que envolvem diretamente a família Bolsonaro, seu entorno e apoiadores bolsonaristas [2]. A direção era ocupada por Hugo de Barros Correia, indicado ao cargo por outros delegados à cúpula da PF, que acolheu a sugestão [3]. O novo superintendente é Victor Cesar Carvalho dos Santos, 53, delegado do Rio de Janeiro que não possui experiência prévia em grandes investigações [4]. Ele chegou a ser investigado por ser sócio de empresas de segurança, mas as denúncias foram arquivadas [5]. Dias após a troca, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) aciona o Ministério Público Federal para investigar as circunstâncias para alteração, não justificada pelo governo [6]. Nos últimos meses, vários postos da PF têm sido trocados pelo novo diretor da instituição indicado pelo governo [7]. As mudanças ocorrem paralelamente ao crescente número de investigações envolvendo o governo federal e seu entorno [8]. Como exemplos, há os casos como o de fake news [veja aqui] [9] – que investiga a divulgação de notícias falsas pelo governo federal – , sobre organização criminosa nos atos antidemocráticos [veja aqui] [10] – que investiga os ataques às instituições por manifestantes apoiadores do governo – e ataque às urnas [veja aqui] [11] – que apura as afirmações de fraude nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral [12]. Destes, é válido lembrar que o ministro do STF Alexandre de Moraes, arquiva o inquérito dos atos antidemocráticos, a pedido da Procuradoria-Geral da República, mas abre outro para apurar a existência de uma organização criminosa digital antidemocrática [13]. Há ainda as investigações envolvendo os negócios de Jair Renan Bolsonaro, dono de empresa investigada que prestou serviços ao governo federal [14].
Saiba mais sobre as investigações na PF envolvendo o clã Bolsonaro.
O presidente da República Jair Bolsonaro é denunciado ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade devido ao desmatamento na Amazônia e suas consequências na vida e saúde de todo o mundo [1]. A denúncia, apresentada por uma ONG austríaca, alega que Bolsonaro e seu governo mantêm ‘um ataque sistemático à Amazônia, suas florestas e seus defensores’ [2]. Segundo a ONG, a situação não representa apenas um ataque contra a Amazônia, mas contra toda a humanidade [3]. Especialistas que auxiliaram na denúncia estimam que a gestão do presidente é responsável pela perda de cerca de 4.000 km² de Floresta Amazônica por ano [4], o que preveem que irá provocar aumento das temperaturas em todo o mundo, causando mais 180 mil mortes neste século [5]. A denúncia também afirma que o governo buscou ‘sistematicamente eliminar, mutilar e esvaziar de conteúdo as leis, organizações e indivíduos que protegiam a Amazônia’ [6]. Esta é a primeira denúncia ao TPI que relaciona o desmatamento com o impacto na saúde em escala global [7]. Bolsonaro já foi denunciado ao TPI, em 11/2019 e em 12/2020, por omitir-se no combate de crimes ambientais e por políticas predatórias contra indígenas [veja aqui][veja aqui]. O presidente também foi denunciado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 05/2021 [veja aqui], e à Organização das Nações Unidas (ONU), em 09/2021 [veja aqui], por desmantelar políticas socioambientais.
Leia mais sobre outras denúncias contra Bolsonaro feitas ao Tribunal Penal Internacional.
Prefeitura de São Paulo remove grafite do muro da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Santos Dumont após críticas do vereador Delegado Palumbo (MDB) por ter sido considerada desrespeitosa [1]. A pintura consiste em uma mulher envolta em um manto mostrando o dedo do meio com a inscrição ‘Nossa Senhora do Matriarcado’ e as frases ‘minha crista é minha coroa’ e ‘queremos nossos filhos vivos’ [2]. Nas redes sociais, o vereador pediu a retirada do grafite afirmando que não permitirá ‘desrespeito a nenhuma religião’ e que a imagem ‘não é arte’ e ameaça pintá-la caso a prefeitura não tome providências [3]. Ainda, de acordo com Palumbo, a pintura retrata Nossa Senhora Aparecida fazendo um ‘gesto obsceno’ e equipara a pintura a um crime [4]. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação declara que ‘a imagem foi removida e reafirma o seu respeito a todas as religiões’ [5]. A grafiteira Mãe Correria, autora da pintura, explica que a EMEI não tem relação com os grafites do muro, uma vez que a pintura estava lá desde 2019 como parte de um evento organizado pelo Centro Cultural Pompeia [6]. Além disso, a artista nega que a imagem seja de Nossa Senhora Aparecida, afirma que ‘é a Nossa Senhora do Matriarcado’ e que o rosto da figura é de sua avó [7]. Ela ressalta que há uma ‘conotação simbólica’ no uso do manto que remete à santa, mas que a imagem não fala sobre religião ‘e sim sobre o matriarcado’, e que a figura ‘representa a padroeira das mães correria e abençoa o matriarcado de quebrada’ [8]. Mãe Correria relata que Palumbo fez ameaças à escola, que o conselho da instituição fez uma reunião para discutir o tema que foi hackeada e que pais e moradores a apoiaram [9]. Com a autorização da artista, a escola desenha uma flor em cima do dedo da Nossa Senhora do Matriarcado, mas a Prefeitura cobre com tinta a pintura e é lavrado Boletim de Ocorrência contra a escola [10]. Coordenador-geral do Centro Cultural Pompeia afirma que ‘a manifestação artística tem que ser livre’ e que ‘a comunidade não se sentiu desrespeitada’ [11]. A grafiteira cria petição online para que as pessoas ‘se manifestem contra esse episódio de censura e de falta de diálogo’ [12] [13]. Em setembro de 2019, grafite com o rosto de Greta Thunberg foi apagado [14] e, em janeiro de 2021, pintura em mural foi alvo de investigação por caligrafia de pixo [veja aqui].
Leia mais sobre a Nossa Senhora do Matriarcado.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que antes de seu governo ‘somente os marginais e bandidos é que tinham arma de fogo’, durante evento no interior de São Paulo [1]. Ele declara que não pôde alterar as leis como queria, mas que alterou decretos e portarias ‘de modo que a arma de fogo passou a ser uma realidade entre nós’ [2]. Bolsonaro também defende que a liberdade é o ‘bem maior de uma nação’ e que ela é ‘mais importante que a própria vida’ [3]. Essas declarações de Bolsonaro são uma resposta direta às falas proferidas por um Arcebispo em Aparecida (SP), no dia 12/08, em que criticou a expansão da política armamentista no país ao afirmar que todos deveriam ajudar a construir uma pátria amada, não uma pátria armada [4]. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de armas em posse de civis mais que dobrou em relação aos dados de 2017 [5]. Especialistas alertam para a expansão armamentista no país como gerador indireto do aumento de armas em mercados paralelos [6]. A política armamentista é uma das principais agendas do governo Bolsonaro, que desde de sua eleição vem promovendo liberalizações quanto a posse e o porte de armas no país; em 2019 e 2020, o governo sancionou lei que ampliava o armazenamento de armas na área rural [veja aqui], editou decretos alargando a posse de armas [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e revogou portarias sobre rastreamento e identificação de armas e munições [veja aqui]. Até agosto de 2020, o governo já havia editado 23 normas que promoviam ampliações ao acesso a armas e munições [veja aqui] [veja aqui]. Esse ano, o Exército reduziu o orçamento para fiscalização e rastreamento de armas [veja aqui] e Bolsonaro editou mais decretos que facilitavam o acesso à armas [1542] e zeravam os imposto de importação de armas [veja aqui], ambas as matérias sofreram suspensões posteriores pelo Supremo Tribunal Federal [veja aqui] [veja aqui].
Leia sobre a trajetória da política armamentista no Brasil.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, declara que decidiu não tomar a vacina contra a covid-19 porque a imunização dele ‘está lá em cima’, durante entrevista [1]. Ele justifica sua posição ao dizer que está analisando novos estudos sobre a vacinação e que para ele ‘não teria cabimento’ [2]. Bolsonaro ainda compara a vacinação de pessoas que já contraíram a covid-19, ao fato de ‘jogar na loteria R$10 para ganhar R$2’ [3]. Anteriormente, Bolsonaro havia afirmado que iria decidir sobre a sua vacinação, apenas após o “ultimo brasileiro ser vacinado” [4]. Vale ressaltar que o presidente foi o único dos lideres do G20 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que não havia tomado o imunizante [5] [veja aqui]. Bolsonaro ao decidir não se vacinar sob argumento de que já está imune por ter contraído a infecção viral anteriormente, se opõe aos pareceres do Ministério da Saúde [6] e do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (EUA) [7], visto que eles orientam que todos devem se vacinar, mesmo aqueles que já tenham se infectado [8]. Especialistas alertam para os perigos da afirmação de que a imunização natural é mais benéfica e melhor do que a imunização causada pelas vacinas, porque os anticorpos gerados pela infecção viral variam de acordo com cada caso e porque uma grande parcela populacional é acometida por intercorrências e complicações que necessitam de hospitalizações e intubações [9]. Além disso, especialistas apontam para a segurança e padronização de resultados gerados pela imunização vacinal, dado que são frutos de estudos rigorosos e eficazes [10]. Segundo infectologista, a vacina reduz em 11 vezes o risco de possíveis internações e de óbito por covid-19 [11]. A recusa de Bolsonaro em se vacinar soma-se ao movimento reiterado do presidente em deslegitimar a imunização e descredibilizar a eficácia e a segurança das vacinas; desde o início da pandemia, Bolsonaro desautorizou a compra do imunizante da Coronavac [veja aqui], descartou a importância da vacinação [veja aqui] [veja aqui] e sugeriu que a vacina da Pfizer é perigosa [veja aqui]. O início da campanha vacinal no Brasil foi marcado por dificuldades na logística de distribuição dos imunizantes [veja aqui] e por escassez de vacinas [veja aqui] [veja aqui], além disso foi apurado que o governo Bolsonaro atrasou a compra dos imunizantes da Pfizer, diante das várias ofertas da farmacêutica ao país [veja aqui] [veja aqui].
Leia sobre como Bolsonaro atacou e descredibilizou vacinação no país e sobre como o avanço da imunização no Brasil atuou na diminuição de novas mortes por covid-19.
Duas crianças Yanomami morrem afogadas por ação do maquinário usado para garimpo no Rio Parima, em Roraima [1]. Segundo lideranças indígenas, a morte das crianças é mais um resultado trágico da exploração ilegal de minério no território indígena e reflete a negligência do governo Bolsonaro em retirar os garimpeiros do local [2]. Na região, onde vivem cerca de 27.000 indígenas, a luta contra o garimpo ilegal acontece desde a década de 1980 [3]. Porém, nos últimos anos, a atividade tem se intensificado junto com a violência e a degradação ambiental [4]. A falta de fiscalização pelo governo federal estimulou o garimpo na Terra Yanomami – impulsionados pela valorização do ouro no mercado internacional, mais de 20 mil garimpeiros atuam na região [5]. Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou ao governo federal a retirada dos invasores da área por conta do risco da atividade e da violência promovida contra as comunidades indígenas [6]. O governo Bolsonaro, entretanto, não vem cumprindo essa determinação [7]. Em maio, o povo Yanomami sofreu ataques de garimpeiros e não recebeu proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui]. Além disso, a violência contra os indígenas dobrou no primeiro ano do governo Bolsonaro, houveram 825 casos de mortalidade infantil decorrentes de ‘omissão do poder público’ [veja aqui] e em 08/02/21 o governo de Roraima autorizou o garimpo no estado com a utilização de mercúrio, metal altamente tóxico [veja aqui].
Leia entrevista com Dario Kopenawa, liderança e vice-presidente da associação Hutukara Yanomami, sobre a situação do garimpo na região.
O presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) rejeitou 86 Projetos de Decreto Legislativos (PDL) apresentados contra o governo Bolsonaro, segundo reportagem desta data [1]. O instrumento legislativo em questão, os PDLS, são propostas parlamentares com a finalidade de anular decretos e portarias baixados pelo Poder Executivo [2]. Entre 2019 e 2021, sob a presidência de Lira, houve 86 PDLs protocolados que foram recusados pelo parlamentar de maneira monocrática sem maiores justificativas [3]. O mesmo argumento usado para os arquivamentos em todas as recusas às PDLs foi o de “inconstitucionalidade insanável” nos pedidos [4]. Entretanto, as propostas apresentadas pelos deputados da casa legislativa – a maioria das bancadas de oposição e da minoria da Câmara – pedem a anulação de portarias que orientam sobre o uso de remédios ineficazes no “tratamento precoce” para covid-19 [veja aqui] [veja aqui], que alteram a política de demarcação de terras indígenas [veja aqui] e que avançam na privatização de empresas públicas [veja aqui][5]. Em reação a estes arquivamentos, os grupos políticos que protocolam este tipo de ação na Câmara (oposição e minoria), enviaram no início do mês um ofício a Lira, cobrando a revisão dos despachos e o devido andamento das propostas, segundo o regimento interno da Casa [6]. No ofício defendem o envio dos PDLs à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sendo esta a área competente para a análise de constitucionalidade dos projetos apresentados pelos deputados [7]. Posteriormente, deve o mérito ser apreciado no plenário da Câmara, defendem os deputados reclamantes [8]. Eles também se mostram dispostos, em caso de não receberem resposta de Artur Lira, a levar a questão às reuniões semanais de líderes e ao plenário, além de não descartarem o acionamento do STF para resolver a questão [9]. Nesse sentido, o risco político de judicialização da questão e consequente conflito entre poderes tornam-se componentes da crise [10]. Vale lembrar que Arthur Lira aprovou alterações no regimento interno da Câmara, o ‘kit obstrução’, com intuito de diminuir a força política de parlamentares de oposição ao governo [veja aqui][11]. Questionado, Lira não respondeu publicamente aos questionamentos [12][13][14].
Entenda como o presidente da Câmara, Arthur Lira, atua para proteger o governo Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro chama o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da covid, de ‘bandido’ [1]. O ataque acontece nesta data [2], após anúncio do relatório final produzido pela CPI, que está previsto para ser aprovado no dia 19/10 [3]. No documento são apontados 11 crimes cometidos pelo presidente durante a condução da pandemia, dentre eles homicídio, charlatanismo, prevaricação e crime de responsabilidade [veja aqui] [veja aqui]. Bolsonaro também critica o fato de que nenhum governador foi responsabilizado durante a pandemia causada pela covid 19: ‘Eu não vi nenhum chefe de Estado ser acusado de homicida no Brasil por causa da pandemia. E olha que eu dei dinheiro para todos eles’ [4]. Mesmo após o anúncio de indiciamento pela CPI, Bolsonaro manteve o mesmo discurso sobre a Covid-19, voltou a defender o uso de medicamentos ineficazes e criticou a exigência de passaporte vacinal que alguns Estados estão implantando [5].O Presidente vem defendendo remédios comprovadamente ineficazes desde o inicio da pandemia de covid19 [veja aqui]. O relatório final apresentado pelo senador Renan Calheiros é aprovado pela CPI nesta data por 7 votos a 1 [6].
Leia sobre os principais pontos do relatório que indicia o presidente Jair Bolsonaro por crimes cometidos durante a pandemia.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, veta o projeto de lei que propõe dá o nome do ex-presidente João Goulart a uma rodovia federal [1]. A proposta parlamentar tinha como intuito homenagear o ex-presidente deposto pelo golpe militar de 1964, em um trecho da rodovia Belém-Brasília [2]. Bolsonaro veta a proposta sob justificativa de que as personalidades homenageadas não devem ser ‘inspiradas por práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático’ [3]. Além disso, o presidente afirma que a homenagem é ‘inoportuna’ e está em ‘descompasso com anseios e expectativas da população’ [4]. O autor da proposta parlamentar, o senador Aloysio Nunes (PSDB), declara que ‘o veto de alguém como Bolsonaro é uma grande homenagem à memória do presidente João Goulart’ [5]. Em nota, o neto do ex-presidente lamenta o veto de Bolsonaro à homenagem e afirma que é ‘um exemplo de contradição tosca e patética dos tempos em que vivemos, onde um apoiador de torturadores e de regime militar veta um presidente marcado na história’ [6]. Segundo estudo, existem espalhados no país, ao menos 174 logradouros que homenageiam figuras de apoiadores e participantes da ditadura civil-militar [7]. Vale ressaltar que em diversas ocasiões, Bolsonaro se declarou a favor da ditadura militar e minimizou os crimes militares cometidos no período; ele já caracterizou a Comissão Nacional da Verdade como ‘balela’ [veja aqui], disse que a Lei de Anistia foi criado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para beneficiar amigos [veja aqui], desacreditou as torturas sofridas pela jornalista Miriam Leitão [veja aqui] e pela ex-presidente Dilma Rousseaf [veja aqui] e negou a existência da ditadura civil-militar [veja aqui]. Desde que foi eleito, o governo Bolsonaro comemora anualmente a data de ocorrência do golpe militar e se refere a ditadura como ‘revolução de 64’ [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui].
Leia sobre como ocorreu o golpe militar de 1964.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirma ao Supremo Tribunal Federal que não há prazo que o obrigue a analisar os pedidos de impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro [1]. O ofício [2] enviado por Lira, é uma reação à ação ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) no STF, que visa a obrigar Lira a manifestar-se sobre os pedidos de impeachment contra Bolsonaro [3]. Segundo o PDT, o regimento interno da Câmara prevê que os pedidos de impeachment encaminhados ao presidente devem ser lidos na sessão seguinte ao recebimento do documento [4]. Entretanto, Lira apresenta argumento contrário, ao afirmar que em primeiro plano os pedidos devem ser sujeitados a um juízo de admissibilidade do presidente da Câmara dos Deputados, antes da colocação do pedido na pauta da casa legislativa [5]. Lira também declara que o impeachment é uma ‘solução extrema’ e que o tempo de análise do pedido pelo presidente da casa ‘não é objeto de norma legal ou regimental pela própria natureza’ [6]. Além disso, reitera que o juízo do processo de impeachment é ‘eminentemente político’ e não administrativo, desse modo ‘uma ordem judicial não poderia substituir-se à decisão legislativa em análise envolvendo o mérito das denúncias por crime de responsabilidade’ [7]. A Advocia-Geral da União e o Senado Federal também se posicionam contra a ação que estabelece prazo à analise do processo de impeachment pelo Presidente da Camâra dos Deputados [8] [9] . Professora de direito declara que mesmo que não tenha prazo definido na Constituição para análise do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara, Lira não tem poder de atrasar os processos indefinidamente [10]. Em julho deste ano, o Partido dos Trabalhadores fez um pedido semelhante ao apresentado pelo PDT, entretanto a ministra do STF Cármen Lúcia, rejeitou o requerimento sob justificativa de que o mandado de segurança impetrado pelo partido não era via assertiva para obrigar Lira a analisar os pedidos [11]. Vale ressaltar que Lira é um forte aliado de Bolsonaro e já deu diversas declarações contrárias ao impeachment do presidente [veja aqui]. Até junho de 2021, Bolsonaro tinha contra si mais de 125 pedidos de impeachment, por cometimento de possíveis crimes de responsabilidade [veja aqui]. Em pesquisa lançada em setembro deste ano pelo Datafolha, ao menos 56% da população brasileira apoiava a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro [12].
Leia sobre como Arthur Lira ignora os pedidos de impeachment contra Bolsonaro e entenda quais os poderes de Lira sobre o impeachment e os limites à atuação do STF no processo.
A Advocacia-Geral da União (AGU), defende, em peça enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o governo federal não seja obrigado a adotar medidas de combate à fome no país [1]. A manifestação do órgão é uma reação direta a uma ação ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no STF, que pretende obrigar o governo a adotar medidas para combater a fome no país [2]. Entre as medidas requeridas estão a retomada do auxílio emergencial no valor de R$600,00, a volta das atividades do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o aumento dos beneficiários da Bolsa Família e a revogação do teto de gastos [3]. O requerimento da OAB é justificado pelo aumento da insegurança alimentar no país, que já atinge 19,1 milhões de brasileiros, ou seja, 10% da população do país [4]. A OAB ainda afirma que esse aumento da fome no Brasil é consequência direta das ações do governo federal, diante da má gestão do Bolsa Família [veja aqui], dos desmontes orçamentários sofridos pelos Programa Cisternas, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos e da insuficiência do valor atual do auxílio emergencial que é em média de R$ 150,00 [5]. Entretanto, a AGU afirma que o governo federal está trabalhando para combater a insegurança alimentar, mesmo diante das dificuldades financeiras e orçamentárias e que por isso é ‘preciso fazer escolhas’ [6]. Além disso, a AGU declara que não há nenhuma justificativa que exponha o descumprimento de leis e regulamentos pelo governo federal, de modo que não é possível acatar as medidas sugeridas pela OAB ‘de modo açodado e abrupto’ [7]. Vale ressaltar que em outubro foi paga a última parcela do Bolsa Família, entretanto o governo federal ainda não implementou o programa substituto prometido, denominado Auxílio Brasil [veja aqui]. Mesmo em meio ao avanço da fome no país, em agosto deste ano, Bolsonaro ironizou a questão, ao declarar que quem defendia a compra de alimento em detrimento da compra de armas era ‘idiota’ [veja aqui].
Ouça sobre o avanço da fome no país.
Relatório da CPI pede indiciamento de Bolsonaro e membros do governo federal por diversos crimes relacionados a pandemia de covid-19 [1]. O relatório acusa o governo federal de agir de forma intencional para provocar a morte de milhares de brasileiros [2] e pede o indiciamento de 66 pessoas, incluindo o presidente, e mais duas empresas [3]. Dez possíveis crimes são atribuídos a Bolsonaro, dentre eles: epidemia com resultado em morte, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, crimes contra a humanidade nas modalidades de extermínio, perseguição e outros atos desumanos, violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo [4]. O documento ressalta que é preciso recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia para o julgamento do crime de ‘extermínio’, que não existe na legislação brasileira [5]. O relatório final da CPI também acusa os três filhos mais velhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, de incitação ao crime [6]. Especialistas se mostram de acordo com o relatório da CPI – segundo eles, a responsabilidade do governo federal nas mortes durante a pandemia é ‘inquestionável’ [7]. O relatório será encaminhado aos órgãos de controle, que poderão abrir processos sobre os supostos crimes apontados [8]. Durante a pandemia o governo federal adotou diversas medidas condenadas por especialistas na área da saúde para combater a pandemia, tal como a distribuição de medicamentos de ineficácia comprovada [veja aqui] e a negligência em relação à aquisição de vacinas [veja aqui]. Em 05/04/2021, ex ministros da saúde e outros profissionais que atuaram no Ministério da Saúde denunciaram pressão de Bolsonaro para mudar bula de remédio comprovadamente ineficaz contra a covid19 , para que fosse incluída indicação para a doença [veja aqui].
Leia o relatório completo da CPI da covid.
O pesquisador do LAUT, colunista de jornal e professor, Conrado Hubner Mendes, é intimado pela Polícia Federal (PF) para prestar depoimento em uma investigação sobre um texto de opinião escrito por ele para o jornal Folha de São Paulo (FSP) [1]. A investigação decorre de um ofício do ministro do STF, Nunes Marques, que pediu providências à Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre possíveis crimes de calúnia, injúria e difamação contra ele em um texto escrito por Conrado [veja aqui]. O ofício foi enviado em junho deste ano e declarou que o professor ‘faz afirmações falsas e/ou lesivas’ à figura do ministro [veja aqui]. O artigo nomeado ‘O STF come o pão que o STF amassou’ [2], publicado em abril deste ano, tece críticas à decisão de Nunes Marques em autorizar cultos e missas [veja aqui] durante a pandemia da covid-19; posteriormente a decisão foi derrubada pelo plenário da corte [3]. No texto, Conrado caracteriza a decisão do ministro como um ‘episódio que não se resume a juiz mal-intencionado e chicaneiro, que num gesto calculado para consumar efeitos irreversíveis, driblou o plenário e encomendou milhares de mortes’ [4]. Em maio deste ano, Conrado já havia sido processado criminalmente pelo Procurador Geral da República Augusto Aras, por suposto crime de injúria, difamação e calúnia contra ele, no texto de opinião ‘Subscrevemos: poste, servo, omisso’, publicado pelo colunista no jornal FSP [veja aqui]. Na época, Aras também enviou uma representação contra o pesquisador à comissão de ètica da Universidade de São Paulo (USP), sob alegação de que as colocações de Conrado ‘exorbita da crítica ácida para flertar com o escárnio e a calúnia’ [veja aqui]. Vale ressaltar que tanto a representação contra Conrado na Universidade tanto a queixa-crime apresentada na Justiça Federal foram indeferidas, sob justificativa de que o texto do colunista não ofende a honra do procurador da República [veja aqui] [veja aqui]. Outros jornalistas, como Hélio Schwartsan [veja aqui], Celso Rocha de Barros [veja aqui] e Ricardo Noblat [veja aqui] também foram investigados por criticarem o governo atual.
Leia sobre as consequências da perseguição de Conrado por criticar figuras do governo.
A Advocacia-Geral da União (AGU) exige que a revista IstoÉ mude capa de publicação onde o presidente Jair Bolsonaro é associado a Hitler [1]. Na reportagem de capa intitulada ‘Arquiteto da tragédia’, a revista, publicada em 15/10, afirma que Bolsonaro ‘patrocinou experiências desumanas inspiradas no horror nazista’ durante a pandemia e ‘reproduziu na medicina métodos comparáveis aos do Terceiro Reich’ [2]. A AGU, orgão que representa o governo federal, em resposta à publicação, envia notificação extrajudicial à revista pedindo direito de resposta e que uma nova capa contendo fotos de Bolsonaro acenando, em desfile de 7 de Setembro e abraçando jovens brasileiros, substitua a imagem do presidente vinculada ao ditador alemão [3] AGU ainda exige que na nova capa esteja escrita a frase: ‘Bolsonaro defendeu a vida, o emprego, a liberdade e a dignidade’ [4]. A notificação, ainda registra que uma eventual recusa no atendimento da notificação nos próximos sete dias acarretará na adoção de providências cabíveis no âmbito penal e cível [5].O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirma ter enviado à Polícia Federal (PF) um pedido de abertura de inquérito para apuração de possível crime contra a honra do presidente [6]. O governo federal vem tomando medidas judiciais contra críticos da atual gestão como no caso onde colunista foi investigado por criticar o presidente [veja aqui], ou quando professor da USP foi processado criminalmente por comentar ações do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, nas redes sociais e em coluna de jornal[veja aqui].
Leia mais sobre os ataques à liberdade de imprensa por parte do governo federal.
O presidente Jair Bolsonaro e outras 70 pessoas, dentre eles quatro ministros, três ex-ministros, empresários e médicos defensores de tratamentos ineficazes, além de duas empresas, são indiciadas por 24 crimes no relatório final da CPI da Covid [veja aqui] [1]. O documento responsabiliza o presidente por 11 crimes, dentre os quais se destacam homicídio qualificado, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular e emprego irregular de verbas públicas [2]. Ele ainda é acusado de prevaricação, genocídio de indígenas, crime contra a humanidade, violação de direito social e incompatibilidade com dignidade e honra e decoro do cargo [veja aqui] [3]. Além do chefe do governo federal, a comissão também propõe a acusação dos atuais ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, do Trabalho e da Previdência, Onyx Lorenzoni, da Defesa, Braga Netto, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário (CGU), todos apontados como responsáveis por crimes envolvendo o manejo das políticas públicas de enfrentamento a pandemia no país [4]. O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é acusado de seis crimes no relatório, entre eles os de homicídio qualificado e crime contra a humanidade [5]. O entorno familiar do presidente Bolsonaro também é acusado de crimes relacionados à pandemia; para o relator da CPI, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) deve ser indiciado por advocacia administrativa, incitação e improbidade administrativa [6]. Ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi sugerido a incitação ao crime, assim como ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) [7]. Antes do relatório final, vale lembrar que Bolsonaro já hostilizou a CPI em diversas ocasiões, em especial seu relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) [veja aqui], e o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM)[veja aqui].
Confira quem foram os denunciados pelo relatório da CPI e por quais crimes.
O governo de Rondônia sanciona lei [1] que proíbe o uso da linguagem neutra nas escolas estaduais da circunscrição; de acordo com o texto, fica ‘expressamente proibida a linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos’ [2]. Ainda, a lei menciona que as instituições de ensino e os professores que não obedecerem à determinação estão sujeitos a sanções [3]. Segundo o governo, a lei busca ‘medidas protetivas ao direito dos estudantes ao aprendizado da língua portuguesa de acordo com a norma culta’ [4]. O deputado Eyder Brasil, autor do projeto da lei sancionada, declara que a linguagem neutra é uma ‘aberração’ e uma ‘deturpação’ da língua portuguesa [5]. A Associação Brasileira de Linguística emite nota afirmando que ‘práticas legislativas’ desse tipo impõem ‘silenciamentos, desconsideram as complexas relações entre língua e sociedade e interferem na construção de uma política educacional emancipadora e reflexiva’ [6] [7]. De acordo com advogado, a lei é inconstitucional, pois viola o direito ao desenvolvimento pleno educacional e fere competência legislativa da União [8]. No mês seguinte, o Ministro Edson Fachin suspende liminarmente a lei, sob os argumentos de que fere a competência privativa da União de legislar sobre normas gerais de ensino e ‘constitui nítida censura prévia’, sendo incompatível com a liberdade de expressão [9]. Dias depois de publicada a lei, a Secretaria Especial da Cultura proíbe uso da linguagem neutra em projetos financiados pela Lei de Incentivo à Cultura [veja aqui]. Meses antes, o Secretário especial da Cultura criticou o uso do pronome ‘todes’ pelo Museu da Língua Portuguesa e ameaçou cortar verbas do espaço [veja aqui].
Leia a análise sobre o conteúdo da lei que proíbe a linguagem neutra nas escolas estaduais de Rondônia e leia mais sobre gênero neutro, pessoas não-binárias e quais os obstáculos e benefícios da linguagem neutra.
O presidente Jair Bolsonaro afirma que o governo federal agiu corretamente para combater a pandemia desde o primeiro momento [1]. Em resposta ao relatório da CPI da covid-19 [veja aqui], que indiciou o presidente por 10 crimes, Bolsonaro diz: ‘como seria bom se aquela CPI tivesse fazendo algo produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo de nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários’ [2] e completa: ‘sabemos que não temos culpa de absolutamente nada, fizemos a coisa certa desde o primeiro momento’ [3].O presidente que realizou outros ataques a CPI anteriormente [veja aqui], faz as novas criticas nessa data, durante evento no município de Russas, no Ceará [4].Bolsonaro não usa máscara de proteção no evento – ele ainda volta a defender o tratamento precoce, comprovadamente ineficaz contra a covid-19 [5]. Em 13/05/2021 o Ministério da Saúde produziu parecer contra indicando os medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19, defendidos pelo presidente [refid=1769]. Desde o começo da pandemia Bolsonaro fez ao menos uma publicação por semana na redes sociais defendendo o chamado ‘tratamento precoce’, de ineficácia comprovada [veja aqui].
Leia sobre as consequências do negacionismo do governo federal durante a pandemia de covid -19.
Governo Federal utiliza somente 22% da verba anual destinada ao combate ao desmatamento e às queimadas [1]. Até o fim de setembro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgãos responsáveis pela gestão ambiental, tinham R$ 384,9 milhões reservados especificamente para ações contra o desmatamento e as queimadas [2]. Parte dos recursos provém de um crédito extraordinário solicitado pelo governo após pressões internas e externas de empresários, governos e ambientalistas [3]. Em junho, o Congresso Nacional votou a favor dessa ampliação, fazendo com que o orçamento inicialmente previsto – de R$ 135,1 milhões – chegasse aos atuais R$ 384,9 milhões [4]. Porém, apenas 22% foram efetivamente utilizados [5]. De acordo com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o restante chegou a ser empenhado, ou seja, reservado para pagamentos futuros, mas não necessariamente realizados em 2021 [6]. Na prática, a maior parte será quitada no ano que vem, sobrepondo-se a um novo orçamento. Vale lembrar que o governo foi apontado, pelo TCU, como responsável pelo desmatamento e queimadas da Amazônia [veja aqui], que é o maior desde 2012 [veja aqui], convergindo com entraves na fiscalização ambiental [veja aqui], exploração de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental [veja aqui] e a alta recorde de pedidos de mineração em terras indígenas . O orçamento do Meio Ambiente em 2021 é o menor do século [veja aqui], com o aumento do montante destinado à atuação militar na Amazônia [veja aqui], somado à redução financeira em mais de 100 milhões [veja aqui] [veja aqui], e de fiscalização [veja aqui] [veja aqui] do Ibama e do ICMbio, cujas autarquias o governo estuda fusão [veja aqui]. Além disso, o Fundo Amazônia, um dos principais mecanismos de financiamento internacional para ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, foi paralisado após inúmeros ataques do então ministro do meio ambiente Ricardo Salles [veja aqui].
Leia sobre a responsabilidade de Bolsonaro frente à crise ambiental.
Em 2021, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) recebe o menor orçamento de toda sua história e conta com a ajuda de outras fontes para pagar despesas básicas [1]. Segundo apuração da imprensa, o orçamento deste ano caiu 46% em relação a 2018 [2]. Algumas áreas finalísticas do Instituto, relacionadas à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, receberam recomposições orçamentárias [3]. No entanto, o plano para despesas de funcionamento não foi alterado e, a partir de novembro, o órgão terá que contar com a ajuda de outras fontes para pagar contas como água, luz, segurança, limpeza e internet [4]. A Agência Espacial Brasileira (AEB) autorizou uma realocação de recursos para ajudar o órgão a sobreviver até o final do ano [5]. O INPE é um dos principais órgãos de monitoramento do desmatamento do país [6] e vem sofrendo ataques desde o início do governo Bolsonaro, como intimidações e exonerações a servidores de órgãos [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e a suspensão do sistema nacional de meteorologia [veja aqui]. Não é a primeira vez que um órgão sofre com cortes orçamentários no governo Bolsonaro: entre 2019 e 2020, o orçamento para fiscalização ambiental no Ibama e ICMBio reduziu em mais de 100 milhões [veja aqui]. O ICMBio, a propósito, sofreu, em 28/03/21, corte orçamentário que arriscou extinguir as atividades de prevenção e combate a incêndios ambientais [veja aqui]. Até 06/10/20, o Ibama executou menos de 40% de seu orçamento anual para fiscalização e combate de desmatamento e queimadas [veja aqui].
Leia entrevista com ex-diretor do INPE Gilberto Câmara sobre o enfraquecimento do órgão na gestão Bolsonaro.
Nas redes sociais, no intuito de promover evento da campanha nomeada ‘Respeitável Circo’, o secretário especial da Cultura, Mario Frias, afirma que a área circense foi ‘por muito tempo desvalorizada, por não servir ao glamour que movimentava a elite artística que monopolizava as verbas públicas da Cultura’ [1]. Ele complementa dizendo que o governo inicia ‘um novo olhar, um em que a política pública está voltada ao homem comum e toda a sua simples e extraordinária cultura’ e considera que as ‘expressões culturais populares […] foram solenemente ignoradas’ anteriormente [2]. O evento, destinado a artistas e produtores do setor circense, conta com a participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, vestida de palhaça, e os ministros Gilson Machado Neto e Damares Alves [3]. As artes circenses são contempladas pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) desde sua criação, em 1991, na categoria das ‘artes cênicas’; de acordo com dados da Funarte, havia 700 circos em atividade no país em julho de 2020, a maioria formada por grupos familiares sem instrumentos para depositarem projetos e se inscreverem em editais, motivo pelo qual há baixa adesão desse setor à LIC [4]. De acordo com especialistas, a ‘maioria dos pequenos circos não é formalizada como empresa e não possui CNPJ. […] falta know-how para essas pessoas tentarem pleitear editais [5]. A cerimônia não detalhou as medidas que seriam tomadas pelos ministérios envolvidos e distribuiu uma cartilha para que os gestores municipais resolvessem questões como falta de terreno para a instalação de lonas e dificuldades no acesso à saúde e à educação [6]. Na cartilha, consta: ‘Sugerimos o acolhimento dos circenses, por meio de agentes públicos conhecedores das peculiaridades dos povos itinerantes. Nos municípios menores, recomendamos a existência de um ponto focal’, além disso, o documento afirma que há ‘excesso de exigências burocráticas dos órgãos públicos e custo elevado das taxas’ [7]. Representantes do ramo dizem que muitas trupes se mantêm na informalidade, em terrenos dominados pela milícia, pois não conseguem viabilizar seus negócios legalmente, além disso, há baixa escolaridade entre os artistas que nasceram dentro do circo [8]. No evento é anunciado o selo Município Amigo do Circo, uma premiação nacional para cidades que apoiam o setor, mas não foram detalhadas particularidades e ações do programa [9]. O evento ocorre um mês após a entidade de artistas circenses reivindicarem, dentre outras medidas, cestas básicas para aqueles que passam fome em razão da falta de trabalho, junto ao presidente da Funarte, Tamoio Marcondes [10]. Apesar do evento solene para a divulgação da campanha, não há informações sobre o projeto no Diário Oficial [11]. Vale lembrar que autoridades do governo federal criticam artistas que supostamente se utilizam dos recursos da LIC [veja aqui] [veja aqui] e defendem medidas que hipoteticamente beneficiam artistas menos conhecidos em detrimento de uma ‘elite’ do setor cultural [veja aqui] .
O Presidente Jair Bolsonaro volta a divulgar desinformação e mentiras sobre a Covid-19 em sua live semanal [1]. Na transmissão, o político divulga notícia falsa sobre a vacinação contra a doença, a qual afirma ocorrer o desenvolvimento de síndrome de imunodeficiência (AIDS) em pessoas vacinadas [2]. Ele ainda defende no vídeo o uso da cloroquina como parte do tratamento precoce contra a covid-19, medida comprovadamente ineficaz [3]. Tais declarações do presidente geram forte reação crítica das comunidades médica e científica [4], além de repercussões políticas [4] e na opinião pública [5]. A falsa associação da vacina à AIDS é qualificada como absurda por infectologistas e médicos, além de potencialmente prejudicar a campanha de vacinação do PNI com a desinformação gerada [6]. No meio político as declarações são fortemente repudiadas, ocasionando pedido à CPI da Covid, pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), para inclusão do fato no inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal [7][veja aqui]. Em 24/10, a transmissão é retirada do Facebook e Instagram, sob o argumento que as desinformações e mentiras divulgadas pelo presidente violam as políticas das empresas [8]. Vale lembrar que o governo Bolsonaro já prejudicou a população com HIV anteriormente, suspendendo exames para soropositivos no SUS [veja aqui]. Além disso, o Facebook já derrubou anteriormente vídeo postado de Bolsonaro defendendo o fim do isolamento social e a cloroquina como tratamento ao covid-19 [veja aqui], bem como de perfis negacionistas ligados ao presidente investigados no inquérito das fakes news [veja aqui].
Leia mais sobre como a desinformação agrava a pandemia da Covid-19.
O Observatório do Clima, entidade que reúne 70 organizações ligadas à área ambiental, institutos de pesquisa e movimentos sociais, ingressa com ação civil pública na Justiça Federal do Amazonas contra a União e o Ministério do Meio Ambiente [1] [2]. O processo pede atualização do Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), documento criado em 2008 que centraliza políticas públicas para redução de gases de efeito estufa, além de outros impactos ambientais [3]. Segundo o Observatório, o plano nunca foi atualizado e descumpre o Acordo de Paris de 2015, tratado internacional firmado entre 195 países para combater a crise climática global [4]. A política ambiental do governo Bolsonaro já foi denunciada à Organização das Nações Unidaes (ONU) [veja aqui] e à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) [veja aqui], além de haver dossiê elaborado por servidores [veja aqui] acusando-o de estimular a grilagem [veja aqui] e flexibilizar leis ambientais [veja aqui]. Bolsonaro também é alvo de representações no Tribunal Penal Internacional pelos crimes de genocídio e contra humanidade por implementar políticas predatórias contra indígenas [veja aqui] [veja aqui]. O governo foi apontado, pelo TCU, como responsável pelo desmatamento e queimadas da Amazônia [veja aqui], que é o maior desde 2012 [veja aqui], convergindo com entraves na fiscalização ambiental [veja aqui], exploração de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental [veja aqui] e a alta recorde de pedidos de mineração em terras indígenas .
Leia mais sobre a política de autoritarismo ambiental.
O ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, tem citado diversas entidades de proteção ambiental como colaboradoras na construção da proposta brasileira apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas (COP-26) [1]. A informação consta em documento que circulava entre servidores do Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas foi posteriormente divulgada à organização Política Por Inteiro [2]. Tanto a pasta quanto o ministro afirmavam que o documento era resultado de um amplo debate e diálogo feito com mais de 200 empresas e instituições civis e públicas [3]. Entretanto, algumas das 219 entidades mencionadas pelo MMA – como SABESP, WWF-Brasil, Instituto Centro de Vida – negam ter tido qualquer diálogo sobre o tema com a pasta [4]. Além disso, na mesma listagem, há duplicidades na menção das organizações supostamente parceiras da iniciativa, assim, mensurando acima do real o número de envolvidos [5]. Elas são citadas duas vezes, uma pelo nome da entidade representativa da agenda ambiental, que em tese estaria em diálogo com o MMA, e outra pelo nome da empresa do qual faz parte – a exemplo da Danone, citada duplamente a marca e como associação Viva Lácteos, de sua propriedade [6]. Vale lembrar, essa não é a primeira vez que Joaquim Leite distorce dados, já que o ministro fez o mesmo em relação a números sobre desmatamento [veja aqui].
Saiba mais sobre o atual ministro do meio ambiente e sua atuação na COP-26.
Marcelo Xavier, presidente da Funai, provoca abertura de inquérito para investigar o procurador federal Ciro de Lopes e Barbuda, servidor do próprio órgão [1]. Barbuda elaborou um parecer jurídico a favor dos indígenas, dentro de um processo que trata de uma ocupação do povo tupinambá na Bahia [2]. Xavier afirmou que o parecer contraria recomendações técnicas e jurídicas já existentes e implica apologia do crime ‘por defender a retomada de terras indígenas em desconformidade com as previsões legais’ [3]. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a postura do presidente da FUNAI é crime de constrangimento ilegal [4]. Em 08/09, o MPF pediu à Justiça Federal o arquivamento do caso [5]. Xavier é delegado da PF e preside a Funai desde julho de 2019 e sua nomeação agradou o setor ruralista . Em setembro de 2021, foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa, ao desobedecer acordo judicial referente à demarcação de terra indígena [veja aqui] e em outubro foi denunciado na Justiça Federal por violações jurídicas e administrativas [veja aqui].
Confira a linha do tempo produzida pela APIB sobre a atuação de Marcelo Xavier e as falhas da sua gestão.
Nas redes sociais, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, faz uma postagem dizendo que o Dia da Consciência Negra ‘é uma data vergonhosa’, que o órgão não daria suporte financeiro aos eventos e termina a mensagem escrevendo ‘Forte abraço, negrada vitimista’ [1]. Camargo também declara que abrirá apuração sobre gastos ‘absurdos e muito suspeitos’ da Palmares feitos durante as gestões do Partido dos Trabalhadores (PT) [2]. Momentos antes, ele defendeu uma data de celebração da ‘Consciência Brasileira’ e disse ser indefensável um feriado para ‘celebrar a raiva, o ressentimento e o revanchismo de pretos vitimistas e militantes’ [3]. Em 2019 [veja aqui] [4] e 2020 [5], a postura de Camargo em relação ao Dia da Consciência Negra foi semelhante. Antes mesmo de assumir a presidência da instituição, ele declarou que não há ‘racismo real’ no Brasil [veja aqui], fala que foi reiterada em 2019 após a morte violenta de uma pessoa negra por um segurança de supermercado [veja aqui], e disse que o movimento negro é ‘escória maldita’ [veja aqui]. Ainda, na data comemorativa da Lei Áurea, Camargo ironizou Zumbi [veja aqui]. Recentemente, o Ministério Público do Trabalho pediu o afastamento do presidente da Palmares por denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação de funcionários da entidade [veja aqui].
Leia as análises sobre a relação entre o Dia da Consciência Negra e a Democracia e sobre o mito de que não existe racismo no Brasil.
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, declara nas redes sociais que o filme ‘Marighella’, dirigido por Wagner Moura e que conta a história do guerrilheiro comunista durante a ditadura militar de 1964, é uma produção racista, e afirma que Moura ‘chama cada preto honrado do Brasil de marginal ao escalar um ator preto (Seu Jorge) no papel do psicopata comunista. Marighella era BRANCO!’ [1]. Por fim, complementa: ‘Do esgoto veio o filme, repudiado pelo público brasileiro. Chora, esquerdopata hipócrita!’ [2]. Poucos dias depois, o diretor do longa participa do programa de entrevistas ‘Roda Viva’ e é questionado sobre as declarações de Camargo, ao que responde: ‘Eu não tenho nenhum respeito por nenhuma declaração que venha de qualquer pessoa que faça parte desse governo. Nem esse cara [Camargo] nem aquele outro da Secretaria da Cultura [Frias]. Eu não vou comentar’ [3]. Durante o programa, Moura se refere criticamente a outros aspectos do governo como as mortes durante a pandemia de covid-19 e os incêndios na Amazônia [4]. Em reação, o secretário especial da Cultura, Mário Frias, afirma que sente ‘desprezo por esse sujeito patético que bate palma para bandido’ e chama Marighella de ‘terrorista’ e ‘vagabundo covarde’ [5]. Camargo diz que o filme deve ser boicotado, que não existem ‘argumentos honestos’ para defender o longa e chama o diretor de ‘hipócrita da Califórnia’ [6]. O secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, e a deputada federal Carla Zambelli apoiam Frias [7]. Vale lembrar que o filme ‘Marighella’ teve sua estreia cancelada no Brasil em decorrência de dois pedidos feitos pela produtora que foram negados pela Ancine [veja aqui]. Além disso, o Itamaraty pediu para retirar filme sobre Chico Buarque de festival internacional [veja aqui], a Secom criticou a cineasta Petra Costa por filme sobre a democracia [veja aqui] e Sérgio Camargo pediu o boicote de filme dirigido por Lázaro Ramos [veja aqui].
Leia a análise do ator Seu Jorge, que interpretou Carlos Marighella, sobre os ataques ao filme e as falas de Wagner Moura sobre ameaças sofridas em decorrência do longa.
Em 2020, o Exército fiscalizou apenas 2,3% dos arsenais privados do país, segundo relatório lançado nesta data [1]. De acordo com o documento, os militares visitaram só 7.234 dos 311.908 logradouros de lojas, clubes de tiros e residências de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) [2], ao passo que só em janeiro e abril de 2021, o Exército autorizou por dia, 896 registros de atividade de caça, tiro desportivo e colecionamento de armas [3]. Em relação a dezembro de 2018, o crescimento de registros ativos para atiradores aumentou em 161%, 219% para caçadores e 228% para colecionadores [4]. A assessora do Instituto afirma que a baixa fiscalização do Exército se torna mais preocupante quando se considera os reiterados desvios de armas legais para a criminalidade e as flexibilizações de acesso a armas e munições promovidas pelo governo federal [5]. Desde que foi eleito, Bolsonaro baixou diversos decretos que facilitaram a posse e o porte de arma de fogo pela população; em 2019, Bolsonaro revogou as normas anteriores e baixou decretos que promoviam flexibilizações ao porte de armas [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], em 2021, baixou mais decretos que facilitavam a compra de armas e munições [veja aqui] e zerou impostos de importação de armas [veja aqui]. O Exército também vem afrouxando medidas de controle e fiscalização de armas no Brasil; em março de 2020, o Comando do Exército revogou portarias sobre rastreamento, identificação e marcação de armas, munições e produtos controlados [veja aqui]. Em dezembro do mesmo ano, o comandante do Exército autorizou a fabricação de pistolas por empresa alemã em terras nacionais [veja aqui]. No mês de agosto deste ano, o Exército reduziu o montante destinado a combater irregularidades armamentistas, como desvio de munições [veja aqui].
Leia sobre o crescimento do porte de arma no país.
Governo federal concede 40% das licenças de TV digital a canais religiosos, afirma levantamento [1]. Das 166 permissões emitidas pelo ministério das comunicações desde 2019 para sinal digital, 67 atendem a grupos religiosos católicos e evangélicos [2]. Os principais veículos favorecidos com as autorizações são a TV Canção Nova, com 34 licenças, a Rede Vida, com 17, a TV Aparecida, 4, além de 6 consignações e outorgas para as redes protestantes Igreja Batista da Lagoinha, TV Novo Tempo (adventista), Assembléia de Deus Amazonas e Rede Mundial [3]. Questionado, o Ministério das Comunicações afirma que o padrão é decidir por ordem de chegada [4]. Entretanto, desde 2019, as lideranças das citadas entidades religiosas, muitas delas suas apoiadoras nas eleições de 2018, têm se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro para pleitear mais publicidade oficial e maior entrega de licenças [5] [veja aqui]. Nesse sentido, os débitos não pagos por conta de licenças e devidos ao Ministério das Comunicações, que somados chegam a R$ 224 milhões, foram parcelados [6]. Para além dos grupos religiosos, o percentual de licenças concedidas pelo governo sob suspeita sobe para 55% se consideradas as licenças concedidas ao canal público TV Brasil, veículo de cobertura nacional e controlada pelo próprio governo federal, que entre agosto de 2020 e julho de 2021 transmitiu mais de 150 horas de discursos de Bolsonaro [7]. Governada por aliado político, Ronaldo Caiado, a emissora pública Estado de Goiás, Agência Brasil Central, recebeu 16 autorizações para retransmissão de conteúdo [8]. No caso da TV Brasil, seu uso político por Bolsonaro é investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Superior Tribunal Federal (STF) [9].
Confira o dossiê do Estadão sobre o uso político por Bolsonaro da TV Brasil.
Desde 2019, o governo já gastou R$ 550 milhões em missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter o desmatamento e as queimadas na Amazônia [1]; foram três – uma em dezembro de 2019 [veja aqui]; outra de maio de 2020 [veja aqui] e uma última entre junho e agosto de 2021 [veja aqui]. No entanto, o desmatamento na região continua batendo recordes: o acumulado entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi o segundo maior da gestão Bolsonaro e o terceiro maior da década, segundo os mais recentes dados do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) [2]. A atuação de militares para o combate ao desmatamento é cercada de controvérsias, como a falta de atuações na operação em 2020 [veja aqui], afirmações equivocadas do vice-presidente, Hamilton Mourão [veja aqui] [veja aqui], distorção de dados [veja aqui] e falta de fiscalização contra o garimpo ilegal [veja aqui] [veja aqui]. O Plano de Metas do Conselho Nacional da Amazônia Legal previu, em setembro de 2020, a atuação das Forças Armadas na região até 2022 [veja aqui]. Em junho deste ano, a atuação dos militares na Amazônia foi prorrogada até agosto [veja aqui] a despeito do fracasso da anterior, a Operação Verde Brasil 2 [veja aqui]. De acordo com apuração, o montante gasto pelos militares nesse período equivale a seis vezes o total do orçamento de 2020 do Ibama para gastos com fiscalização ambiental, licenciamento e gestão da biodiversidade [3]. Nos últimos anos, o orçamento para fiscalização ambiental no Ibama e ICMBio reduziu em mais de 100 milhões [veja aqui] [veja aqui], e, o governo estuda fusão entre os órgãos [veja aqui]. O Ibama sofre com o enfraquecimento da fiscalização ambiental [veja aqui], em decorrência de mudança nas regras de aplicação de multas [veja aqui], e menor contingente de fiscais desde 1989 [veja aqui]. O orçamento do MMA de 2021 é o menor do século XXI [veja aqui] e a pasta já anunciou a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento e queimadas sob justificativa de corte orçamentário, mas horas depois voltou atrás [veja aqui].
Leia relatório sobre os gastos orçamentários na região da Amazônia e a série de reportagens sobre o legado das operações militares de garantia da lei e da ordem (GLO) encabeçadas pelas Forças Armadas na região.
Governo Bolsonaro é denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) por sua política ambiental e o tratamento dado à ativistas desta pauta [1]. A denúncia é apresentada no 181º período de audiências públicas da CIDH por treze ONGs atuantes na defesa do meio ambiente e dos povos indígenas e quilombolas, afetados pelas ações e omissões ambientais do Estado brasileiro [2]. As entidades afirmam haver uma política de desmonte na área ambiental, além do alto risco à segurança gerado a ativistas ambientais [3]. Nesse sentido, as entidades reclamantes afirmam que a postura negacionista, virulenta e preconceituosa do presidente Jair Bolsonaro colabora para agravar o quadro [4]. Além da retórica governamental, a principal e mais danosa ferramenta utilizada pelo governo se daria no aspecto formal, mais especificamente das legislações que desregulam o arcabouço legal já existente em matéria ambiental [5]. Leis e atos administrativos que limitam direitos de comunidades indígenas e quilombolas e privilegiam interesses de ruralistas – uma das bases de apoio do governo federal – sendo, inclusive, classificadas como medidas racistas com as populações afetadas, segundo o pedido [6]. Vale lembrar que o atual governo federal tem amplo histórico de ataques à direitos de comunidades indígenas e quilombolas [red id=285][red id=1024] e à ecoativistas [veja aqui][red id=5130].
Assista a audiência da denúncia ao CIDH na íntegra e saiba mais sobre o histórico de desmonte de políticas ambientais no governo Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro é denunciado por nove crimes na CPI da Covid [1]. São atribuídos a ele crimes contra a humanidade e crimes de responsabilidade, de epidemia com resultado em morte, charlatanismo, incitação, falsificação de documento particular, emprego irregular de verbas públicas, infração de medida sanitária preventiva e prevaricação [2]. Além do presidente, o relatório final da comissão também sugere indiciamento de ministros do governo, políticos, médicos, empresários e lobistas envolvidos em ações e omissões do poder público no contexto de combate a covid-19 [3]. Dentre os apoiadores do presidente responsabilizados, estão seus três filhos, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, acusados de incitação ao crime pelas declarações negacionistas e antisanitárias [4]. Além deles, o atual ministro da Saúde, Marcelo Quiroga, o ex mandatário da pasta, Eduardo Pazuello, e os ministros do Trabalho e Previdência (Onyx Lorenzoni), da Defesa (Walter Braga Netto), do Tribunal de Contas da União (Wagner de Campos Rosário) e o ex-ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo) [5]. O relatório final, que ainda denuncia outras 68 pessoas e duas empresas, é entregue pela cúpula da CPI ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, o qual prometeu ‘agilidade necessária’ na análise e na atuação da PGR [6]. Assessores de seu gabinete, contudo, classificam como ‘temerários’ os dados apresentados no relatório [7]. Vale lembrar que no decorrer da CPI houveram diversos escândalos envolvendo o presidente, como o superfaturamento na compras das vacinas Covaxin [veja aqui], a remessa de verbas para combate à pandemia para as Forças Armadas [veja aqui], dentre outras ilegalidades.
Confira quem foram os denunciados pelo relatório da CPI e por quais crimes.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, encerra entrevista após ser perguntado sobre a prática de ‘rachadinha’ no Rio de Janeiro [1]. Durante entrevista na rádio Bolsonaro foi questionado pelo comediante André Marinho, se os ‘rachadores’ do Rio de Janeiro deveriam ir para a cadeia – Marinho faz referência a possíveis crimes de peculato cometidos por deputados do PT, PSOL e PSB [2]. Em resposta, Bolsonaro se irrita e afirma que ele é presidente da República e só responde pelos seus próprios atos e que não iria aceitar provocações [3]. Bolsonaro também declara que o pai do comediante, o ex-aliado do governo Paulo Marinho, era o ‘maior interessado na caveira do Flávio Bolsonaro’ [4], que está sendo investigado por suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, denominada popularmente como ‘rachadinha’ [veja aqui]. A fala de Bolsonaro faz referência ao fato de Paulo Marinho ser o primeiro suplente de Flávio, ao cargo de deputado federal [5]. André questiona o porquê de Bolsonaro não responder a pergunta, o que motiva uma discussão entre os demais entrevistadores; neste momento Bolsonaro abandona a entrevista [6]. Horas depois, Paulo Marinho rebate as falas de Bolsonaro, ao afirmar que ‘quem quer o mandato de Flavio é o Ministério Público’, Marinho também faz uma declaração enigmatica quanto ao ex-ministro e aliado de Bolsonaro, Gustavo Bebbiano [7]. Em agosto de 2020, também após ser perguntado sobre envolvimento de Flávio Bolsonaro no esquema de ‘rachadinhas’ por um repórter, Bolsonaro respondeu que a vontade era encher a boca do jornalista de porrada [veja aqui]. Vale ressaltar que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabricio Queiroz, foi preso por envolvimento em esquema de ‘rachadinha’ parlamentar, em junho de 2020 [8]. No mesmo dia, Bolsonaro afirmou que a prisão do ex-assessor é ‘espetaculosa’ e ‘parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra’ [veja aqui]. Durante o ano de 2020, Bolsonaro mobilizou órgãos do governo federal para discutir a defesa de Flávio Bolsonaro no esquema de ‘rachadinha’ [veja aqui], inclusive, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu dois relatórios com orientações para auxiliar Flávio Bolsonaro e seus advogados [veja aqui].
Leia sobre como funciona a ‘rachadinha’ e sobre como a família Bolsonaro está envolvida nesses esquemas.
A Secretaria Especial da Cultura publica portaria que veda ‘o uso ou utilização, direta ou indiretamente, além da apologia, do que se convencionou chamar de linguagem neutra’ nos projetos financiados pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) [1]. De acordo com o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, que assina a portaria, a linguagem neutra está ‘destruindo os materiais linguísticos necessários para a manutenção e a difusão da cultura’ e submetendo a língua ‘a um processo artificial de modificação ideológica’ o que seria um ‘crime cultural de primeira grandeza’ [2]. O secretário especial da Cultura, Mário Frias, e o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, comemoram a decisão [3]; Frias afirma que a linguagem neutra ‘não é linguagem, é mera destruição ideológica da nossa língua’ [4]. A deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que preside a Comissão de Cultura da Câmara apresenta projeto de decreto legislativo para sustar os efeitos da medida e afirma que a portaria é um exemplo de ‘atraso e reacionarismo’ [5]. Especialistas destacam que a linguagem neutra tem o objetivo de ser inclusiva e que a cultura, por sua natureza, deveria abrange-la; eles ressaltam que a língua acompanha a sociedade que a utiliza e não deve ser objeto de controle governamental [6]. Cresce o número de estados nos quais tramitam propostas que impedem o uso da linguagem neutra em escolas [7]. O Ministério Público Federal (MPF) instaura procedimento para apurar a decisão que viola os ‘princípios constitucionais da igualdade, da não-discriminação, da dignidade humana e do direito à cultura’, além corroborar para eventual censura prévia [8]. Em julho, Frias criticou o uso do pronome ‘todes’ pelo Museu da Língua Portuguesa e ameaçou corte de verbas [veja aqui]. Em fevereiro de 2022, o MPF entra com ação na Justiça Federal do Acre pedindo a derrubada da portaria, pois a medida promove censura prévia e viola direitos constitucionais, e 1 milhão de reais em danos morais coletivos [9].
Leia a análise sobre os obstáculos e benefícios do uso da linguagem neutra, no que se difere da linguagem inclusiva e o porquê de sua utilização.
Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Marcos de Castro Simanovic, é nomeado chefe substituto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) [1]. Pelo regimento, Simanovic fica no cargo como presidente-substituto pelo prazo de 30 dias e, se nenhuma nova nomeação for feita neste período, torna-se presidente interino [2]. Simanovic atua na diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio e passa a acumular os dois cargos [3]. O coronel atuou diretamente para cancelar processos concluídos de autuações ambientais contra infratores, questionando pareceres de áreas técnicas do próprio ICMBio [4]. No órgão desde maio de 2019, Simanovic faz parte do processo de militarização de cargos que tem ocorrido durante o governo Bolsonaro [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. O número de militares da ativa em exercício de funções no governo federal subiu 122% desde a eleição de Bolsonaro em 2018, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU) [veja aqui].
Leia análises sobre o retorno dos militares ao meio ambiente e a militarização da pauta ambiental desde 2019.
Após 18 anos de vigência, o Governo Federal paga a última parcela do benefício do programa Bolsa Família, em meio a incertezas na implementação de um novo programa social [1]. O Bolsa Família é extinto para dar espaço ao Auxilio Brasil, entretanto, segundo informações da imprensa, a equipe econômica do governo federal fez análises sobre a viabilidade do novo programa a partir de documentos imprecisos, simulações de despesas incertas e possíveis alertas de falta de recursos para o ano que vem [2]. Entre as diferenças entre o Auxilio Brasil e o Bolsa Família está o valor referencial da renda familiar mensal que passa a ser de R$100 e não mais de R$89 em casos de família de extrema pobreza e de R$200 para famílias em pobreza [3]. Outras diferenças são a duração do Auxílio Emergencial, prevista para terminar em dezembro de 2022 e o valor médio que passou a ser de R$217,18, com possibilidade de aumento para R$400 por família em 2022 [4]. Esse aumento pretendido pelo governo federal ainda tem financiamento incerto e depende da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional dos Precatórios no Senado Federal [5], que parcela os pagamentos de dívidas da União e modifica o cálculo do teto de gastos [6]. Em meio a incertezas orçamentárias do novo programa e o possível ‘furo’ no teto de gastos, quatro secretários do Ministério da Economia pedem demissão [7] e Paulo Guedes muda discurso quanto à necessidade de ultrapassar o teto de gastos, posição diferente da defendida pelo governo até então [8]. Especialistas afirmam que a implementação do Auxílio Brasil é ‘um improviso tanto na política social como na administração do orçamento’ [9]. Além disso, a instabilidade do novo programa social gera medo e preocupação na população beneficiária do extinto Bolsa Família [10]. Vale ressaltar que desde a eleição do governo Bolsonaro, os programas sociais vem sofrendo com desmontes; o governo já escondeu dados sobre o Bolsa Família [veja aqui], reduziu o orçamento das políticas públicas [veja aqui], diminuiu concessões ao Bolsa Família [veja aqui] e restringiu os recursos destinados para o programa habitacional Casa Verde Amarela [veja aqui]. O benefício Auxílio Brasil começou a ser pago em 17/11 e o dia foi marcado por grandes filas nas agências de recebimento em várias cidades do país [11].
Leia análise sobre a atuação do governo na extinção do Bolsa Família e as consequências do fim do programa social. Entenda estratégias políticas para viabilizar o novo programa e as diferenças do Auxílio Brasil e do Bolsa Família.
O presidente Jair Bolsonaro veta proposta do próprio governo, que permitiria capital estrangeiro na mídia, após pedido do dono da Rede Record [1]. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição), editada pelo Ministério das Comunicações, prevê uma reforma na legislação de radiodifusão brasileira, que inclui a abertura ao capital estrangeiro das empresas do setor de rádio e TV que operam sob concessão pública no país [2]. Atualmente, há regramento constitucional que limita em 30% a participação de investimento estrangeiro nos veículos de comunicação nacionais [3]. Entretanto, segundo apuração da imprensa nesta data, após conversa com o proprietário da Rede Record, bispo Edir Macedo, Bolsonaro muda de posição e impede o envio do projeto de lei ao Congresso pelo ministro da pasta Fábio Faria (PSD-RN), cedendo ao pedido do religioso de barrar a iniciativa [4]. O empresário é a principal liderança da Igreja Universal – uma das maiores igrejas evangélicas apoiadoras do presidente – além de ligado ao Partido Republicanos, uma das legendas do centrão na Câmara e, portanto, base de sustentação parlamentar do atual governo [5]. Vale lembrar que a emissora já havia sido favorecida pelo governo Bolsonaro anteriormente com a mudança na distribuição de verbas publicitárias do Planalto [veja aqui][6].
Leia mais sobre o tema da abertura ao capital estrangeiro da mídia brasileira e suas vantages e desvantagens.
O presidente Jair Bolsonaro, em conversa durante encontro do G-20 com o presidente turco, Recep Erdogan, ataca a Petrobrás e diz inverdades sobre a política brasileira [1]. Em breve conversa entre os dois presidentes, Erdogan afirma que ‘o Brasil tem grandes recursos petrolíferos’; em resposta, Bolsonaro diz que a ‘Petrobrás é um problema. Mas estamos quebrando monopólios, com uma reação muito grande. Há pouco tempo era uma empresa de partido político. Mudamos isso’ [2]. A fala ocorre um dia depois das ações da empresa estatal registrarem quedas considerávies no mercado [3]. Poucos dias antes, Bolsonaro já havia criticado os lucros da Petrobrás, um dos fatores apontados pela imprensa como responsáveis pela desvalorização da empresa [4]. Ainda, na conversa entre os dois chefes de Estado, Erdogan pergunta como está a situação do Brasil e Bolsonaro responde ‘tudo bem, a economia voltando bem forte’, a despeito do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontar que a previsão de crescimento da economia brasileira em 2021-2022 é a menor de todos os membros do G-20 [5]. O presidente turco também pergunta quando serão as eleições presidenciais brasileiras, e Bolsonaro afirma que ‘daqui a 11 meses. Tenho apoio popular muito grande’, apesar da pesquisa Datafolha mais recente apontar que ao menos 53% da população brasileira reprova a gestão Bolsonaro, maior índice registrado desde o início de sua posse até o momento [6]. No começo de 2021, Bolsonaro indicou militar para comandar a Petrobrás, o que não acontecia desde a ditadura, não respeitando os requisitos do estatuto da companhia [veja aqui].
Leia análise sobre o papel estratégico da Petrobrás para a economia brasileira e entenda os ataques de Bolsonaro à política de preços da estatal.
A operação policial conjunta da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), mata 26 pessoas em Varginha, Minas Gerais [1]. A PM-MG afirma que as 26 pessoas assassinadas são suspeitas de fazer parte do grupo chamado de ‘novo cangaço’, especializado em roubos a bancos [2]. Já a PRF conta que a operação ocorreu em duas abordagens: e que na primeira houve confronto entre os suspeitos e as polícias, terminando em 18 suspeitos mortos e nenhum policial ferido [3]; e na segunda o restante do grupo foi morto [4]. Em meio a críticas sobre a letalidade da operação, o governador do estado, Romeu Zema, parabeniza a ação: ‘Em Minas, a criminalidade não tem vez! As forças de Segurança do Estado trabalham com inteligência e integração para impedir ações criminosas. Parabéns a todos os heróis envolvidos!’ [5]. Ressalta-se a semelhança do modo de operar das polícias na operação de Varginha e na que provocou a chacina do Jacarezinho, ocorrida no Rio de Janeiro [veja aqui], tanto pelo número excessivo de mortos, como também por divulgar a ‘ficha de antecedentes criminais’ dos suspeitos junto com a identificação do corpo, a fim de justificar as mortes [6].
Ministérios reduzem respostas aos pedidos de informação, segundo levantamento da imprensa [1]. De janeiro de 2019 a agosto de 2021, 16 dos 23 ministérios apresentaram queda na taxa de transparência e na eficiência da Lei de Acesso à Informação [2]. Em governos anteriores, as taxas de pedidos atendidos foram de 71,1% durante a gestão Dilma e 67,5% na administração de Temer [3]. Atualmente no governo Bolsonaro, a taxa média de pedidos de informação respondidos é de 64,9% [4]. De acordo com informações da imprensa, o governo tem atrasado a divulgação de ao menos 930 bases informacionais de dados, sendo que a área ambiental é a mais afetada pela ocultação informacional [5]. Entre março e maio de 2020, o Ministério da Saúde negou 40% dos pedidos de informação, em comparação com dados anteriores à pandemia [veja aqui]. Desde a eleição de Bolsonaro, a gestão pública vem se tornando menos transparente e mais displicente com a Lei de Acesso à Informação: Em janeiro de 2019, o vice-presidente da República aumentou o número de servidores responsáveis por classificar dados sigilosos [veja aqui]. Em 2020, o Governo Federal editou medida provisória que suspendia prazos e recursos dos pedidos de acesso à informação sobre medidas de emergência de saúde pública [veja aqui] e modificou sistema de acesso a dados da administração pública, sem consultar órgãos técnicos [veja aqui]. Em 2021, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negou informações sobre o acesso de visitantes ao Palácio do Planalto [veja aqui] e o Governo Federal impôs sigilo de 100 anos as informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto [veja aqui] e aos dados vacinais de Bolsonaro [veja aqui]. Em junho do mesmo ano, o Exército colocou sigilo centenário sobre os dados do processo administrativo do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello [veja aqui].
Ouça o podcast sobre os retrocessos na transparência pública, promovidos pelo governo Bolsonaro.