Governo Bolsonaro é acusado de fazer intervenções na escolha das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) [1]. Segundo apuração da imprensa realizada em 17/11, 24 questões do exame foram retiradas após uma ‘leitura crítica’, sob o argumento de serem ‘sensíveis’; depois, 13 delas voltaram a ser incluídas e 11 foram vetadas [2]. Para analisar as questões, servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), tiveram de imprimir a prova previamente, em um procedimento não adotado em anos anteriores [3]. Tal apuração se dá alguns dias após funcionários do Inep pedirem demissão por estarem sofrendo pressão psicológica do governo para retirarem questões do Enem consideradas controversas [veja aqui]. Nesta data, Jair Bolsonaro, ao conversar com apoiadores no Palácio do Planalto, nega que tenha havido interferências na elaboração do Enem [4]. Para especialistas, a crise no Inep, que começou com a demissão em massa de servidores, reflete desmonte das políticas de Educação no país [5]. Em 07/07 o Ministro da educação Milton Ribeiro é chamado para prestar esclarecimentos na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados sobre estabelecimento de uma comissão de revisão para retirar questões do Enem que tivessem ‘cunho ideológico’ [veja aqui]. Uma das questões escolhidas para serem excluídas do Enem pelo Inep, após leitura crítica do órgão, trazia o tema da luta de classes, através de um trecho da obra do escritor alemão Friedrich Engels ‘A situação da classe trabalhadora na Inglaterra’, escrita em 1845, onde o autor diz que a classe média têm interesses opostos aos da classe operária; contudo, a questão acabou sendo mantida por motivos técnicos de balanceamento entre questões fáceis, moderadas e difíceis na composição da prova [6]. Especialistas afirmam que a censura das questões é uma situação preocupante, pois mostra o descaso do governo federal com o maior exame educacional do país e o segundo maior do mundo [7]. Vale lembrar que, em 2019, a gestão Bolsonaro criou uma comissão para retirar ‘questões ideológicas’ do exame nacional, dentre os enunciados excluídos estavam perguntas relacionadas à personagem de quadrinhos Mafalda, letras de música de Madonna e Chico Buarque e poemas de Ferreira Gullar e Paulo Leminski [veja aqui].
Leia mais sobre as alterações feitas pelo governo federal no Enem.