O Presidente da República Jair Bolsonaro ameaça técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) [1]. Durante live transmitida em suas redes sociais, Bolsonaro diz que solicitou extraoficialmente o nome dos técnicos da Anvisa responsáveis pela aprovação da vacina e que irá divulgá-los ‘para que todos tomem conhecimento’ [2]. A declaração ocorre um dia após a agência aprovar a vacinação contra covid-19 de crianças a partir dos 5 anos [3]. Ainda, ele volta a descredibilizar a eficácia da vacina, afirmando que ela é experimental, o que não é verdade – todas as vacinas aplicadas no Brasil são submetidas a testes e pesquisas para confirmar a segurança e eficácia [4]. Em 19/12, Bolsonaro também incentiva a não aderência à vacina, em encontro com apoiadores no Guarujá. Ele diz que a vacinação em adultos não é obrigatória, ‘é liberdade’ de escolha; já ‘criança é coisa muito séria’, se depender de mim é o pai que escolhe’, e não o governador [5]. O diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres afirma que as decisões da agência não são pautadas em ameaças e que está tranquilo em relação à aprovação; quanto à divulgação da lista, se houver o pedido de divulgação, todos os integrantes da agência constarão nela, inclusive ele [6]. A direção da Anvisa relata que após rebater o episódio público de assédio, diretores começaram a ser ameaçados por meio de redes sociais; em vista disso pede abertura de investigação para apurar essas ameaças e proteção policial [7]. O Supremo Tribunal Federal recebe o pedido de investigação do senador Randolfe Rodrigues para apurar a intimidação de Bolsonaro contra os servidores da Anvisa [8]. O ministro do STF, Alexandre de Morais, solicita que Bolsonaro preste informações sobre o caso [9]. Já o ministro Ricardo Lewandowski do STF encaminha à Procuradoria Geral da República(PGR) notícia-crime para que Bolsonaro seja investigado por intimidação aos técnicos da agência [10] Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde(MS), diz que a recomendação de imunização de crianças é orientada por ‘testes clínicos em milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada’ [11]. Em resposta a Bolsonaro, servidores da Anvisa publicaram um vídeo com uma sequência de fotos dos funcionários da agência respondendo à pergunta: ‘querem saber o nome dos responsáveis pela aprovação da vacina?, e afirmam: ‘ sou servidor da Anvisa. Eu aprovei a vacina!’ [12].