Ao menos 20 delegados da Polícia Federal (PF) foram afastados de seus cargos durante a gestão do governo Bolsonaro [1][2][3].Os afastamentos são atribuídos a divergências políticas entre o governo e a cúpula da corporação [4][5]. Segundo apuração da imprensa, as mudanças de delegados da PF estão sempre atrelada a casos de investigação em que os investigados são aliados ou pessoas próximas ao Presidente Jair Bolsonaro [6].Com a saída da delegada do escritório da Interpol em dezembro, já se somam 20 intervenções na corporação. A delegada em questão, Dominique de Castro Oliveira, esteve à frente dos trâmites relacionados ao processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos, que é investigado no inquérito das fake news [veja aqui] [7]. Em novembro, uma outra delegada que estava à frente deste mesmo caso, Silvia Amelia da Fonseca, já tinha sido afastada do cargo de Diretora de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI) [veja aqui] [8]. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) disse que acompanha os casos, e que não concorda com os remanejamentos sem critérios e não fundamentados [9]. Outros afastamentos também chamam atenção: o delegado da coordenação da área que investiga Jair Renan, filho de Bolsonaro, foi afastado no curso das investigações; em outro caso, dois delegados investidos na Operação Handroanthus, operação da PF em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) que apreendeu, na divisa dos estados do Pará e Amazonas, mais de 131 mil m³ de madeira em tora, o equivalente a 6.243 caminhões lotado de carga [10], sofreram punições; um deles foi afastado do cargo após levantar suspeita de envolvimento do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já o segundo delegado teve a oportunidade de promoção na carreira negada por ter autorizado entrevista a respeito da investigação sobre a participação do então ministro do Meio Ambiente no caso de apreensão de madeira [11].
Leia análise sobre como as mudanças na cúpula da Polícia Federal podem desestabilizar investigações de interesse da sociedade.