Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Economia nomeia bolsonarista para o cargo de corregedor da Receita Federal

Tema(s)
Administração, Economia
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Ministro da Economia, Paulo Guedes, nomeia o auditor-fiscal João José Tafner para o cargo de corregedor da Receita Federal [1].Tafner é apoiador do governo e chegou a participar de atos a favor da candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República em 2018 [2]. Ele não tem experiência anterior no órgão e sua nomeação, apesar de certa por pessoas próximas ao governo, foi considerada incomum [3]. Além disso, evidências apontam que essa indicação representa uma tentativa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), alvo do inquérito que apurou o esquema ‘rachadinhas’ da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) [veja aqui] [veja aqui], de evitar uma eventual reabertura do caso para apuração [4]. Em resposta, o senador, que teve o caso arquivado pela Corregedoria [veja aqui] [veja aqui], diz que desconhece Tafner e nega qualquer interesse na nomeação do auditor, mesmo havendo indícios na reportagem que sugerem o contrário [5].

01 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro afirma que enviará recursos a cidades atingidas por chuva, mas nega verba solicidada por Dória

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, declara ajuda às áreas atingidas por fortes chuvas em São Paulo, diz que autoridades ‘apresentem suas necessidades e nós faremos todos o possível para atendê-los’, mas nega pedido de ajuda de R$ 471,8 milhões, solicitado pelo governador João Dória [1]. Bolsonaro autoriza que os prefeitos das cidades com mais óbitos realizem uma reunião com os auxiliares federais, sem chamar qualquer representante do alto escalão do estado de São Paulo, o que acirra o embate com Doria [2]. O ministro de Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho, diz que tem ‘certeza que o governador tem essa informação’, referindo-se à forma como Dória deve realizar a solicitação de ajuda, endereçando-a ao suporte ao Orçamento Geral da União (OGU) [3]. O governo federal negou, em 2020, o pedido de recursos para obras antienchentes em áreas que foram afetadas pelas chuvas este ano em São Paulo [4]. Registros de troca de ofícios entre Marcos Penido, da Secretaria Estadual da Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo e Marinho, do MDR, apontam que foi listado pelo secretário o pedido de construção de ao menos cinco reservatórios de detenção e controle de cheias em São Paulo e em resposta o ministério disse que não há recursos disponíveis na OGU [5]. Em relação às chuvas em São Paulo, o presidente Bolsonaro diz que ‘faltou visão de futuro’ e culpabiliza as vítimas [veja aqui].

01 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro sugere que o Judiciário e o Legislativo querem transformar Brasil na Venezuela

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória, Eleições, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente da República, Jair Bolsonaro, volta a atacar os outros poderes da República [1]. Sem citar nomes, ele diz que “geralmente quem leva um país para a ditadura é o chefe do Executivo. No Brasil é o contrário: quem segura o Brasil para não caminhar rumo à Venezuela é o chefe do Executivo’ [2]. Na mesma ocasião, ele também faz críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente em relação aos casos de corrupção envolvendo a Petrobrás durante a gestão petista [3]. Depois de meses de trégua desde os atos golpistas, convocados por ele [veja aqui] [veja aqui], no dia da independência [veja aqui], essas insinuações surgem após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ter intimado o presidente para depor na Polícia Federal (PF) sobre o vazamento de informações sigilosas de investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [veja aqui] [4].

Saiba mais sobre como foi a relação de Bolsonaro com os demais poderes em 2021

02 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro faz piada com desmoronamento em obra de metrô em São Paulo

Tema(s)
Administração, Transporte
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, refere-se ao desmoronamento ocorrido em obra de metrô em São Paulo, que abriu uma cratera na Marginal Tietê, como ‘transposição do Tietê’, rindo com seus apoiadores [1]. A ironia é feita em uma fala de comparação com a transposição do rio São Francisco, obra do governo federal iniciada em 2007, sob governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que objetiva levar água para regiões secas do Nordeste [2]. A construção no metrô refere-se à linha 6-Laranja, que passará na região, e o secretário de Transportes Metropolitanos da cidade de São Paulo afirma que a causa do acidente foi um rompimento de esgoto no local, mas que não houve vítimas [3]. O motivo para o rompimento não foi informado, mas a cidade passa por fortes chuvas desde 28/01 [4], quanto aos efeitos das quais o presidente culpabilizou as próprias vítimas [veja aqui], bem como seu governo negou a ajuda solicitada pelo governador João Doria apesar de dizer que iria atender as necessidades solicitadas pelas autoridades [veja aqui].

Veja mais sobre o caso

02 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro critíca regulação da internet

Tema(s)
Conflito de poderes, Informação
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro diz que o Congresso Nacional deve reagir a qualquer tentativa de regulação da internet ‘por qualquer outro Poder’ [1]. A fala, feita em discurso de reabertura dos trabalhos legislativos, acontece em meio ao embate entre o presidente e o STF por conta da investigação sobre o vazamento de um inquérito da Polícia Federal (PF) sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [2] [veja aqui] e suspensões de contas bolsonaristas pelo inquérito das fakes news [veja aqui]. Durante o discurso, Bolsonaro também afirma que ‘a nossa liberdade, a liberdade de imprensa garantida em nossa Constituição não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja nesse país’ [3]. O discurso em defesa da liberdade de expressão faz alusão a uma das propostas de governo do ex-presidente e pré-candidato à presidência, Luís Inácio Lula da Silva, que propõe a regulação da internet [4]. Apesar da fala em defesa da liberdade de imprensa, o presidente acumula episódios de ataques a jornalistas [veja aqui] e a veículos de imprensa [veja aqui]. Um recente relatório produzido pela organização Human Rights Watch ressalta os ataques feitos à imprensa brasileira pelo presidente Bolsonaro como uma ameaça à democracia no Brasil [veja aqui].

02 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro apoia podcaster apontado como disseminador de notícias falsas sobre a covid-19

Tema(s)
Ciência, Informação, Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Construção de inimigos

Na sua conta do Twitter, o presidente da República, Jair Bolsonaro, alegando a defesa da liberdade de expressão, manifesta apoio ao podcaster americano Joe Rogan, acusado por cientistas e profissionais de saúde de disseminar notícias falsas sobre a Covid-19, além de desincentivar a vacinação e promover o uso de remédios sem comprovação científica [1]. Até o momento, Rogan, que está marcado na publicação, não respondeu a mensagem, escrita em inglês, do presidente [2]. Cantores como Neil Young e Joni Mitchell ameaçaram retirar suas músicas da plataforma diante da inércia da empresa em combater a divulgação de notícias no programa de Rogan, o mais ouvido do Spotify [3]. Ainda que manifeste apoio à liberdade de expressão, Bolsonaro, que durante a pandemia teve postagens apagadas em redes sociais por causarem desinformação [veja aqui], frequentemente ofende profissionais da imprensa [veja aqui], especialmente mulheres, como as jornalistas Constança Rezende [veja aqui], Patrícia Campos Mello [veja aqui] e Vera Magalhães [veja aqui] [4]. Somente em 2019, foram registrados 116 ataques à imprensa [veja aqui], tendo o presidente sido denunciado no Conselho de Direitos Humanos da ONU por ataques a mulheres jornalistas em 2020 [veja aqui] [5].

Conheça mais o podcaster que Bolsonaro defendeu em publicação no Twitter

02 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro utiliza expressão depreciativa para se referir a nordestinos

Tema(s)
Administração, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O presidente Jair Bolsonaro, em transmissão ao vivo nas redes sociais, de modo depreciativo, utilizou o termo ‘pau de arara’ para se referir a nordestinos [1]. A menção ao termo surge quando Bolsonaro questiona aos seus assessores se algum deles sabe de qual cidade de Pernambuco era o Padre Cícero, segue dizendo que ‘cheio de pau de arara aqui e não sabe dizer que cidade fica o Padre Cícero’ [2]. A referência ao religioso surge durante os comentários feitos por Bolsonaro sobre a edição do decreto que, durante seu governo, revogou o luto oficial de 25 personalidades brasileiras . Um dos assessores do presidente afirma que o Padre Cícero era de Juazeiro do Norte (CE) e retifica o estado, apontando que o religioso era do estado do Ceará e não de Pernambuco [3]. O presidente já havia utilizado o termo para se referir a nordestinos durante o seu governo com seus assessores e membros da equipe. Em 2019, questionou ao ministro da infraestrutura, Tarcísio de Freitas, se tinha parente ‘pau de arara’. Durante entrevista, quando ainda era candidato à presidência da República, em 2018, Jair Bolsonaro afirmou já ter sido apaixonado por uma filha de ‘pau de arara’, em referência direta ao pai de Michelle Bolsonaro [4].

Entenda porque se referir a nordestinos como “pau de arara” é preconceito e discriminação

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro repete notícias falsas sobre pessoas comerem animais domésticos em Araraquara, supostamente em razão do isolamento social de combate à pandemia

Tema(s)
Distanciamento social, Informação, Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em transmissão ao vivo no Youtube, o presidente da República, Jair Bolsonaro, volta a afirmar que, por conta do isolamento social, os moradores de Araraquara tiveram que comer carne de cães e gatos, equiparando a situação da cidade com a da Venezuela [1]. Na ocasião, Bolsonaro critica as medidas de isolamento adotadas durante a pandemia [2]. No ano passado, o município teve que restringir, em duas ocasiões, a circulação de pessoas, fechando estabelecimentos e comércios, como forma de conter a alta no número de mortes pela Covid-19 [3]. As medidas reduziram o número de casos da doença na época [veja aqui] [veja aqui] [4]. Essas afirmações já haviam sido desmentidas em outras oportunidades no ano passado [5]. No entanto, diante da repetição dessas notícias, a prefeitura de Araraquara emite um novo comunicado, em repúdio à fala do presidente, informando que não foram registradas denúncias sobre o uso de carne de animais domésticos como alimento e reiterando sua atuação no combate à insegurança alimentar [6].

Leia mais sobre como o lockdown em Araraquara salvou vidas

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Estadual

Juiz Federal determina retirada de nome de torturador do relatório final da Comissão Nacional da Verdade

Tema(s)
Ditadura e memória, Informação, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Pernambuco

O juiz da 6ª Vara Federal de Pernambuco, Hélio Campos, determina a retirada de menções ao nome de Olinto Ferraz, ex-coronel da Polícia Militar de Pernambuco, do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) [1]. Olinto Ferraz era o diretor da antiga Casa de Detenção do Recife quando o militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Amaro Luiz de Carvalho, foi morto em condições suspeitas, sendo o ex-coronel apontado como um dos responsáveis pela estrutura do sistema que permitia graves violações aos direitos humanos [2]. A decisão, cujo processo transcorreu em segredo de justiça, é contestada por diversas entidades as quais criticam a atuação da Advocacia Geral da União (AGU) e também solicitam a retificação dos dados, argumentando que a medida em questão viola dispositivos da Lei de Acesso à Informação (LAI) e de diversas decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e abrindo, portanto, um perigoso precedente no Brasil [3]. Além disso, servidores do Arquivo Nacional também reclamam da conduta da AGU e afirmam que eles só foram informados da sentença, expedida no ano passado, quando o processo já havia transitado em julgado [4].

Saiba mais sobre a Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara de Pernambuco

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde cria ‘atestado genérico’ para desestimular a vacinação de crianças contra a covid-19

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O Ministério da Saúde prevê a possibilidade de qualquer médico produzir um atestado com ‘contraindicações relativas’ para a vacinação de crianças contra a covid-19 [1]. O Plano Nacional de Operacionalização (PNO) inclui esta nova medida em sua 12ª alteração e permite que qualquer problema de saúde seja passível de ser utilizado como justificativa para a não vacinação de crianças contra a covid-19 [2]. Especialistas dizem que a definição de contraindicações deve ser competência exclusiva do órgão de regulação do país, no caso do Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) e que a medida deve ser revista imediatamente [3]. Esta faz parte de uma série de medidas realizadas pelo governo federal para desencorajar a vacinação de crianças, tal como a divulgação de uma nota técnica para sustentar que a vacinação de crianças não deve ser obrigatória [veja aqui].

Saiba mais sobre nota técnica do Ministério da Saúde para desencorajar vacinação infantil contra covid-19 com argumentos jurídicos

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro quer reduzir atribuições da União e do Ibama sobre obras que interferem no meio ambiente e transferí-las a Estados

Tema(s)
Conflito de poderes, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O governo Bolsonaro prepara decreto presidencial com mudanças no processo de licenciamento ambiental de obras de infraestrutura em todo o país, retirando atribuições da União e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para repassá-las aos Estados [1]. Entre as mudanças propostas está que o licenciamento ambiental de portos e hidrovias passe a ser feito pelos Estados, onde serão realizadas as obras, retirando poder do Ibama, assim como acessos rodoviários de estradas, travessias urbanas, contornos rodoviários, ramais ferroviários, construção de terminais de carga, usinas térmicas, perfuração de poços e exploração de gás não convencional [2]. O presidente Bolsonaro enxerga como excesso de burocracia ações do Ibama e reclama das multas aplicadas pelo órgão e da dificuldade na liberação de obras de infraestrutura no país [3]. O Governo quer alterar o decreto publicado em 2015, que regulamenta a Lei Complementar 140/2011 [4], que estabelece qual é papel da União no licenciamento ambiental [5]. As discussões estão sendo realizadas entre os ministérios da Economia, do Meio Ambiente, de Minas e Energia além do próprio Ibama [6]. Especialistas alertam o risco da mudança, afirmando que ‘passar aos Estados a tarefa de analisar empreendimentos complexos, como hidrovias e ferrovias, vai enfraquecer o licenciamento ambiental’ [7]. Outras atitudes de desmonte da fiscalização ambiental federal já foram realizadas ao longo do governo Bolsonaro, como em abril de 2020, quando o então ministro do meio ambiente Ricardo Salles, após reportagem que mostrou ação do Ibama contra garimpo, exonerou o diretor de proteção ambiental do Ibama bem como outros dois coordenadores fiscais, que foram substituídos por coronéis e ex-comandantes da ROTA e Polícia Militar [veja aqui]. Em 2019, 80% dos municípios menos multados pelo Ibama foram os que mais apresentaram alta de desmatamento e,em relação à 2018, houve uma redução de 34% de multas, ainda que a degradação ambiental tenha aumentado [veja aqui].

Veja mais sobre relação do governo Bolsonaro e meio ambiente

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Judiciário
Nível
Estadual

Militar mata vizinho negro alegando tê-lo confundido com ladrão

Tema(s)
Raça e etnia, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Rio de Janeiro

Militar Aurélio Alves Bezerra dispara contra vizinho após tê-lo confundido com ladrão. Durval Teófilo Filho tentava abrir manualmente o portão de sua casa em Colubandê, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, quando foi atingindo. Ele foi socorrido pelos vizinhos e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos [1]. O caso é encaminhado para Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG); segundo dados da Polícia Civil agentes da instituição já realizaram diligências para esclarecer os fatos [2]. Em depoimento na DHNSG Bezerra, sargento da marinha responsável pelos disparos, afirma que o confundiu com um ladrão, pois assaltos são comuns na região e não havia o reconhecido, e declara que a vítima não tinha nenhuma arma nas mãos. O militar é indiciado por homicídio culposo e é estipulada a fiança de R$ 120 mil. A viúva de Durval, afirma que seu marido foi vitima da racismo e que a fatalidade não teria acontecido se ele fosse branco [3]. O caso retrata mais um exemplo de violência contra a população negra no Rido de Janeiro [veja aqui].

Leia mais sobre sobre outros casos de violência militar

03 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro faz publicação misógina nas redes sociais

Tema(s)
Gênero e orientação sexual
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), publica vídeo em sua rede social associando fala de funcionária defendendo contratação de mulheres com desabamento de um trecho do asfalto na Marginal Tietê devido a obras em linha de metrô próximas [1]. A empresa responsável pela construção publicou um vídeo em defesa ao emprego de mulheres na engenharia, que foi editado pelo deputado com cortes para imagens dos desastres e publicado em suas redes com legenda misógina, sexista e desrespeitosa [2]. Órgãos como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) e o Instituto de Engenharia emitem nota de repúdio afirmando que ‘atos como esse não serão tolerados’ e que ‘é um desserviço à sociedade, à evolução e um verdadeiro desrespeito’ [3]. O deputado já criticou discussão sobre gênero nas escolas em episódio que exalta torturador da ditadura militar [veja aqui].

04 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Abin inspeciona Inep antes da prova do Enem 2021

Tema(s)
Administração, Educação
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Apuração jornalística desta data aponta que documentos enviados pelo Ministério da Justiça à Câmara dos Deputados mostram que a Abin inspecionou o Inep [1]. A inspeção ocorreu antes da crise que levou a 37 pedidos de exoneração de funcionários do órgão, às vésperas da prova do Enem de 2021 [2].Os pedidos de exoneração ocorreram após servidores fazerem denúncias relacionadas àa fragilidade técnica e administrativa da gestão do Inep, à pressão psicológica e à vigilância velada durante a elaboração do exame, especialmente para que fossem evitadas questões que pudessem incomodar o governo Bolsonaro, tais como perguntas contendo ‘ideologia de gênero’ [veja aqui]. Após as denúncias de monitoramento do Inep pela Abin e a partir da denúncia de servidores de que o local de conferência das provas foi acessado por um policial federal, o Deputado Federal Alessandro Molon (PSB-RJ) pede explicações ao Ministério da Justiça sobre o motivo da entrada do policial, bem como sobre quem o autorizou e quais atos foram praticados por ele [3]. Em resposta ao pedido do deputado, o delegado da Polícia Federal, Eduardo Assis, assegura que o policial federal apenas ‘verificou se o ambiente possuía condições mínimas de seguranças’ e ressaltou que ‘não houve acesso ou sequer pedido de acesso às provas’ [4]. Após o incidente, a presidência do Inep impôs sigilo sobre o processo interno que permitiu a entrada do policial federal no órgão [veja aqui].

Leia sobre a crise no Inep

04 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Aval para exploração de nióbio na Amazônia cresce 156% durante o governo Bolsonaro

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas, Reforma Agrária
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o número de autorizações para exploração de nióbio na Amazônia, concedidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), cresce 156% em comparação aos anos anteriores no Brasil, que é o maior produtor desse metal no mundo [1]. Com jazidas localizadas, principalmente, no estado de Minas Gerais, cuja oferta é capaz de abastecer o mercado nos próximos ano, as novas áreas autorizadas para a prospecção do metal no país abrangem nove assentamentos destinados à reforma agrária nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima, além de franjas dos territórios dos povos indígenas Waimiri e Tenharim Marmelos e de uma Unidade de Conservação Federal [2]. Além de flexibilizar leis ambientais [veja aqui] e estimular a grilagem [veja aqui], o governo Bolsonaro, que há tempos defende a mineração do metal em áreas de conservação da Amazônia, encaminhou em 2020 um projeto de lei que, apesar de estar parado no Congresso Nacional, regulamenta a exploração de minérios em terras indígenas , o que atualmente é proibido pela Constituição Federal [3]. Em nota, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) afirma que não foi consultado e a Fundação Nacional do Índio (Funai) não quis se manifestar sobre as autorizações [4]. A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) na Câmara dos Deputados encaminha um requerimento para que o ministro de Minas e Energia preste esclarecimentos sobre o caso [5]. A líder do partido, Sâmia Bomfim (Psol-SP), ressalta que ‘É fundamental que o ministro Bento Albuquerque compareça à Câmara para que preste esclarecimentos sobre a exploração desenfreada aos nossos recursos naturais’ [6].

Entenda mais sobre as consequências da mineração em terras indígenas (em inglês).

05 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Defesa conta com mais orçamento do que Saúde, Educação e Infraestrutura em 2022

Tema(s)
Administração, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério da Defesa recebe mais de 20% do valor total, R$ 42,3 bilhões, reservados para investimento em 2022, e o valor investido é mais que o dobro da quantia aplicada na saúde e na educação juntas [1]. O próprio montante reservado para investimento público federal teve uma redução de 63% em relação a 2021, e áreas como transporte, educação e saneamento tiveram queda de 74%, 84% e 93%, respectivamente [2]. Essa distribuição gera críticas de especialistas [3], que alertam que o momento de enfrentamento da pandemia de covid-19 necessita de maiores esforços para áreas que foram impactadas pela crise sanitária [4]. Ainda segundo especialistas, o nível de investimento atual inviabiliza qualquer tipo de expansão dos institutos federais e das universidades [5]. Vale frisar que investimentos maiores na área de defesa, que são voltados a garantir a soberania estatal, preparando as Forças Armadas (FA) [6], não impactam diretamente na segurança pública, que defende a ordem jurídica e os direitos cidadãos, que é área separada situada no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) [7] e que se encontra precarizada, como se pode ver na redução de verba para a pasta nos estados mais populosos, em 2021, [veja aqui]. Na área da educação, o orçamento ao principal fomento de pesquisa no Brasil, o Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem sido o menor desde o começo do século XXI [veja aqui] e órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pela pós-graduação no país, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPS), também têm sofrido por falta de verba, afetando o repasse a demais instâncias, como os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) [veja aqui] e ter tido altos cortes nas bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado em 2019 [veja aqui], sendo o governo que menos gasta com o MEC desde 2010 [veja aqui]. Mesmo em meio à pandemia, o Brasil não aumentou o investimento na educação [veja aqui], ocorrendo o mesmo com a saúde, onde foi gasto recursos com medicamentos ineficazes no combate ao vírus [veja aqui], ao invés de destinar-se à aquisição de vacinas.

Veja mais sobre os investimentos do Orçamento de 2022

05 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Parlamentares descumprem decisão do STF e ocultam informaçães sobre emendas do Orçamento Secreto

Tema(s)
Administração, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Parlamentares continuam ocultando informações de repasses do chamado orçamento secreto [veja aqui], apesar de decisão [1]. De acordo com os dados do site do Congresso Nacional, foram destinados R$ 4,3 bilhões em indicações, valor muito abaixo dos R$ 6,6 bilhões reservados para emendas de relator-geral no período entre 13 e 31 de dezembro [2]. Além disso, em 48% dos casos não há informação sobre os congressistas que realizaram os pedidos [3]. Sem indicar os políticos responsáveis, nem os critérios que adotou para aprovar os pedidos, o relator-geral do orçamento, senador Márcio Bittar (PSL-AC), apenas listou como autores prefeitos, vereadores, representantes de entidades sem fins lucrativos e pessoas sem cargo público, os quais representam quase metade das indicações [4]. Como maiores beneficiários dos repasses estão o Partido Progressista (PP), ao qual pertencem o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; seguido pelo Partido Social Liberal (PSL), que abriga o relator-geral do Orçamento; e o Partido Social Democrático (PSD), sigla do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), cujo nome não aparece nos documentos [5][6]. Além do Congresso, os Ministérios da Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, Cidadania e Agricultura, que mais receberam verbas do orçamento secreto em 2021 [7], não divulgaram as informações sobre repasses do governo, descumprindo decreto presidencial [id ref=5448] [8]. Segundo especialistas, a falta de transparência ‘demonstra a captura do orçamento público para atender tão somente a curto prazo os que almejam se reeleger a qualquer custo [9].

Ouça mais sobre o orçamento secreto.

05 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

100 dias depois de publicado, relatório da CPI da Covid não resulta em nenhum inquérito

Tema(s)
Saúde, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, não solicita a abertura de nenhuma investigação para investigar os funcionários do alto escalão do governo – dentre os quais estão o chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, e outros quatro ministros -, após cem dias depois da publicação do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid [veja aqui][1]. Vale notar que Aras foi nomeado por Bolsonaro em 2019, sob fortes críticas da categoria, uma vez que seu nome estava fora da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional do Ministério Público [veja aqui] [2]. Parlamentares temem que a postura do PGR seja proposital e nada seja feito para responsabilizar o governo em relação aos crimes verificados na Comissão [3]. De acordo com Simone Tebet (MDB-MS), senadora que atuou na CPI, ‘o PGR não tem se mostrado solícito em relação a essa pauta, retardando de forma injustificada o avanço’ [4]. Renan Calheiros (MDB-AL), também membro da Comissão, afirma que a postura do procurador já era esperada, por isso, na tentativa de pressioná-lo, o colegiado decidiu entregar diretamente ao procurador a parte do relatório referente aos agentes que possuiam foro por prerrogativa de função [5]. Em mais uma tentativa de pressão para que o procurador exerça a sua função, os parlamentares criam a Frente Parlamentar ‘Observatório da Pandemia’, que trabalha junto à Comissão de Direitos Humanos do Senado, para dar efetividade aos trabalhos desenvolvidos pela CPI [6]. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anuncia em suas redes sociais que irá recolher assinaturas com o objetivo de protocolar um pedido de impeachment contra Aras e continuará o diálogo com outras instituições que receberam o relatório [7]. Em nota, Aras afirma que nenhum dos processos sob sua responsabilidade estão parados e que enviou ao STF todas as manifestações sobre indiciados que possuem prerrogativas de foro [8]. Aras apenas pediu a abertura de inquério no STF quando a ministra Rosa Weber o questionou, após receber notícia crime de senadores [9]. Ainda assim, em março, Aras pede pede o arquivamento de três apurações contra Bolsonaro, que ocorrem no Supremo, com base no relatório da CPI, mas a ministra Rosa Weber recusa o pedido [10]. As apurações investigam o cometimento de crimes nvolvem os crimes de charlatanismo, emprego irregular de verba pública e prevaricação no curso da pandemia [11]. Em julho, o Senado aciona o STF para que o PGR e a vice-procuradora, Lindôra Araújo, sejam investigados por crime de prevaricação, alegando que as autoridades não realizam atos de seu trabalho por interesses políticos e pessoais [12]. Segundo a peça enviada ao Supremo, ‘a atuação da gestão Aras após quase 3 anos deixa evidente o modus operandi da blindagem: abertura de procedimentos preliminares para não envolver a Polícia Federal, que participaria, se houvesse inquérito aberto, e, após o caso esfriar, pedir para arquivar. A conduta sorrateira, sempre ganhando tempo para, após, arquivar, sem jamais ter sequer aberto um inquérito, deve ser combatida’ [13]. Vale lembrar outras ocasiões em que Aras agiu conforme interesses de Bolsonaro [veja aqui].

Entenda melhor o que faz o PGR

05 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro dirige cometário gordofóbico a influencer nas redes sociais

Tema(s)
Controle de armas, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Nas redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro, diz que ‘não seria difícil’ acertar um ‘gordinho’ do tamanho do influencer Cauê Moura em uma ‘eventual invasão de propriedade’ [1]. O insulto foi proferido após o influencer publicar um vídeo no qual o presidente aparece tendo dificuldades em utilizar uma arma num clube de tiro [2]. Em resposta, Moura publica outra mensagem na qual, em tom de ironia, questiona: ‘Alguém procurando imóvel em Brasília? Tá disponível o duplex que eu aluguei na mente do presidente’ [3]. Ao conversar com apoiadores em Brasília sobre a visita ao clube, Bolsonaro aproveita a oportunidade para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que, por ‘coincidência’, atirou no alvo vermelho e que, se eleito, Lula recolherá todas as armas [4]. Não é a primeira vez que Bolsonaro profere comentários gordofóbicos. Em outras ocasiões, ele chamou pejorativamente o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB-MA) de ‘gordo’ e ‘gordinho’, além de perguntar a apoiadores ‘quem é o gordinho ditador aqui do Maranhão?’, referindo-se mais uma vez ao governador Dino [id ref= 5332] [5].

Descubra quais mecanismo jurídicos que podem ser utilizados na defesa dos direitos das pessoas gordas

07 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputado federal Kim Kataguiri defende existência de partidos nazistas na política brasileira

Tema(s)
Posicionamento político, Raça e etnia, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O deputado federal, Kim Kataguiri (DEM-SP), critica em entrevista a inexistência, no Brasil, de ‘um partido formal fascista ou nazista com espaço no parlamento e na imprensa’ e afirma que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo, pois, na opinião dele, esta não seria a melhor forma de lidar com o problema [1]. A afirmação é feita quando o deputado discutia a existência de partidos comunistas, como o PC do B e do PCB, no país [2]. Além do Deputado, o apresentador do programa, Bruno Monteiro Aiub, conhecido Monark, afirma que deveria existir ‘um partido nazista reconhecido pela lei’ e defende o ‘direito’ de ser antissemita [3]. Em oposição, a deputada federal, Tábata Amaral (PSB-SP), que também estava presente na ocasião, refuta as afirmações do apresentador, consideradas, para ela, ‘esdrúxulas’ [4]. Diante da repercussão, a embaixada da Alemanha no Brasil se manifesta contra as falas do deputado e do apresentador afirmando que ‘defender o nazismo não é liberdade de expressão’ [5]. O procurador-geral da República, Augusto Aras, abre um inquérito para apurar se houve crime de apologia ao nazismo [6] e a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), bem como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), anunciam que irão solicitar à Câmara dos Deputados que abra um processo de cassação contra Kataguiri [7], que, após a repercussão negativa, publica um vídeo explicando que não é nazista e foi mal interpretado [8]. Após o evento, alguns patrocinadores do programa retiram o apoio financeiro do podcast [9] e Monark, que alegou posteriormente estar muito embriagado no momento da gravação, é demitido [10]. Em 09/02, o presidente Jair Bolsonaro, sem citar diretamente o episódio, usa sua conta no Twitter para repudiar a ideologia nazista, equiparando-a ao comunismo [11]. No ano anterior, Bolsonaro se envolveu em uma polêmica sobre essa questão ao se encontrar com a deputada de ultradireita alemã Beatrix von Storch, que é acusada de defender ideais neonazistas [veja aqui] [12].

Leia mais sobre a proibição à apologia ao nazimo no Brasil e na Alemanha

07 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Líder do governo Bolsonaro no Congresso defende mudança das regras de indicação ao STF

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O senador e líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, Eduardo Gomes (PL-TO), reforça o discurso do presidente da República de planos para mudança nos critérios de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal [1]. Gomes diz não acreditar na possibilidade de impeachment, mas fala sobre fortes movimentações para a alteração de alguns campos, como tempo de mandato e composição do Supremo [2]. Além disso, Bolsonaro afirma se preocupar mais com as duas vagas abertas no Tribunal do que propriamente com as eleições [3]. Vale lembrar que já foram indicados, nessa gestão, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, sendo que, no próximo ano, mais duas novas vagas estarão abertas com a saída de Rosa Weber e Ricardo Lewandowiski [4]. Bolsonaro já havia se referido a Mendonça como “terrivelmente evangélico” e, ainda, solicitou que ele introduzisse as reuniões do Supremo com orações [veja aqui]. Além disso, o presidente da República também chegou a afirmar que teria 10% de si com o ministro agora integrando o Tribunal [veja aqui], sendo que já havia feito pronunciamento similar ao afirmar que com a presença de Mendonça ele teria 20% daquilo que gostaria que fosse aprovado no Supremo [veja aqui]. Dentro da onda de mudanças, o senador também menciona uma possível revisão da PEC da Bengala, projeto de lei responsável por fixar em 70 anos a idade para aposentadoria compulsória de servidores públicos [5]. Vale lembrar que não é a primeira vez que o governo traz a questão de indicações e seus critérios como forma de centralização de uma ideologia de governo. Em outubro de 2021, o presidente já havia falado que, se reeleito, exerceria nomeações para promover um tribunal alinhado à política de sua gestão [veja aqui]. Ainda nessa linha, é importante salientar que Nunes vem apresentando diversas opiniões contrárias às dos demais ministros, se alinhando às pautas do chefe do Executivo, como em relação ao voto impresso, à realização de cultos presenciais durante a pandemia de covid-19, bem como à promoção de perseguições a opositores do governo [veja aqui].

07 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretaria de Cultura publica medida que amplia cortes de orçamento no setor

Tema(s)
Cultura, Liberdade Artística
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Após grande impacto da pandemia de covid-19 no setor da cultura, o governo federal publica Diário Oficial da União um pacote de medidas que reduz pela metade o teto de valores que podem ser captados de empresas por meio da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet [1]. A medida limita também o cachê dos artistas em 90% – que antes tinha um teto de R$45 mil e passa agora para R$3 mil, em média [2]. O governo também reduz à metade o valor máximo de financiamento de projetos de teatro (exceto musicais) – o teto caiu de R$ 1 milhão para R$ 500 mil [3]. As disposições da instrução normativa publicada pelo governo estabelecem, ainda, um teto de R$ 4 milhões para atividades – como desfiles festivos, eventos literários e exposição de arte, e de R$ 6 milhões para as atividades categorizadas – como concertos, museus, óperas, bienais, teatro musical, projetos educativos, internacionalização da cultura brasileira, etc. [4] A decisão foi tomada na ausência de diálogo com a classe artística e determina, também, que todo espetáculo ou mostra a ser realizado com recursos captados através da Lei Rouanet precisam, necessariamente, do aval do Secretário da Cultura, Mário Frias [5]. Os cortes no setor da cultura, durante o governo Bolsonaro, ocorrem desde 2019 – ano marcado por uma grande redução no teto para captação de recurso que saiu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão, por projeto [6]. Em 2021, o Programa de Apoio à Cultura (Pronac) publicou uma portaria trazendo novas alterações e passou inserir as categorias de ‘arte sacra’, ‘arte contemporânea’ e ‘belas artes’ [7]. Neste período, a partir das novas disposições do Pronac, a Comissão Nacional de Incentivo a Cultura (CNIC) – órgão colegiado composto pela sociedade civil -, perdeu a sua competência deliberativa e deixou de integrar o processo de aprovação de programas e projetos culturais [8]. Em seguida, a norma passa a excluir as ações culturais de instituições que não são consideradas importantes pelo Secretário Especial de Cultura e mantém apenas as instituições que são ‘consideradas relevantes para a cultura nacional pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo’ – como museus públicos, patrimônio material, patrimônio imaterial e ações formativas do setor [9]. Ainda neste ano, após recursos de partidos políticos e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin determinou que o governo federal prestasse informações a cerca das medidas adotadas e salientou sobre a gravidade das afirmações, vez que, – segundo o ministro relator -, estas ‘combinam elementos que formam a razão de ser do próprio controle de constitucionalidade, a saber, a proteção contra perseguições políticas, contra a censura e contra o desmonte institucional dos aparatos institucionais do Estado’ [10]. Neste contexto, o secretário da Cultura afirma que o objetivo das medidas adotadas é tornar a legislação mais justa e popular [11].

Leia mais sobre a influência dos investimentos na cultura, através da Lei Rouanet, para a economia brasileira.

08 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Brasil se opõe a cumprir exigencia da OIT e se nega a incluir ‘trabalho seguro e saudável’ como direito fundamental

Tema(s)
Negacionismo, Trabalho
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Governo Bolsonaro se opõe à inclusão da categoria ‘condições de trabalho seguras e saudáveis’ na declaração de princípios fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) [1]. Caso as condições seguras e saudáveis sejam incluídas na declaração da OIT, os países membros da organização [assim como o Brasil], terão que reafirmar o compromisso de promover uma cultura [através da definição de um sistema de direitos, responsabilidades e deveres] em que o direito a trabalhar em um ambiente seguro e saudável é respeitado por seus governos, empregadores e trabalhadores [2]. O tema será discutido na 110ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (CIT), que acontecerá entre 27 de maio e 11 de junho de 2022 [3]. A imprensa apurou que o Ministério do Trabalho brasileiro agiu para tentar impedir o avanço da proposta da OIT, alegando que poderia haver uma enxurrada de ações trabalhistas [4]. O temor do governo é de que, com o novo conceito assegurado em um tratado internacional, sindicatos brasileiros sairiam fortalecidos em disputas legais ou negociações com empregadores [5]. Em fevereiro do ano passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) cobrou do governo de Jair Bolsonaro explicações sobre mudanças legislativas ocorridas durante a pandemia da covid-19 e que, na visão dos trabalhadores, violavam convenções internacionais [6].

Leia sobre inclusão da saúde e segurança como princípio e direito fundamental no trabalho pela OIT

08 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Justiça propõe anistia para possuidores de armas de fogo irregulares

Tema(s)
Administração, Controle de armas
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Anderson Torres, ministro da Justiça, propõe a elaboração de medida provisória para anistiar quem tem armas de fogo irregulares [1]. Torres pretende levar proposta ao presidente Bolsonaro e diz que é ‘uma questão fundamental regularizar essas armas, para que possamos saber onde estão e a quem pertencem. Hoje não temos conhecimento nenhum sobre grande parte delas’ [2]. A anistia permitiria que proprietários de armamentos registrem suas armas sem multa ou punição, uma antiga reivindicação da ‘Bancada da Bala’ [3] (frente parlamentar composta por políticos que defendem o armamento civil, flexibilização de leis relacionadas a armas e contra políticas desarmamentistas) [4].Documentos obtidos pela agência Reuters revelam que a Polícia Federal é contra os projetos de flexibilização do controle de armas que vêm sendo propostos por Bolsonaro e que os considera um retrocesso nas políticas de segurança pública [5]. Desde 2019, o governo federal vem promovendo mudanças na legislação armamentista que aumentaram a cota de armas de uso permitido e de uso restrito, como fuzis semiautomáticos [veja aqui], ampliação da quantidade de pólvora para recarga de munição [veja aqui] e autorizações de importação de armamentos [veja aqui].

Leia sobre os efeitos da política armamentista proposta pelo governo federal

08 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Agenda oficial informa que diretor do Ministério do Turismo estaria cumprindo despachos internos enquanto viaja aos Alpes Franceses

Tema(s)
Administração, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Segundo apuração jornalística publicada nesta data, José Nicolau Medeiros, membro da diretoria do Ministério do Turismo, viaja aos Alpes Franceses, embora conste em sua agenda oficial que ele estaria cumprindo ‘despachos internos’ na sede da pasta [1]. Entretanto, através de fotos divulgadas por sua namorada nas redes sociais, é possível observar que ele estava, na realidade, a milhares de quilômetros de distância do país esquiando na neve, alegando estar cumprindo ‘trabalho remoto’ [2]. Após a publicação da apuração jornalística, o ministério modifica a informação de ‘despachos internos’ na agenda do de Medeiros, passando a constar a informação ‘sem compromissos oficiais’ [3]. Filiado ao Partido Progressista (PP), ele é ex-prefeito da cidade de Barra de São Miguel e foi promovido para integrar a pasta do Turismo, recebendo um salário em torno de R$ 14.100 por mês [4]. Uma semana após o ocorrido, José Nicolau é promovido, pela gestão de Bolsonaro, para o cargo de secretário-executivo adjunto da Secretaria Executiva do mesmo ministério, recebendo um aumento para o valor de R$ 16.900, segundo o Diário Oficial da União (DOU) [5]. Além disso, poucos dias após sua promoção, Medeiros é exonerado de seu novo cargo e começa a integrar a campanha presidencial de Bolsonaro, recebendo o valor de R$ 20.000 para auxiliar o presidente [6].

08 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro usa inauguração de obra pública como ato de campanha com discurso negacionista e ofensivo a opositores

Tema(s)
Eleições, Posicionamento político, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente, Jair Bolsonaro, em visita oficial ao Rio Grande do Norte para a vistoria de obras públicas de segurança hídrica, afirma não ter errado durante a pandemia, mesmo havendo indícios apontados no relatório da ‘CPI da covid’ que sugerem o contrário [veja aqui] [1] . Na mesma ocasião, Bolsonaro ofende opositores políticos, especialmente o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff [2]. No evento de conclusão das obras de transposição do rio São Francisco na cidade de Jardim Piranhas (RN), em que ele estava presente, o ex-senador Magno Malta (PL-ES) defende a reeleição de Bolsonaro à presidência em 2022 e pede votos ao público, o que é proibido pela Justiça Eleitoral [3]. Ele ainda participa de uma ‘jeguiata’ com apoiadores que, em sua maioria, não usam máscaras, provocando aglomerações no local [4]. A ida ao estado faz parte de uma série de visitas ao Nordeste, ‘reduto político’ do partido de seu principal oponente nas eleições presidenciais, o ex-presidente Lula, e é apontada como estratégia política de Bolsonaro para diminuir a rejeição na região e reclamar para si a responsabilidade pela conclusão das obras de transposição do rio, iniciada anos atrás nos governos petistas [5].

Saiba mais sobre o papel do governo Bolsonaro na transposição do São Francisco

09 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro corta metade dos recursos de órgão responsável por patentes no Brasil

Tema(s)
Economia, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sofre corte de 50% (R$ 34 milhões) da proposta original orçamentária elaborada pelo próprio Ministério da Economia [1]. O presidente do órgão, Cláudio Furtado, compartilha um cenário de possível paralização total do instituto [2]. Em contigenciamento de recursos há pelos menos 5 anos, em 2016 o país registrou um estoque de mais de 243 mil pedidos de patente e mais de 421 mil registros de marca acumulados sem deferimento [3]. Em 2015 o orçamento do instituto era de 135 milhões [4]. Dez entidades representantes do setor industrial e de propriedade intelectual, entre elas a Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI) assinam carta contra a medida. O documento, direcionado ao Ministério da Economia e do Congresso Nacional, pede para que o corte nos recursos seja revisto [5]. O IBGE [veja aqui] a CAPES [veja aqui] o IBAMA E ICMBio [veja aqui] também sofrem com cortes substânciais do governo Bolsonaro, em contrapartida, mais da metade do orçamento de escolas cívicos-militares em 2020 serviu para pagar oficiais da reserva [veja aqui].

09 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro General Heleno afirma ter sido informado previamente sobre ataque ao STF por militantes extremistas

Tema(s)
Conflito de poderes, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Distrito Federal

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Augusto Heleno, declara em depoimento à Polícia Federal (PF) que os manifestantes do grupo conhecido como 300 do Brasil, informaram a intenção de adotar ‘posturas contra o STF ‘ [1]. Com depoimento coletado durante a oitiva do inquérito sobre milícias digitais, a delegada Denisse Ribeiro, relata ao ministro que as investigações da PF indicam que pessoas próximas ao Presidente da República estão dando ‘diretrizes’ e/ou orientando ‘ações virtuais’ contra os críticos do governo [2]. Ainda na oitiva, o general disse ainda ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra o tribunal e que sua articulação com o grupo se deu pois’ vislumbrava possibilidade de conflito’ [3]. Em sentido contrário, Sara Winter, membro do grupo 300 de Brasil, confirma em entrevista que general Heleno deu orientações para que atacassem o STF durante a ação do acampamento do seu movimento [4].

10 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma, sem provas, que Exército identificou vulnerabilidades nas urnas eletrônicas

Tema(s)
Eleições, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que o ministro da Defesa, general Walter Braga Neto, notificou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para responder sobre o levantamento feito pelo Exército de dezenas de vulnerabilidades sobre nas urnas eletrônicas [1]. Segundo Bolsonaro, o Tribunal ficou em silêncio [2]. Em resposta direta, a corte desmentiu o presidente e alegou que os pedidos de informações solicitados têm o objetivo de compreender o funcionamento do sistema, sem qualquer conclusão sobre a segurança do mesmo [3]. Já em agosto de 2022, o então presidente do TSE, ministro Edson Fachin, envia oficio para o Ministério da Defesa descredenciando um coronel representante da pasta para ‘fiscalização das eleições’ [4]. Em outras afirmações onde incita a descrença no sistema eleitoral brasileiro, o presidente ainda acusou o STF de ter interesse em torná-lo inelegível [veja aqui].

10 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Apenas 1,3% dos alertas de desmatamento recebem autuações do Ibama

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Segundo estudo divulgado nesta data, 10/02, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão de proteção do meio ambiente, realizou apenas 1,3% de embargo ou autuação a desmatamentos na Amazônia entre 2019 e 2020 [1]. Este número representa que apenas 6,1% do total da área de floresta desmatada teve infrações, o que corresponde a uma porcentagem muita baixa, dada a capacidade técnica para fiscalizar alertas em locais sinalizados pelo sistema, até sob uma maior distância [2]. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou o segundo maior índice de desmatamento na Amazônia desde 2015 [veja aqui]. No entanto, o Ibama, em 2021, gastou apenas 41% da verba dos R$ 219 milhões destinados para fiscalizar os biomas brasileiros contra crimes ambientais, o instituto costumava gastar entre 86% a 92% dos recursos disponíveis em governos anteriores ao de Bolsonaro [3]. Nesse período foi também registrada a menor quantidade de autuações ambientais das últimas duas décadas [4] há também queda de embargos e apreensões realizados por fiscais ambientais na Amazônia, caindo em 70% nas propriedades rurais em 2021, em comparação com 2018 [5]. A execução orçamentária reduzida e a diminuição na fiscalização ambiental registrados ocorrem em contrapartida à promessa do Brasil, na Conferência Climática da Organização das Nações Unidas (COP26), de acabar com o desmatamento ilegal até 2028/2030 [6]. A COP26 foi realizada em novembro de 2021, e no Brasil houve turbulência logo em seu início, já que o coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima pediu demissão porque governo federal não está em contato com a sociedade civil de modo transparente sobre o tema [veja aqui]. Em paralelo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já propôs diminuir a meta de redução do desmatamento ilegal, mesmo em meio ao aumento da devastação na Amazônia [veja aqui]. Em julho de 2020, Salles editou portaria do Ibama [7], alegando que os resultados do período entre junho de 2019 e maio de 2020 bateram 100% da meta de redução do desmatamento, apesar do Inpe apontar que o desmatamento amazônico foi maior que nos últimos anos [veja aqui].

Veja mais sobre o desmatamento na Amazônia durante governo Bolsonaro

10 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma que Exército encontrou vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, a despeito de não apresentar provas

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro afirma que o Exército levantou ‘dezenas de vulnerabilidades’ nas urnas eletrônicas, a despeito de não apresentar provas nesse sentido [1]. O presidente volta a colocar em dúvida a confiabilidade do voto através das urnas, sem apresentar provas, e diz: ‘nosso pessoal do Exército, da guerra cibernética, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades’ [2]. Bolsonaro afirma também que espera uma resposta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação aos supostos problemas encontrados pelo Exército [3]. Em resposta às alegações do presidente, o TSE afirma que ‘não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades’, como diz o presidente [4]. Durante o mandato, Bolsonaro tem descreditado por diversas vezes o sistema eleitoral brasileiro, como em 2020, quando afirmou apoiar projetos de lei Câmara para transferir o voto digital para impresso [veja aqui].No ano passado, o presidente também questionou o processo eleitoral e defendeu o voto impresso sem apresentar nenhuma prova [veja aqui]. Desde 1996, ano em que as urnas eletrônicas foram implementadas no Brasil, nunca houve comprovação de fraude no sistema [5].

Leia sobre os ataques de Bolsonaro as urnas

10 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma existir ‘ditadura das canetas’ no Brasil, ao se referir a decisões do Judiciário que supostamente violariam liberdades individuais

Tema(s)
Conflito de poderes
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, discursa contra a ‘ditadura das canetas’, por ele entendida como o conjunto de decisões do poder Judiciário, como as do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estariam corroendo liberdades individuais [1]. Neste sentido, Bolsonaro cita medidas de enfrentamento da pandemia do coronavírus adotadas por governadores e prefeitos, e confirmadas pelo STF, e providências de combate à propagação de fake news e de atos antidemocráticos, adotadas pelo TSE, para exemplificar ações que estariam violando liberdades individuais dos brasileiros [2]. O presidente, ainda, indaga qual seria a diferença entre ditaduras ‘que vem pelas armas’, citando Cuba e Venezuela, em relação às ditaduras ‘pelas canetas’, para concluir que não existiriam diferenças [3]. Em tom de ameaça, Bolsonaro afirma que algo aconteceria nos próximos dias para ‘nos salvar’ da suposta ditadura ‘das canetas’, mas não especifica o que isso quer dizer [4]. O episódio se soma a outros ataques de Bolsonaro a decisões do Judiciário, como quando não prestou depoimento ao ser intimado [veja aqui].

10 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que Globo pode ‘enfrentar dificuldades’ para renovar concessão de serviços de radiodifusão

Tema(s)
Imprensa, Informação
Medidas de estoque autoritário
Centralização de poder

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), diz que a TV Globo pode não conseguir renovar a concessão para o funcionamento dos serviços de radiodifusão [1]. Durante entrevista a uma rádio, Bolsonaro afirma que a renovação da concessão da emissora ‘é logo após o primeiro turno das eleições deste ano’ e que tem ‘informações de que eles vão ter dificuldades’ para consegui-la [2]. Apesar de sugerir que o canal pode não renovar a concessão, que vence no dia 5 de outubro deste ano, Bolsonaro não tem poder de decisão sobre essa e outras concessões de emissoras de rádio e televisão [3]. As emissoras só podem operar no Brasil depois de conseguir uma concessão pública, e a palavra final sobre a renovação delas cabe exclusivamente ao Congresso Nacional [4]. Especialistas afirmam que as concessões de radiodifusão ‘têm a maior proteção jurídica que existe no Brasil’ e que a legislação brasileira foi desenhada de forma a resguardar a liberdade jornalística e de expressão [5]. Durante seu mandato, o presidente fez diversos ataques a jornalistas e veículos de comunicação [veja aqui] [veja aqui], e de acordo com estudo divulgado este ano o governo Bolsonaro fez pelo menos 580 ataques a imprensa só em 2020 [veja aqui].

Leia sobre as ameaças de Bolsonaro a TV Globo

12 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro volta a questionar a confiança do sistema eleitoral e diz que TSE está evitando dar respostas

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O presidente da República, Jair Bolsonaro, diz em entrevista que ‘o sistema eleitoral brasileiro não é da confiança de todos’ e que deixa ‘dezenas de dúvidas’, solicitando que o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), preste esclarecimentos às Forças Armadas [1]. O presidente alega que o TSE está evitando responder perguntas feitas pelo Exército que apontariam vulnerabilidades na urna eletrônica [2]. Em resposta, o TSE diz que questões levantadas eram apenas técnicas e já foram respondidas detalhadamente pela Secretaria de Tecnologia da Informação do tribunal [3]. O Tribunal implementou a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), para minimizar dúvidas sobre seus processos, tendo representantes da Polícia Federal (PF), Exército, Ministério Público, Congresso, Tribunal de Contas da União (TCU) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) [4]. Em oportunidades anteriores, Bolsonaro já fez uma série de ataques à confiabilidade do sistema eleitoral, vazando dados sigilosos em suas redes sobre a investigação de invasão hacker ao TSE [veja aqui], episódio no qual não compareceu para prestar esclarecimentos à justiça [veja aqui].

Veja mais sobre fala de Bolsonaro acerca do sistema eleitoral

12 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Presidente da Fundação Palmares culpa vítima pela própria morte e diz que foi ’vagabundo morto por vagabundos mais fortes’

Tema(s)
Raça e etnia, Trabalho
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, diz em sua rede social que o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi ‘vagabundo morto por vagabundos mais fortes’ [1]. O assassinato de Moïse ocorreu em um quiosque no Rio de Janeiro, em 24 de janeiro de 2022 quando o congolês cobrava o pagamento por dois dias trabalhados sem receber [2]. Camargo nega homenagem ao jovem, alegando que ele ‘andava e negociava com pessoas que não prestam’ e que ‘a cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava’ [3]. Camargo escreve também que ‘Moïse foi morto por selvagens pretos e pardos – crime brutal. Mas isso não faz dele um mártir da luta antirracista nem um herói dos negros’ [4]. Houve repercursão de repúdio às postagens, como a do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), alertando que acionará o Ministério Público [5]. O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, anuncia que abrirá um processo legal contra Camargo [6]. Atitudes que minimizam o racismo no Brasil já foram realizadas anteriormente por Camargo, como quando anunciou lançar ‘selo não racista’ para ‘restaurar a reputação’ de pessoas que foram ‘tachadas de racistas’ [veja aqui], ou quando disse que ‘movimento negro é ‘escória maldita’ [veja aqui].

12 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Número de famílias beneficiadas por auxílio-reclusão cai 50,8% desde o início do governo Bolsonaro

Tema(s)
Administração, Prisões, Sistema penal e socioeducativo
Medidas de estoque autoritário
Restrição a direitos fundamentais

De acordo com reportagem desta data, número de famílias beneficiadas pelo chamado auxílio-reclusão cai mais da metade desde o início do governo Jair Bolsonaro [1]. Segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), total de pessoas que recebiam o auxílio antes da atual gestão do governo federal era de 46.750 [2]; enquanto, em dezembro de 2021, apenas 23.010 tinham acesso ao recurso [3]. A queda no repasse do benefício se dá devido a uma mudança na legislação provocada por Bolsonaro [4]. Uma medida provisória, editada pelo presidente da República em 2019, alterou a lei que regulamenta o auxílio, endurecendo os critérios para ter acesso a ele [5]. Bolsonaro também determinou através de medida provisória que o auxílio-reclusão seja pago somente a dependentes de quem está em regime fechado, e não mais para o preso em regime semiaberto [6]. A coordenação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), se manifesta contrária às restrições do governo federal relativas ao auxílio-reclusão e afirma: ‘Querem condenar as famílias, as crianças, os idosos, quem for dependente do preso, a ser preso junto com ele’ e que a redução ‘é uma crueldade com a população pobre’ [7]. O benefício é um direito previsto na Constituição Federal, trata-se de um direito previdenciário, assim como o auxílio-doença e o salário-maternidade [8].

Leia sobre os impactos sociais da diminuição do auxílio-reclusão

13 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Projetos de Bolsonaro para tentativa de reeleição somam o valor de R$230 bilhões

Tema(s)
Administração, Economia
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Ministério da Economia pode lidar com gastos em torno de R$230 bilhões em 2022 devido a projetos de alto custo propostos pelo atual governo [1]. Segundo especialistas, os projetos compõe a estratégia de Bolsonaro para elevar sua aprovação e, consequentemente, aumentar suas chances de reeleição, uma vez que as últimas pesquisas o apontam em segundo lugar nas intenções de voto [2]. Uma das principais medidas apresentadas é a PEC dos combustíveis, que buscava isentar os impostos federais sobre a gasolina e o diesel, o que, por si só, geraria um déficit de quase R$100 bilhões no orçamento do Executivo [3]. Além disso, devido aos prejuízos causados pela pandemia de covid-19, também se buscou favorecer empresas de médio e grande porte por meio do perdão de dívidas e de isenções fiscais, entretanto, tais benefícios foram estendidos até mesmo às empresas que lucraram durante o período, o que, segundo previsões geraria um custo de R$92,1 bilhões no ano de 2022 [4]. Ainda dentro do rol de projetos, o senador Ângelo Coronel busca revisar o Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), elevando a isenção para o valor de R$3.300, o que prevê gastos em torno de R$35 bilhões [5]. Vale lembrar que essas não foram as únicas ações de Bolsonaro para conquistar apoiadores. Em maio de 2021, o orçamento secreto de emendas parlamentares para obtenção de apoio do Congresso chegou a 3 bilhões [veja aqui].

13 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

PGR arquiva investigação contra Bolsonaro por interferência no Iphan

Tema(s)
Conflito de poderes, Cultura, memória
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Procuradoria Geral da República (PGR) arquiva pedido de investigação contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, denunciado por interferência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para beneficiar o empresário Luciano Hang [1]. Bolsonaro fez discurso na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 15/12/21, onde afirmou ter demitido diretores do Iphan por terem interditado uma obra da Havan, empresa de Hang [2]. No discurso, o presidente disse ‘Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta e ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá’ [3]. Foram três notícias-crime enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro André Mendonça as encaminhou ao procurador-geral da República, Augusto Aras [4]. Parlamentares se juntaram para denunciar Bolsonaro por crimes de advocacia administrativa, prevaricação e corrupção passiva [5]. O vice-PGR, Humberto Jacques de Medeiros, alega que há ‘ausência de tipicidade [6] e falta de provas convincentes da materialidade’ [7]. Não é a primeira vez que Bolsonaro interfere no Iphan. Em maio de 2020,o presidente indicou amiga da família para ocupar o cargo de presidenta do instituto [veja aqui]. A descredibilização de artefatos históricos pelo presidente também já ocorreu anteriormente quando afirmou que ‘o cocozinho petrificado de um índio’ atrapalha a realização de obras e criticou atuação do Iphan dizendo que o instituto ‘para qualquer obra no Brasil’ [veja aqui]. A PGR já solicitou ao STF para arquivar outras denúncias de crime realizados pelo presidente, como no caso do inquérito da divulgação de informações sigilosas sobre ataque hacker ao STE [veja aqui].

Escute podcast que explica com detalhes a interferência de Bolsonaro no Iphan e em outros órgãos públicos

14 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro confere mais poder à Casa Civil para arbitrar atos normativos como leis, medidas provisórias e decretos

Tema(s)
Administração, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Centralização de poder

O presidente da República, Jair Bolsonaro, edita decreto ampliando os poderes do Ministério da Casa Civil, chefiada por Ciro Nogueira (PP). Com este novo decreto, caso haja embate entre ministérios em relação a atos normativos, o chefe pode vetar propostas apresentadas, bem como instituir soluções, podendo, inclusive, formular texto distinto para a norma [1]. Antes, se houvesse divergência capaz de inviabilizar o acordo, o ato normativo não era publicado [2], sendo que, agora, Ciro pode dar a palavra final no âmbito desses conflitos. A Secretaria Geral justificou a mudança argumentando que tal medida conferiria maior eficiência e dinamicidade para o procedimento [3], entretanto, Ciro Nogueira foi nomeado para a Casa Civil em julho de 2021 e, desde então, tem se mostrado como um dos maiores aliados de Bolsonaro [4]. Vale lembrar que Bolsonaro já havia ampliado os poderes da pasta para questões de segurança pública em maio de 2021 , bem como em relação a políticas orçamentárias [5]. Além disso, alguns meses antes da nomeação de Nogueira, a Casa Civil havia elaborado uma lista com 23 acusações e críticas à gestão do governo federal durante a pandemia a ser enviada para a CPI, encerrada em outubro de 2021 [veja aqui]. Segundo especialistas, essa lista apresentava crimes de responsabilidade por parte do presidente [6].

Leia sobre as funções e competências da Casa Civil e confira o que muda com a ampliação dos poderes da Casa Civil em relação ao orçamento

15 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro edita decretos que dificultam a fiscalização do garimpo ilegal na Amazônia Legal

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O presidente da República, Jair Bolsonaro, assina dois decretos que dificultam a responsabilização de garimpeiros ilegais da Amazônia Legal [1]. Um dos decretos simplifica a análise de empreendimentos de pequeno porte pela Agência Nacional de Mineração (ANM); o outro, cria o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mape), estimulando mineração artesanal e em pequena escala. As legislações são editadas com justificativa de fomentar o desenvolvimento sustentável regional e nacional [2]. A ação envolve seis Ministérios, sendo eles o de Minas e Energia, da Cidadania, da Justiça, da Segurança Pública, do Meio Ambiente e da Saúde, além da Casa Civil [3]. O garimpo legal é regulamentado pela concessão de Permissões de Lavras Garimpeiras (PLGs), mas os decretos abrem espaço também para garimpo ilegal, que são aqueles realizados em áreas de conservação ambiental e/ou em terras indígenas [4]. A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), afirma que ‘o decreto que estimula ‘mineração’ em pequena escala, leia-se garimpo, é uma afronta para a Amazônia. Se sem nenhum estímulo à atividade tem sido um desastre ambiental e social, imaginem com estímulo’ [5]. Representantes de outras entidades, como a campanha Amazônia do Greenpeace, também se manifestam, como a porta-voz do movimento que afirma que ‘o decreto diz aos garimpeiros: não temam, vou regularizar vocês. Essa mensagem vai na contramão do dever da PF [Polícia Federal] de combater o garimpo, por exemplo’ [6]. A fiscalização do garimpo ilegal apresenta problemas anteriores aos decretos: em maio de 2020 a comunidade Palimiú, que vive no território indígena Yanomani em Roraima, sofreu ataques violentos de garimpeiros ilegais durante dez dias e não recebeu atenção dos órgãos responsáveis [veja aqui].

Ouça podcasts sobre a Amazônia Legal e o garimpo

15 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia é investigada por suspeita de compartilhar dados de cidadão com bancos

Tema(s)
Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia está sob processo de investigação por ter compartilhado dados dos cidadãos através de acordo com os bancos [1]. O acordo foi realizado em janeiro de 2022, com a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com termos que permitem a divulgação de dados biométricos e biográficos para uma ‘degustação experimental’. A medida partiu do procurador da República, Alfredo Falcão, do Ministério Público Federal de Pernambuco [2]. A representação para que ocorra investigação do acordo foi feita por Carlos Veras (PT-PE) [3]. Ele afirma que os termos não são claros e que não fica definido quais dados serão utilizados, ou por quanto tempo [4]. Dessa forma, os acordos violariam a Lei Geral de Proteção de Dados. Segundo o governo, os dados que os bancos têm acesso são dados biométricos, informações de registro civil, dentre outras informações das bases da Justiça Eleitoral [5].

15 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretário especial de Cultura, Mario Frias, nomeia cunhado para cargo de confiança na Embratur

Tema(s)
Administração, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Mario Frias, secretário especial de Cultura, nomeia seu cunhado, Christiano Camatti, para cargo de coordenador de infraestrutura na Agência Brasileira de Turismo (Embratur) [1]. Christiano estaria recebendo salário no valor de R$ 18,4 mil, bem como auxílio emergencial [2]. Christiano também é sócio de uma empresa de siderurgia e metalurgia em Santa Catarina junto com a irmã, Juliana Camatti, esposa de Mario Frias [3]. Ao ser questionado, através de ligação telefônica, a respeito da nomeação, Camatti contradiz informações oficiais do governo e nega trabalhar na Embratur, sendo que, mais tarde, ao receber visita de repórter, se nega a descer e afirma por telefone não ter nada a declarar [4]. Vale lembrar que não é a primeira vez que o secretário tenta interferir em nomeações. Em agosto de 2020, ele buscou intervir na escolha do brasileiro responsável por representar o Brasil no Oscar, visando alguém que, segundo ele, estivesse mais alinhado com a política do governo [veja aqui]. Mario Frias já estava sob mira do Tribunal de Contas da União após gastar R$ 39 mil em uma viagem a Nova Iorque para assistir o lutador de jiu-jítsu Renzo Gracie [5] [6].

15 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

População negra é a mais abordada pela polícia do Rio, independente da ocorrência, aponta estudo

Tema(s)
Raça e etnia, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Estudo publicado nesta data aponta que negros são o grupo mais abordados por policiais na cidade do Rio de Janeiro, e que mais sofrem abusos ou constrangimentos nessas ocasiões [1]. O levantamento revela que 63% das pessoas abordadas pela polícia na cidade do Rio são negras; 79% dos que tiveram sua casa revistada pela polícia eram negros; quase 80% dos que tiveram um parente ou amigo morto pela polícia são pessoas negras [2]. O relatório mostra que ações do cotidiano, quando exercidas por pessoas negras, são consideradas suspeitas [3]. A pesquisa também evidencia um panorama onde as ações policiais no estado do Rio de Janeiro possuem um viés racial e que o racismo está no centro da atividade policial e do sistema de justiça criminal [4]. Após a repercussão do estudo na mídia, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), divulga uma nota afirmando que a corporação tem a missão central de defender a sociedade do Rio e que suas ações são baseadas em protocolos rígidos, treinamentos e orientação [5]. A PM também afirma que a maioria do contingente policial militar vem das classes de base da sociedade, incluindo as comunidades carentes, o que torna os agentes parte do contexto estrutural, histórico e social em que atuam [6].Em maio do ano passado, após a chacina do Jacarezinho, a Coalizão Negra por Direitos salientou a seletividade das ações violentas praticadas pela PM do Rio de Janeiro promoveu uma manifestação nacional contra a continua chacina e genocídio do povo preto [veja aqui].

Leia sobre o viés racial das abordagens policiais no Rio de Janeiro

15 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro se refere a ministros do STF como adolescentes e defensores do Lula

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Novamente, o presidente Jair Bolsonaro ofende os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao chama-los de ‘adolescentes’ e afirmar que os ministros têm preferência por um partido político [1]. O presidente não cita nomes, mas diz que o objetivo dos ministros é o tornar ilegível e eleger o candidato Lula, assuntos de competência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [2]. Vale lembrar que os ministros comuns entre o STF e o TSE são Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes [3]. Nesse mesmo discurso, Bolsonaro discursa sobre a anulação das condenações do ex-presidente Lula [4], e diz que se os ministros estão preocupados com ataques ao sistema eletrônico das urnas é porque não confiam no sistema eleitoral vigente [5]. Não é a primeira vez que Bolsonaro e seu governo ofendem os ministros do STF: e 01/2022 quando Bolsonaro acusa STF de utilizar de ‘poder ditatorial’ ; em 04/2022, quando ameaça descumprir de ordens do TSE [veja aqui], em 03/2022, quando diz que os ministros ‘não estiquem a corda’ [veja aqui], em 02/2022, quando o goveno acusa o ministro do TSE de imparcialidade [veja aqui] ou quando ofendem o sistema de votação brasileiro [veja aqui] [veja aqui].

16 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro vai a Rússia e declara apoio ao Presidente Vladimir Putin, em meio a invasão da Ucrânia

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Durante visita oficial à Rússia, Bolsonaro declara ‘Somos solidários à Rússia’, em meio a escalada do conflito russo com a Ucrânia [1]. O presidente brasileiro afirma que Brasil e Rússia tem muito no que colaborar, citando temas de defesa, agricultura, petróleo e gás [2]. As declarações são feitas antes da coletiva de imprensa final entre os dois líderes, na qual Bolsonaro disse pregar a paz e respeitar ‘quem age desta maneira’ [3]. A viagem de Bolsonaro à Rússia acontece em um momento de elevada tensão entre Moscou e o Ocidente por causa do acúmulo de tropas russas na região de fronteira com a Ucrânia [4]. O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, critica a viagem de Bolsonaro , dizendo durante entrevista, que a ida à Rússia aponta a falta de neutralidade do presidente em meio a um eminente conflito militar [5]. Outros especialistas também criticam a visita presidencial e afirmam que além de Bolsonaro correr o risco de aumentar o isolamento com líderes ocidentais, ele também faz um movimento de apoio à extrema direita na política internacional, tendo também em vista a visita do presidente à Hungria, governada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, considerado um dos principais expoentes da ultradireita na Europa [6].

Leia a análise de especialistas sobre ida de Bolsonaro a Rússia

16 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro reforça desinformação ao questionar a necessidade de passaporte de vacinação nas eleições

Tema(s)
Eleições, Informação
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, questiona Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a obrigatoriedade de passaporte de vacinação nos locais de votação [1]. Na ocasião, também, pergunta se os tribunais, prefeitos e governadores terão autonomia para estabelecer medidas sanitárias e para exigir o comprovante de vacina para a votação, afirmando que a resolução de diretrizes eleitorais divulgada pelo Tribunal não aborda essa questão especificamente [2]. Segundo o TSE, o gesto do deputado representa um incentivo à desinformação, uma vez que abre margem para a propagação de fake news que condicionem a votação à vacina [3], sendo que o monitoramento do TSE apontou a circulação de mensagens inverídicas sobre a pretensão de que se exigisse a vacina para votar [4]. Além disso, a consulta de Eduardo Bolsonaro, segundo especialistas, pode significar, também, sua preocupação com a possibilidade de alguns eleitores apoiadores de Jair Bolsonaro não serem contemplados [5], uma vez que o presidente, em diversas ocasiões, reforçou um discurso de teor negacionista em relação à eficácia da vacina, como por exemplo, em abril de 2021, quando afirmou que seria o último a se vacinar .

16 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro volta a questionar validade do sistema eleitoral

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro volta a desacreditar o sistema eleitoral Brasileiro [1]. Durante a entrevista, o presidente voltou a atacar as urnas eletrônicas e disse que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) querem torná-lo inelegível ‘na base da canetada’, para que ‘seu candidato, que é o Lula’, seja eleito [2]. Em resposta a uma declaração do ministro Edson Fachin que usou a Rússia como exemplo de país que não possui legislação específica contra ataques hackers, Bolsonaro, que estava em viagem ao país, afirma: ‘Não estou na Rússia para programar ataque hacker a computadores do TSE’ [3]. O presidente também diz: ‘Difícil continuar três ministros do STF agindo dessa maneira, é uma perseguição clara, essas três pessoas [Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes] não contribuem com o Brasil em nada’ [4]. Bolsonaro vem fazendo diversos ataques ao sistema eleitoral como nas ocasiões em que afirmou que as eleições de 2018 foram fraudadas [veja aqui] [veja aqui], xingou o presidente do Superior Tribunal Eleitoral [veja aqui], e duvidou da imparcialidade do sistema eleitoral brasileiro [veja aqui].

Leia sobre os ataques de Bolsonaro ao STF

16 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Responsável por nota antivacina assume a chefia da secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nomeia Angotti Neto como secretaário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde [1]. O cargo era ocupado por Mayra Pinheiro, conhecida como ‘capitã cloroquina’, que, atualmente, disputa as eleições como candidata a deputada federal [2]. Angotti Neto é conhecido por ser a favor do ‘kit covid-19’ e por sua nota técnica, publicada em janeiro, que duvida da eficácia da vacina [veja aqui] [3]. O novo secretário foi questionado pelo Supremo Tribunal Federal pelo posicionamento favorável a métodos não comprovados cientificamente eficazes contra a covid-19 e obriga esclarecimentos do Ministério da Saúde [4]. Porém, o posicionamento do Ministério da Saúde evita contraindicar o uso do ‘kit covid’ e afirma existir ‘assédio da imprensa’ sob o veto às orientações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) .

16 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro usa lema fascista em visita à Hungria

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

O presidente da República, Jair Bolsonaro, em visita à Hungria, utiliza o lema ‘Deus, Pátria, Família e Liberdade’ para expressar o alinhamento político com Viktor Orbán, presidente húngaro e expoente da extrema direita europeia [1]. O lema, cunhado na década de 1920, no contexto fascista, também foi utilizado pelo integralismo, movimento brasileiro de extrema direita no século XX [2]. Na Hungria, Bolsonaro declara que Orbán é ‘irmão dadas as afinidades’ [3]. Já o líder húngaro ressalta que ambos ‘concordam que migração é um fenômeno negativo’ [4]. O Governo Bolsonaro coleciona relações com o nazismo e fascismo, em 2020 o então Secretário da Cultura, Roberto Alvim lança vídeo com referências nazistas [veja aqui]; em 2021 o presidente em comitiva com o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, os deputados Eduardo Bolsonaro e Bia Kics se reúnem com Beatrix von Storch, vice presidente do Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita alemã e neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler [veja aqui].

17 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Economia diz em reunião do G20 que a democracia brasileira é ‘barulhenta’

Tema(s)
Conflito de poderes, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma durante o Fórum Mundial de Economia, em Davos, que a democracia brasileira é ‘barulhenta, mas funcional’ [1]. Segundo Guedes, entende-se o barulho como a ‘demarcação de território entre os poderes’, já que todos os eles teriam opiniões diferentes e procurariam protagonismo [2]. Logo, para ele, a democracia brasileira não está em risco como muitos julgavam em 2018 com a eleição de Bolsonaro, pois o conflito e cooperação entre os poderes é normal em toda democracia [3][4]. Vale lembrar que o conflito de poderes é incentivado pelo próprio governo do qual Guedes participa, visto que Bolsonaro e seu governo ofendem os tribunais, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seus ministros: em 01/2022, Bolsonaro acusou o STF de utilizar de ‘poder ditatorial’ ; em 04/2022, ameaçou descumprir de ordens do TSE [veja aqui]; em 03/2022, disse que os ministros ‘não estiquem a corda’ [veja aqui]; em 02/2022, acusou ministro do TSE de parcialidade [veja aqui] e ofendeu o sistema de votação brasileiro [veja aqui] [veja aqui].

17 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Procurador-geral da República pede arquivamento de inquérito contra Bolsonaro sobre compra superfaturada de vacina

Tema(s)
Administração, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Augusto Aras, procurador-geral da República (PGR), solicita ao Supremo Tribunal Federal (STF) arquivamento do inquérito que aponta prevaricação – quando agente público não cumpre o dever de seu cargo em razão de interesse pessoal – do presidente Jair Bolsonaro na compra da vacina indiana Covaxin [1]. A investigação foi instaurada em junho de 2021 pelo Ministério Público Federal (MPF), a partir de indícios de irregularidades e superfaturamento nas negociações da compra das vacinas, realizadas entre Ministério da Saúde (MS) e a empresa privada Precisa Medicamentos, que intermediou a compra [veja aqui]. A Procuradoria-geral da República, menos de um mês depois da abertura do inquérito, já havia solicitado sua suspensão alegando que seria uma investigação concorrente à CPI da covid-19 [veja aqui]. O PGR alega que segue o entendimento da Polícia Federal (PF), que, em 31 de janeiro de 2022, já havia dito que não foi identificado crime do presidente da República [2], conclui pela descaracterização de crime de Bolsonaro, pontuando que não é ‘dever funcional’ do presidente reportar irregularidades às autoridades [3]. As denúncias de irregularidades na compra da vacina foram feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, servidor público do MS, Luis Ricardo Miranda, que ao deporem à CPI, contaram que Bolsonaro não demonstrou grande surpresa com a denúncia e que chegou a atribuir a responsabilidade ao líder do governo na Câmara [4]. O relatório final da CPI da covid-19 indiciou, em outubro de 2021, o presidente da República por 11 (onze) crimes, dentre eles a prevaricação [veja aqui], indiciando também ministros, políticos do governo, empresários e lobistas ligados ao caso [veja aqui]. Aras foi indicado ao cargo na PGR pelo Bolsonaro, quebrando a tradição da escolha do primeiro colocado na lista tríplice, elaborada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) [veja aqui]. O apoio de outras instâncias importantes da esfera do poder público a Bolsonaro, como a Advocacia-geral da União (AGU), já foi visto em outros momentos, como quando negou que o presidente havia cometido crime ao vazar dados sigilosos da PF, alegando em um informe que ele tinha feito antes da matéria estar sob sigilo [veja aqui]. Outros casos de superfaturamento de compras de vacinas no governo Bolsonaro também foram relatados, como a negociação do então ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que estava fechando compra de 30 milhões de doses da Coronavac pelo triplo do preço do Butantan, e se o contrato fosse firmado seria compra mais cara que a da covaxin [veja aqui].

Veja mais sobre o relatório da CPI do caso Covaxin

18 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Inep retira do ar dados do Censo Escolar e do Enem

Tema(s)
Educação, Informação
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), retira do ar informações – conhecidas como ‘microdados’- do Censo Escolar da Educação Básica e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de anos anteriores [1]. Ao divulgar os dados do Censo Escolar de 2021 e do Enem de 2020, o órgão exclui os arquivos que continham informações de anos anteriores alegando, supostamente, que a supressão dos dados é medida necessária para adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) [2]. Nos últimos anos, o censo do Inep trazia informações sobre as escolas, alunos e professores. O último Censo Escolar (2021) publicado apresenta um caráter mais reduzido e omite dados sobre alunos e professores. Aproximadamente 44% dos microdados do Enem de 2020 deixam de integrar o relatório e cerca de 60 colunas (de um total de 136) que detalham a situação dos participantes no exame são excluídas do arquivo [3]. Os dados publicados nos anos anteriores, em cumprimento às normas da Lei de Acesso à Informação, não tornavam públicas informações pessoais obtidas de alunos e professores – como nome, RG e CPF [4]. Os dados levantados pela pesquisa estatística do Inep e pelo Enem são utilizados por gestores, pesquisadores e servem como ferramentas para a formulação de políticas públicas no setor da educação [5]. A decisão da autarquia gera questionamentos por parte de especialistas quanto a necessidade – uma vez que a proteção de dados pessoais já era feita em anos anteriores -, e um conflito aparente com o princípio da transparência da administração pública e a Lei de Acesso à Informação [6]. Em nota, o Inep afirma que apesar dos microdados sobre a educação não estarem mais sobre domínio público, poderão ser usados por pesquisadores via requerimento ao Serviço de Acesso a Dados Protegidos (Sedap) [7].

Leia análise sobre como a retirada do ar de informações acerca da educação pelo Inep pode prejudicar o sistema educacional brasileiro, sob o pretexto de adequação a LGPD

18 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

PGR pede que STF arquive denúncia contra Bolsonaro por vazamento de informações sobre o ataque hacker ao TSE

Tema(s)
Conflito de poderes
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Augusto Aras, procurador-geral da República (PGR), pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) que arquive inquérito sobre a participação de Bolsonaro (PL) na divulgação de informações sigilosas sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [1]. Discordando da investigação da Polícia Federal (PF), Aras entende que Bolsonaro não cometeu crime [2] ao compartilhar no Twitter informações sobre o inquérito da PF que apura invasão hacker a sistemas da Justiça Eleitoral em 2018 [veja aqui]. A PGR assume que as informações foram ‘eventualmente difundidas de forma distorcida pelos investigados’, porém, que ‘em nada afetam a conclusão de atipicidade das condutas apuradas [3]. Na manifestação enviada ao STF, Aras também pede o arquivamento da investigação sobre a responsabilização do presidente por não comparecer em depoimento à PF para prestar elucidações a respeito do mesmo inquérito [4]. Especialistas apontam alinhamento injustificado da PGR com o governo de Bolsonaro, o que gera a consequente neutralização de um eixo legal para a responsabilização do presidente em casos onde o mandatário não age de acordo com as leis [5]. No ano passado, a PF criticou a inação da PGR em relação a apuração de inquéritos onde Bolsonaro e seus apoiadores são investigados [veja aqui]. Em julho de 2021 a PGR mandou suspender as investigações sobre crime de prevaricação praticado pelo presidente [veja aqui].

Leia sobre o alinhamento entre Bolsonaro e Aras

18 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Comandante da Polícia Militar de Minas Gerais libera manifestação de militares da ativa contra governador

Tema(s)
Conflito de poderes, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Minas Gerais

O coronel Rodrigo Rodrigues, comandante-geral da Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, libera manifestações contra o governador Romeu Zema (NOVO), com participação de policiais da ativa, para cobrar recomposição salarial [1]. A reivindicação é uma cobrança ao governador que, em 2019, assinou acordo oferecendo reajuste de 41% às forças de segurança, apesar de aplicar apenas 13%, vetando o restante da porcentagem [2]. Policiais civis e agentes penitenciários também participam da manifestação, que conta com bombas e foguetes lançados na Praça da Estação, região central da capital, onde houve a concentração do protesto [3]. Em nota do comando, o coronel diz que ‘trata-se de um evento legítimo, inclusive com a participação de quem ombreia na ativa ou ombreou o bom combate e estabeleceu alicerces para estarmos onde estamos’ [4]. Segundo a Constituição Federal e o regulamento das Forças Armadas, protestos contra superiores são vedados pela lei a policiais e bombeiros, podendo configurar motim [5]. Em junho de 2021, o presidente Bolsonaro editou decreto que viabiliza militares da ativa em cargos do governo, indo contra o Estatuto dos Militares, que prevê mudança de ativa para reserva após dois anos de exercício em emprego público [veja aqui]. A soma de militares da ativa e da reserva, se comparado com 2018, cresceu em 123% na ocupação de cargos da administração pública [veja aqui].

20 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério das Relações Exteriores impõe sigilo sobre relatórios da viagem de Bolsonaro à Rússia

Tema(s)
Informação, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério das Relações Exteriores (MRE) impõe sigilo de 5 anos sobre relatórios da viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia [1]. A visita ao país ocorreu no período entre 15 e 18/02 deste ano, uma semana antes da invasão à Ucrânia [2][veja aqui]. A revelação da imposição de sigilo ocorre após a apresentação de um pedido de acesso a informações da visita da comitiva brasileira ao país, realizado pela bancada do Psol na Câmara dos Deputados [3]. O pedido, que contém 15 questionamentos sobre a viagem, requer detalhes sobre os assuntos tratados entre Bolsonaro e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, inclusive em relação à possibilidade de invasão à Ucrânia [4]. Em 12/04, o Itamaraty edita ofício no qual confirma que os dois presidentes conversaram sobre a situação, mas deixa de dar detalhes, sob a alegação de que a divulgação pode ‘prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados ou organismos internacionais’ [5]. Além dos questionamentos sobre a situação na Ucrânia, a bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) também pede informações sobre a ida do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) junto à comitiva brasileira, ao que o ministério responde que a definição de quem integra as viagens presidenciais é de ‘competência do presidente’, destacando que a ida de Carlos não gerou custos ao governo federal [6][veja aqui]. O documento também informa que a viagem à Russia custou mais de R$1,1milhão aos cofres públicos [7]. Em 19/04, a bancada do PSOLsol solicita à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara a convocação do chanceler Carlos França para prestar informações a cerca da realização da viagem às vésperas da invasão russa na Ucrânia, da ida de Carlos Bolsonaro à Rússia e à Hungria e do alinhamento de Jair Bolsonaro com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, um dos expoentes da extrema direita no mundo [8]. Sobre a imposição de sigilo aos relatórios de viagem de Bolsonaro à Rússia, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirma que ela ‘dá margem a muita manipulação e ocultação da verdade. Tem muita conveniência’ [9]. Vale lembrar que, de acordo com relatório publicado em maio deste ano, o Gabinete de Segurança Institucional, órgão de inteligência da Presidência da República, tem imposto um número recorde de sigilos sobre dados do governo [veja aqui].

21 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Férias de Bolsonaro em SC custaram aproximadamente R$900 mil aos cofres públicos

Tema(s)
Administração, Informação
Medidas de estoque autoritário
Flexibilização de controle

De acordo com dados da Secretaria-Geral da Presidência, obtidos pela imprensa por meio da Lei de Acesso à Informação e publicados nesta data, o presidente Bolsonaro e sua comitiva gastaram quase R$900 mil dos cofre públicos nas férias presidenciais de fim de ano, em São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina (SC) [1]. Entre 7 de dezembro de 2021 e 4 de janeiro de 2022, período em que esteve na cidade, o presidente andou de jet ski várias vezes e frequentou parques de diversões [2]. Na mesma data, durante entrevista a uma rádio, Bolsonaro diz desconhecer o valor gasto durante as férias em Santa Catarina e que a quantia não foi usada como gasto pessoal [3]. Bolsonaro gastou até o fim de 2021, R$ 29,6 milhões com cartões corporativos [4]. O montante desembolsado é 18,8% maior do que os R$ 24,9 milhões consumidos ao longo dos quatro anos do mandato presidencial anterior, dividido por Dilma Rousseff (2015-2016) e Michel Temer (2016-2018) [veja aqui]. As férias de Bolsonaro coincidiram com o período em que moradores da Bahia sofriam com as enchentes que destruíram casas, deixando milhares de desabrigados no estado [5] . Nesta data, a hashtag #BolsonaroVagabundo é o assunto mais comentado da rede social Twitter [6]. Na mesma data, o subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União, Lucas Furtado, encaminha representação à presidente da Corte, ministra Ana Arraes, em que pede a apuração dos ‘gastos extremamente elevados’ no cartão corporativo de Bolsonaro [7].Os gastos com o cartão corporativo foram colocados sob sigilo de 100 anos pelo governo federal [8].

Leia sobre os gastos de Bolsonaro no cartão corporativo

23 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência levanta suspeita sobre ministros do Tribunal Superior Eleitoral

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, critica ministros do Tribunal Superior Eleitoral TSE [1], afirmando que tem ‘dúvidas com relação à isenção e imparcialidade de futuros processos eleitorais’ [2]. O ministro, que é general do Exército, segue o mesmo discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL), o qual já chamou os ministros do TSE de ‘adolescentes’ e disse ‘eles que atuam para a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva’ (PT) [3]. A declaração de Ramos ocorre no dia seguinte à posse da nova presidência da corte eleitoral, por Edson Fachin [4]. No discurso de posse, Fachin diz que o respeito ao resultado das urnas ‘é também proteger o avanço civilizatório’, fala considerada uma crítica a Bolsonaro, que vem contestando a confiabilidade das urnas eleitorais [5]. Em 2020, Ramos fez menções à ruptura institucional e disse para o TSE não ‘esticar a corda’ [veja aqui]. Bolsonaro e membros do governo vem atacando os ministros do TSE [veja aqui], descredibilizando o processo eleitoral e as urnas eletrônicas [veja aqui] [veja aqui] durante a atual gestão do Governo Federal.

Leia sobre as tensões entre Governo federal e TSE

23 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência levanta suspeitas, sem provas, à imparcialidade de ministro do TSE

Tema(s)
Eleições, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, afirma ter dúvidas sobre a imparcialidade e isenção dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [1]. A declaração ocorre um dia após a posse do ministro Edson Fachin para a presidência da corte [2]. Dois meses depois, Ramos afirma que as Forças Armadas estão ‘sempre vigilantes’, em resposta ao ministro Luís Roberto Barroso que se queixa do uso das Forças Armadas como estímulo para descrença do sistema eleitoral brasileiro [3]. Bolsonaro também afirma que o exército realizou levantamento sobre as vulnerabilidades das urnas, o que foi negado pelo TSE [veja aqui], diz em entrevista que o então presidente da corte Luís Roberto Barroso deve esclarecimentos a Forças Armadas [veja aqui] e que o STF tem interesse em torná-lo inelegível [veja aqui].

23 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro volta a ameaçar STF e pede que ministros ‘não estiquem a corda’

Tema(s)
Conflito de poderes, Economia
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Durante um evento do BTG Pactual com investidores, o presidente Jair Bolsonaro – ao lado de Paulo Guedes, Ministro da Economia, e Ciro Nogueira, Ministro da Casa Civil – critica indiretamente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, em tom de ameaça, afirma que estes não deveriam ‘esticar a corda’ [1]. Esta declaração ocorre logo após uma série de medidas adotadas por ministros do STF e TSE – seguidas de críticas recorrentes do presidente aos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso -, que atingiram políticos e apoiadores do seu governo [2]. Bolsonaro menciona algumas decisões adotadas pelos tribunais e afirma que estas medidas ferem o direito à liberdade de expressão, cita casos como a desmonetização de páginas que veiculam desinformação sobre as urnas eletrônicas e a prisão do deputado federal Daniel Silveira – PSL [3]. Na ocasião, ao se dirigir aos investidores, o presidente questiona-os sobre a possibilidade do retorno do PT e insinua que isso resultaria em fenômenos como a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, volta do imposto sindical, reestatização de empresas públicas que foram privatizadas, interferência nos preços da Petrobrás, fortalecimento do MST, desmilitarização da Polícia Militar, legalização do aborto e das drogas no Brasil [4]. Neste cenário, o presidente afirma que o retorno do PT, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, seria ‘ficar ao lado do abismo’ [5]. O presidente comenta, ainda, que a população não deveria aceitar ‘quem vencer, venceu’ e coloca novamente em dúvida a legitimidade do sistema eleitoral [6] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui].

Leia mais sobre a relação de Bolsonaro com o poder judiciário, o STF e a relação entre o antipetismo do presidente e suas críticas ao STF

23 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro silencia sobre guerra na Ucrânia e desautoriza declaração de Mourão sobre o conflito

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Após declaração do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, negando a neutralidade do Brasil frente à guerra na Ucrânia e condenando a invasão do país pela Rússia, Jair Bolsonaro desautoriza a fala de seu vice, afirmando que não é competência de seu cargo declarar os posicionamentos internacionais, mas apenas do presidente [1]. Apesar de defender que cabe a ele tal tipo de declaração. Bolsonaro evita comentar sobre o assunto em seus demais discursos nos seus compromissos oficiais [2]. Vale lembrar que a posição declarada por Bolsonaro, anteriormente, com ajuda de seus ministros, segue a mesma linha de suposta neutralidade diante da Guerra da Ucrânia [3]. Ele afirma que Brasil é neutro neste conflito, contudo dá declarações contraditórias que demonstram medo de se indispor com Putin, presidente da Rússia [veja aqui], ou falas que indicam força militar da Rússia [veja aqui], ou ainda visitas a Putin em meio à guerra [veja aqui].

25 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro troca diretor-geral da Polícia Federal, após este encontrar indícios da prática de crime pelo presidente

Tema(s)
Administração, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Carla Zambeli, deputada federal (PL), cria página na internet para auxiliar não vacinados a escaparem das exigências de comprovação de imunização [1]. Nesta data, a deputada lança site com orientações para que pessoas que não se vacinaram contra a covid-19 driblem a exigência do passaporte vacinal para entrar em escolas, creches e outros estabelecimentos [2]. A plataforma conta com uma nota que explica que os documentos disponibilizados no site ‘darão suporte para formular o pedido administrativo de suspensão da exigência de apresentação do passaporte vacinal’ [3]. Apesar das recomendações de especialistas que garantem que a imunização contra o coronavírus é segura e com base em evidências científicas, Zambelli diz que a proposta visa a ‘fortalecer a defesa da liberdade individual’ de quem optou por não se vacinar [4] Em dezembro de 2020, o STF decidiu que a vacinação contra o coronavírus é obrigatória [5]. A deputada, que é uma das principais aliadas de Bolsonaro, se alinha ao presidente nas críticas à vacinação, sobretudo infantil [6]. Nesta data, Zambelli encaminha ofício à Anvisa, ao Ministério da Saúde, à Secretaria da Saúde do Estado da Paraíba, à Secretaria de Saúde do Município de Lucena, e ao Ministério Público Federal solicitando a suspensão da vacinação infantil no Brasil [veja aqui]. Nesta data, durante audiência pública do Ministério da Saúde, sociedades médicas e conselhos federais defenderam a vacinação contra a covid-19 inclusive em crianças [7].

Leia sobre as trocas no comando da PF durante o governo Bolsonaro

25 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Agências reguladoras têm um terço de seus cargos vagos no Governo Bolsonaro

Tema(s)
Administração, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

De acordo com levantamento desta data, 11 agências reguladoras nacionais tem 33% de cargos vazios [1]. No setor da mineração cerca de 1/3 dos cargos criados por lei estão sem comando [2]. No momento em que se discute no Congresso Nacional mudanças no funcionamento das agências reguladoras, o presidente Jair Bolsonaro afirma que elas tem função de criar dificuldades ao governo e que estes órgãos ‘podem muito mais’ que os ministérios [3]. Atualmente vários cargos de chefia e direção estão ocupados por interinos o que é prejudicial pro setor já que não gozam de autonomia e condições seguras para tomada de decisões. Criadas no governo FHC, como desdobramento das privatizações, as agências atuam na regulação dos serviços públicos executados pela iniciativa privada para que se garanta o nível técnico a segurança jurídica da prestação de serviço [4]. Para a ANTT, em 2021, Bolsonaro indicou um nome que contraria a Lei Geral das Agências Reguladoras caracterizando ‘nítido conflito de interesses’, como aponta a União Nacional dos Servidores de Carreira das Agencias Reguladoras (UnaReg) [veja aqui]

26 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro faz declarações contraditórias acerca da neutralidade brasileira no conflito entre Rússia e Ucrânia

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro defende neutralidade brasileira frente à Guerra da Ucrânia, mas possui discursos contraditórios [1]. O presidente, após ser cobrado por assessores e aliados, diz se manter neutro frente ao conflito entre Rússia e Ucrânia [2]. Porém, em declarações posteriores, Bolsonaro demonstra medo ao se indispor com Putin, principalmente por conta de responsabilidade sobre os acordos econômicos importantes entre Brasil e Rússia [3]. Bolsonaro também já ironizou o líder da Ucrânia por ter sido comediante antes de Presidente e que o povo ucraniano sofre as consequências de ter colocado o destino da nação nas mãos de um comediante [4]. Anatoliy Tkach, chefe da embaixada da Ucrânia no Brasil, por sua vez, coloca que a posição neutra serve apenas para um aumento das tensões e que é imprescindível que todos os participantes da comunidade internacional se responsabilizem para evitar um possível conflito [5]. Além disso, o embaixador afirma que espera apoio do Brasil, bem como frisa que o presidente ucraniano foi democraticamente eleito, não importando sua profissão anterior [6]. Por sua vez, o diplomata brasileiro no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho, em um primeiro momento, realiza discurso duro contra Rússia [7], mas na sua segunda declaração limita-se a defender a retirada das tropas e o cessar-fogo, sem mencionar Putin ou fazer repúdio as ações do russo [8]. Bolsonaro produz ainda desdobramentos dessa posição ao declarar que ‘quem ganha a guerra é quem tem mais canhão’ e toma posições contrárias à defesa da paz [veja aqui], assim como seus apoiadores zombam dos refugiados de guerra [veja aqui]. Ademais, houve repercussões negativas no mundo da diplomacia, com o exemplo da declaração de Fabiana Tronenko, ex-embaixatriz ucraniana no Brasil, de que ‘a falta de posicionamento do Brasil em relação à guerra na Ucrânia é um obstáculo à acolhida de refugiados que fogem do conflito com a Rússia’ [9]. Por fim, se faz crucial firmar que a crise é sem precedentes neste século na Europa e que isso, além de aumentar a responsabilidade dos países, afeta diretamente a dinâmica de todos os outros Estados-nação no globo [10].

Saiba mais sobre como a neutralidade pode afetar, diretamente, o impacto da guerra

27 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma que ‘quem ganha a guerra é quem tem mais canhão’, em relação a conflito na Ucrânia

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Após declaração oficial do presidente Bolsonaro decidindo posição neutra sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia [re id = 5400], afirma que a guerra da Ucrânia acabará rapidamente, pois quem tem mais canhões, ganha a guerra [1]. Nesta manifestação, o presidente diz que ‘as sanções econômicas contra a Rússia ‘dificilmente’ devem prosperar’, argumenta que todos os países são interdependentes e que fará de tudo para que as sanções realizadas não prejudiquem o Brasil de forma alguma [2]. Defende também, durante a entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que continuará neutro e sem ‘palpites’ sobre a ação dos países [3], assim como sua primeira declaração [veja aqui] [4]. Além do mais, afirma que não tem o que conversar com o presidente ucraniano, apesar das pressões que são feitas para essa ação [5].

Entenda o impacto das sanções russas produzidas pelo conflito na Ucrânia

28 fev 2022
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