Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro faz declarações contraditórias acerca da neutralidade brasileira no conflito entre Rússia e Ucrânia

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro defende neutralidade brasileira frente à Guerra da Ucrânia, mas possui discursos contraditórios [1]. O presidente, após ser cobrado por assessores e aliados, diz se manter neutro frente ao conflito entre Rússia e Ucrânia [2]. Porém, em declarações posteriores, Bolsonaro demonstra medo ao se indispor com Putin, principalmente por conta de responsabilidade sobre os acordos econômicos importantes entre Brasil e Rússia [3]. Bolsonaro também já ironizou o líder da Ucrânia por ter sido comediante antes de Presidente e que o povo ucraniano sofre as consequências de ter colocado o destino da nação nas mãos de um comediante [4]. Anatoliy Tkach, chefe da embaixada da Ucrânia no Brasil, por sua vez, coloca que a posição neutra serve apenas para um aumento das tensões e que é imprescindível que todos os participantes da comunidade internacional se responsabilizem para evitar um possível conflito [5]. Além disso, o embaixador afirma que espera apoio do Brasil, bem como frisa que o presidente ucraniano foi democraticamente eleito, não importando sua profissão anterior [6]. Por sua vez, o diplomata brasileiro no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho, em um primeiro momento, realiza discurso duro contra Rússia [7], mas na sua segunda declaração limita-se a defender a retirada das tropas e o cessar-fogo, sem mencionar Putin ou fazer repúdio as ações do russo [8]. Bolsonaro produz ainda desdobramentos dessa posição ao declarar que ‘quem ganha a guerra é quem tem mais canhão’ e toma posições contrárias à defesa da paz [veja aqui], assim como seus apoiadores zombam dos refugiados de guerra [veja aqui]. Ademais, houve repercussões negativas no mundo da diplomacia, com o exemplo da declaração de Fabiana Tronenko, ex-embaixatriz ucraniana no Brasil, de que ‘a falta de posicionamento do Brasil em relação à guerra na Ucrânia é um obstáculo à acolhida de refugiados que fogem do conflito com a Rússia’ [9]. Por fim, se faz crucial firmar que a crise é sem precedentes neste século na Europa e que isso, além de aumentar a responsabilidade dos países, afeta diretamente a dinâmica de todos os outros Estados-nação no globo [10].

Saiba mais sobre como a neutralidade pode afetar, diretamente, o impacto da guerra

27 fev 2022
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