Governo Federal é solicitado a explicar ao Supremo Tribunal Federal(STF), sobre a ida do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) à Rússia [1]. A solicitação foi feita pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes, que determinou nesta data, que o Palácio do Planalto informe as condições para a participação do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), na comitiva presidencial que viajou em visita oficial a para a Rússia [2]. Moraes também determinou que à Câmara dos Vereadores do Município do Rio de Janeiro, informe se concedeu uma eventual licença oficial ao vereador para realização da viagem [3]. Questionado sobre a presença de seu filho na viagem, Bolsonaro afirmou que Carlos cuida de suas redes sociais [4]. Nesta data, em resposta ao STF, o Governo Federal afirmou que a viagem do vereador, não gerou custos ao governo, não disse qual seria a origem dos recursos [5].
Leia sobre a falta de transparência do governo federal nos gastos públicos
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) debocha de tortura sofrida por Míriam Leitão, na época grávida, durante ditadura militar no Brasil, em que após ser presa foi deixada em uma sala escura com uma cobra [1]. A jornalista fez uma postagem em suas redes sociais, compartilhando uma coluna em que diz que Jair Bolsonaro é inimigo da democracia [2] e o parlamentar recompartilha ironizando a agressão sofrida por Míriam: ‘ainda com pena da [emoji de cobra]’, comenta [3]. Essa frase já havia sido usada antes pelo pai do deputado, Jair Bolsonaro, em 2017, em uma entrevista concedida ao filho da jornalista, Matheus Leitão, onde Jair também se referiu à expressão ‘coitada da cobra’ [4]. A jornalista já foi alvo de ataque da família Bolsonaro, como em 2019, quando o presidente da República minimizou seu relato de tortura à imprensa estrangeira, dizendo que abuso na ditadura militar é ‘um drama todo, mentiroso’ [veja aqui]. O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abriu processo para apurar a postura do deputado, a pedido de partidos da oposição [5]. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condena a atitude e diz que causa indignação não só no meio jornalístico como no econômico e no político [6]. A postura do governo Bolsonaro perante a minimização da tortura na ditadura já é conhecida, como em dezembro de 2020 onde em conversa com apoiadores questionou a violência sofrida pela ex-presidenta Dilma Rousseff, a qual teve dente arrancado, foi pendurada em pau de arara e sofreu tortura psicológica [veja aqui]. O presidente também já enalteceu o período e militares da época, que cometeram infrações aos direitos humanos, em outros momentos [veja aqui].
Ouça podcast sobre o assunto
O presidente da República, Jair Bolsonaro, contesta acusações de corrupção, alegando que ‘imprensa e 2 ou 3 de outro Poder ficam enchendo o saco o tempo todo’ [1]. No mesmo evento, promovido pelo Grupo Voto, diz ‘a esquerda quer botar a culpa em mim, até quando o cara broxa em casa ele me culpa’ [2]. Bolsonaro sugere a empresários retaliar rede de TV Globo por meio de corte de anúncios como forma de mudar o Brasil [3]. As acusações de corrupção a que se refere o presidente giram em torno do caso do processo de licitação do Ministério da Educação para comprar ônibus escolares superfaturados [4]. O presidente já realizou ataques à imprensa que ferem outros direitos humanos, ao total, até junho de 2021, foram 580 ataques seus e de sua base, colocando o Brasil em queda no ranking de liberdade de imprensa [veja aqui]. Relatório do Repórteres Sem Fronteiras mostra estratégia de Bolsonaro em transformar a mídia em ‘inimigo comum’, realizando média de um ataque a cada três dias [5].
Entenda mais sobre a liberdade de imprensa no governo Bolsonaro e como ela está sendo atacada
Junio Amaral (PL-MG), deputado federal, publica vídeo em suas redes sociais empunhando um arma de fogo, com a qual ameaça receber petistas e o ex-presidente Lula (PT) em sua casa [1].O vídeo é postado em resposta a um trecho do discurso do petista durante um evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde o ex-presidente disse que manifestações em frente ao Congresso Nacional ‘não movem uma pestana de um deputado’ e que ir até a casa dos congressistas surte mais efeito, porque incomodaria a ‘tranquilidade’ dos parlamentares [2]. No vídeo, Junio informa o local onde mora e diz: ‘eu vou esperar vocês lá, tanto sua turma quanto você [Lula]. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha, tá bom? Vocês serão muito bem-vindos’, enquanto segura uma arma [3]. Após as ameaças, o Partido dos Trabalhadores entra com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Junio Amaral (PL-MG) atribuindo ao parlamentar os crimes de ‘ameaça, incitação ao crime e apologia de crime ou criminoso’ [4].
Leia sobre as ameaças de parlamentares bolsonaristas a opositores
De acordo com apuração jornalística publicada nesta data, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) destinou R$ 26 milhões de recursos do Ministério da Educação (MEC) ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de kits de robótica para escolas de pequenas cidades de Alagoas [1]. Todos os sete municípios beneficiados contam com deficiências educacionais mais urgentes do que a adoção de projetos de robótica: falta de salas de aula, de computadores, de internet e até de água encanada [2]. Os R$ 26 milhões liberados para aquisição de kits de robótica aos municípios alagoanos representam 68% do total pago neste ano pelo FNDE para todo o país [3]. Os contratos foram firmados com a mesma empresa intermediária, a qual não produz kits de robótica [4] e cujos sócios são aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) [5]. Vale lembrar que cabe a Lira administrar a distribuição do Orçamento Secreto [veja aqui] [veja aqui], de onde veio o custeio para o material [6]. Em nota, o congressista diz não ter envolvimento com a contratação de empresas pelos municípios, que não solicitou aceleração de liberações e que os processos obedecem a critérios técnicos do FNDE [7]. Contudo, segundo especialistas, os kits foram adquiridos com sobrepreço e há indícios de que a liberação dos recursos foi feita sem observar critérios técnicos e com privilégios ao apadrinhamento político [8]. O presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, afirma, em audiência da Comissão de Educação do Senado, que a compra destes kits de robótica muito possivelmente atendeu a ‘indicações parlamentares’ [9]. Ponte já foi chefe de gabinete do ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), o qual, junto a Lira, comanda o Partido Progressista [10]. Vale lembrar também que o MEC e o FNDE foram investigados por um possível esquema informal de obtenção de verbas, operado por pastores evangélicos que não possuíam cargo público [veja aqui]. A investigação levou à exoneração do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em 28/03 deste ano [veja aqui].
Saiba mais sobre o orçamento secreto e o seu impacto no desenvolvimento de municípios brasileiros
O presidente Jair Bolsonaro (PL) comemora a rejeição do pedido de urgência para tramitação do Projeto de Lei das Fake News na Câmara dos Deputados [1]. Durante evento no Banco do Brasil, Bolsonaro diz: ‘parabenizo os parlamentares que ontem não deram urgência ao projeto das fake news’, afirmando que, se o texto fosse aprovado pelos deputados, acabaria com a liberdade nas redes sociais [2]. Projeto de Lei Brasileiro de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, conhecido como PL das Fake News, prevê frear a disseminação de notícias falsas na internet, responsabilização e punição de culpados [3]. O projeto prevê a limitação do número de envios de uma mesma mensagem a usuários e a grupos de usuários, limitando também o número de membros por grupo [4]. Durante o mandato, Bolsonaro tem criticado as tentativas de regulamentação da transparência na internet, como no caso em que tentou barrar o acordo entre o TSE e Whatsapp para conter a propagação de notícias falsas na plataforma [veja aqui]. O governo federal é alvo de uma investigação que corre no Supremo Tribunal Federal sobre a produção e disseminação de notícias falsas, inclusive tinham a intenção de favorecer a eleição de Bolsonaro em 2018 [veja aqui].
Leia sobre como funciona a propagação de fake news na internet com fins políticos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) critica a imprensa por noticiar uma licitação no âmbito do Ministério da Educação (MEC), preparada pelo governo federal, com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões [1]. O presidente ataca os jornalistas que revelaram o risco de sobrepreço na negociação e diz: ‘Ah, é fruto do jornalismo investigativo. Investigativo pipoca nenhuma, rapaz. Bando de sem-vergonha, jornalistas. Não investigam nada‘ e completa: ‘deixa a licitação acontecer pô’ [2]. Dias antes, durante evento promovido pelo Grupo Voto, Bolsonaro já havia atacado a imprensa pelas denúncias a respeito dos ônibus super faturados [veja aqui]. Na licitação em questão, o governo aceitou pagar até R$ 480 mil para adquirir ônibus escolares destinados a prefeituras que deveriam custar no máximo R$ 270,6 mil por unidade, usando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) [3]. O órgão é presidido por Marcelo Ponte, que chegou ao cargo por indicação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), considerado um dos ‘super-ministros’ de Bolsonaro [4]. A imprensa também revela que a FNDE atropelou as orientações do Tribunal de Contas da União (TCU) e da própria área técnica, que apontaram risco de sobrepreço nos valores dos ônibus [5]. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou pedidos no Ministério Público Federal do Distrito Federal e no Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para suspender a licitação e apurar a responsabilidade do presidente do FNDE, Marcelo Ponte, e do diretor da entidade, Garigham Amarante [6].
Leia sobre o superfaturamento na licitação para a compra de ônibus pelo governo federal
Governo Bolsonaro promove o desmonte políticas para indígenas, quilombolas e de igualdade racial [1]. Segundo levantamento divulgado nesta data, em 2021, foram autorizados R$ 746,34 milhões para o orçamento da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas menos de um quarto do valor foi destinado para ações do órgão cujos impactos são sentidos diretamente pelas comunidades indígenas [2]. Em relação às comunidades quilombolas foram autorizados em 2021 apenas R$340 mil para o reconhecimento e indenização de territórios quilombolas, dos quais foram pagos R$ 164 mil [3]. Dos R$ 281,3 milhões que foram autorizados para a implementação, melhoria e ampliação de serviços sustentáveis de saneamento básico, em pequenas comunidades rurais ou em remanescentes de quilombos, apenas R$ 29,5 milhões foram executados, o que corresponde a 10% do total [4]. No que diz respeito à Promoção da Igualdade Racial, o recurso gasto em 2021 foi cerca de oito vezes menor do que em 2019, o valor autorizado no ano passado foi de R$ 3 milhões, mas apenas parte do valor destinado foi utilizado para ações de enfrentamento ao racismo [5]. Além da redução do investimento, o governo Bolsonaro tomou diversas medidas contra comunidades indígenas e quilombolas durante sua gestão, como na ocasião em que o presidente autorizou a remoção de comunidades quilombolas no início da pandemia de covd-19 [veja aqui] e a defesa do marco temporal que restringe o direito de indígenas a posse de terras no país [veja aqui].
Leia sobre os ataques do governo federal aos povos tradicionais
Segundo levantamento jornalístico divulgado nesta data, o número de queixas formais encaminhadas aos Conselhos de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados cresceu 200% no período entre 2012 e 2021; no Senado, o aumento foi de 1.200% [1]. O levantamento também chama atenção para a lentidão no trâmite das representações: na Câmara, não há reuniões do conselho desde novembro do ano passado; no Senado, a última deliberação ocorreu em setembro de 2019 e não há membros eleitos para compor o conselho, nem data para nova eleição [2]. Segundo apurado, desde 2019, 19 deputados federais foram denunciados ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Os parlamentares mais denunciados são Daniel Silveira (PTB-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP)[3]. Silveira já foi preso e é acusado pelo Supremo Tribunal Federal de ameaçar a Corte e seus ministros, tendo o seu mandato suspenso por seis meses por decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar [veja aqui]. Eduardo Bolsonaro enfrenta pedido de cassação de seu mandato por quebra de decoro ao debochar, pelas redes sociais, da tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão durante da ditadura [veja aqui]. O levantamento também aponta que há, no mínimo, 12 denúncias que aguardam serem levadas ao julgamento do plenário da Câmara, movimentação que depende do presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL) [4]. A apuração ainda alerta que o aumento no número de denúncias de quebra de decoro parlamento nos respectivos Conselhos de Ética também aumentou em algumas Assembleias Legislativas ao redor do país. Por exemplo, em São Paulo, o Conselho de Ética da Casa recebeu 73 denúncias por quebra de decoro parlamentar na atual legislatura, enquanto antes de 2019 havia apenas duas [5]. Sobre São Paulo, o levantamento cita especificamente o caso do deputado estadual Fernando Cury (União Brasil) que teve seu mandato suspenso após assediar a também deputada Isa Penna (PCdoB) [veja aqui] e também a aprovação do relatório que pede a cassação do mandato de Arthur do Val por falas sexistas sobre refugiadas ucranianas [veja aqui]. O levantamento também cita a denúncia que tramita no Conselho de Ética da Câmara do Rio de Janeiro contra do deputado Gabriel Monteiro (PL), investigado por assédio sexual, estupro, manipulação de vídeos na internet e uso indevido de funcionários públicos, fatos que levaram à sua prisão [6]. Segundo especialistas, o aumento no número de queixas formais encaminhadas aos Conselhos de Ética e Decoro Parlamentar está relacionado com algumas características atuais da política nacional, tais como: a polarização entre representantes políticos e a violência política de gênero, assim como a renovação dos quadros políticos, ocorrida a partir de 2018 [7].
Ouça podcast que discute os contornos legais e políticos do decoro exigido das autoridades
O presidente Jair Bolsonaro (PL) propõe reunião com o comando do aplicativo WhatsApp no Brasil para barrar acordo entre a plataforma e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [1]. Bolsonaro critica acordo onde o Whatsapp se compromete a adiar para depois das eleições de outubro a implementação da funcionalidade chamada ‘comunidades’, que permitiria a criação de grupos com mais de 2.500 participantes [2]. Atualmente, o número máximo de participantes de um grupo é 256 pessoas [3]. Durante entrevista realizada nesta data, o presidente afirma: ‘Já adianto que isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, não tem problema, agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável e não vai ser cumprido esse acordo’ [4]. Procurado pela imprensa, o TSE não se manifesta sobre as críticas de Bolsonaro [5]. Especialistas veem como positivas iniciativas de cooperação entre TSE e as principais redes sociais usadas na disseminação de notícias falsas, como o Whatsapp, na falta de uma legislação adequada para o tema das fake news [6]. Em fevereiro de 2022, foi divulgado um memorando onde o WhatsApp se compromete a implementar uma série de iniciativas para a difusão de informações confiáveis e de qualidade sobre o processo eleitoral [7]. Desde 2020, o governo federal vem sendo investigado pela disseminação de notícias falsas [veja aqui].
Leia sobre acordo entre TSE e Whatsapp
Áudios inéditos revelam juízes, militares e até vítimas falando abertamente sobre as torturas que ocorreram na ditadura militar e vice-presidente, Hamilton Mourão, despreza possível investigação sobre os fatos [1]. Mourão opina sobre o caso à imprensa: ‘Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras do túmulo de volta?’, em tom de escárnio [2]. As gravações são de sessões do Superior Tribunal de Militar (STM) que ocorreram no período de 1975 a 1985 [3]. Os áudios são apenas parte de mais de 10 mil horas de sessões do STM, obtidas pelo advogado Fernando Augusto Fernandes, após 20 anos de recusa do STM em divulgar o material [4]. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2017, decidiu em favor da divulgação irrestrita dos áudios, o que inclui as sessões secretas que não se enquadrem nas hipóteses legais de sigilo [5]. O material foi digitalizado e está em processo de transcrição pelo projeto ‘Voz humana’, de parceria de Fernandes com professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e a editora Geração [6]. A Comissão de Direitos Humanos do Senado solicita as gravações na íntegra ao STM para investigá-las [7]. O senador Humberto Costa (PT-PE) diz: ‘A partir da divulgação desses dados sensíveis, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado vai promover uma devassa, uma rigorosa investigação sobre esses arquivos. Precisamos passar o Brasil a limpo. Urgentemente’ [8]. O descaso de Mourão com os áudios se soma a um histórico de elogios à ditadura e torturadores feitos pelo vice [veja aqui] [veja aqui].
Ouça áudios de parte das sessões do STM e vídeo de laçamento do projeto ‘Voz humana’. Confira também outros episódios em que Bolsonaro e políticos de sua base fizeram apologia à ditadura.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, critica o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a quem classifica como ‘o grande problema que a gente tem’, ironizando ainda a autoridade das decisões da corte: ‘o que se fala é lei’ [1]. O presidente também afirma que ‘todas as medidas adotadas pelo TSE são para prejudicar a mim e beneficiar o lado de lá’ [2]. Embora Bolsonaro não afirme a quem se refere, ele já fez outras afirmações no sentido de que as decisões da corte serviriam para privilegiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa presidencial [veja aqui]. O presidente também já fez outros ataques ao TSE [veja aqui], suscitando ainda dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral [veja aqui]. Na mesma fala, Bolsonaro desafia o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e futuro presidente do TSE, dizendo que ‘há poucas semanas o Alexandre de Moraes falou que quem desconfiar do processo eleitoral vai ser cassado e preso. Ô, Alexandre, eu estou desconfiado. Vai me prender? Vai cassar meu registro?’ [3]. Vale lembrar que Moraes é relator de processos que tramitam no STF em que Bolsonaro é réu [veja aqui] e que o presidente já chamou o ministro de ‘patife’, ‘cara de pau’ e ‘moleque’ [veja aqui].
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), chama golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil em 1964 de ‘revolução democrática’ [1]. Em seu perfil na rede social Twitter, o presidente publica uma homenagem ao Dia do Exército, onde afirma que ‘a Revolução Democrática de 1964, até os dias atuais, preserva a soberania e contribui com o Brasil’ [2]. A ditadura militar no Brasil durou de 1964 a 1985, período em que o Estado perseguiu, torturou e assassinou opositores do regime de governo [3]. Durante a ditadura militar, o Congresso Nacional foi fechado e imprensa e artistas não podiam expressarem-se contrário ao regime, devido à censura [4]. No período, os brasileiros permaneceram mais de 20 anos sem poder votar para presidente da República [5]. Em 2020, Mourão elogiou, durante entrevista, um torturador da ditadura militar [veja aqui] e fez homenagem ao golpe militar de 1964 na mesma rede social [veja aqui] [6]. Na mesma linha que o vice-presidente, membros do governo federal vêm defendendo o período da ditadura militar, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, que solicitou a troca da palavra ‘golpe’ por ‘revolução’ para se referir ao marco inicial da ditadura no Enem de 2021 [veja aqui].
Leia sobre as declarações de Mourão em defesa da ditadura
O deputado estadual por São Paulo, Delegado Olim (PP), diz que a deputada Isa Penna (PCdoB) teve ‘sorte’ ao ser assediada pelo também deputado Fernando Cury (União Brasil) [1]. A fala é feita em entrevista a um podcast e se refere ao assédio de Cury a Penna durante sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em dezembro de 2020, o qual levou o afastamento do deputado por 6 meses e à expulsão do Cidadania, seu partido na época [2]. Durante a entrevista, Olim minimiza o assédio sexual sofrido por Isa Penna e defende Cury dizendo que ele é ‘um cara do bem’ [3]. Olim é membro do Conselho de Ética da Alesp e relator do processo de cassação do deputado, Arthur do Val, conhecido por ‘Mamãe Falei’ (União Brasil) [4], que renunciou ao cargo depois de áudios vazados com comentários sexistas sobre ucranianas [veja aqui][5]. Questionado pela fala, o parlamentar alega que se ‘expressou mal’, mas que os dois casos de importunação sexual ‘não podem ser comparados’ [6]. No Twitter, Isa Penna diz que irá pedir o afastamento de Olim de seu cargo no Conselho de Ética, que avalia entrar com uma representação contra ele por quebra de decoro parlamentar e também acionar o Ministério Público [7][8]. Sobre o caso, a presidente do Conselho de Ética, Maria Lúcia Amary, afirma que ‘a fala foi absolutamente inoportuna, inconsequente em relação ao momento que estamos vivendo. O empoderamento das mulheres não se faz por essa vertente’ [9]. Vale lembrar que um levantamento jornalístico, publicado em 13/04 deste ano, constatou o crescimento de queixas por quebra de decoro parlamentar nas casas legislativas, mencionando, inclusive, o caso do assédio praticado por Cury [veja aqui].
Veja análise sobre a decisão do caso de assédio contra a deputada Isa Penna
Presidente da República, Jair Bolsonaro, assina decreto que extingue penas impostas ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) [1]. Silveira foi condenado no dia anterior pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques a ministros da Corte, os quais, segundo a decisão, representam o cometimento dos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes e coação [2]. As penas impostas a Silveira envolviam 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado, além multa de aproximadamente R$ 200 mil [3]. Ao anunciar a edição do decreto em suas redes sociais, Bolsonaro fala que ‘a liberdade de expressão é pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações’ [4], enquanto o decreto menciona que ‘a sociedade encontra-se em legítima comoção em vista da condenação de parlamentar resguardado pela inviolabilidade de opinião’ [5]. Na mesma data, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anuncia que analisará o perdão concedido por Bolsonaro e lança nota, assinada por seu presidente, em que classifica como ‘extremamente grave’ para a estabilidade do Estado de Direito o descumprimento de decisões judiciais [6]. Ainda em 21/4, diversos congressistas e líderes políticos de oposição anunciam que apresentarão ações no STF e Projetos de Decretos Legislativos (PDL) no Congresso para buscar a anulação do perdão presidencial, mas o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirma que ‘certo ou errado, expressão de impunidade ou não’, o Legislativo não tem o poder de derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL) [7]. No dia seguinte, Bolsonaro defende o decreto de perdão das penas impostas pelo STF a Silveira como símbolo da ‘garantia da nossa liberdade’ [8]. O Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Rede Sustentabilidade (Rede), o Cidadania e o Partido dos Trabalhadores (PT) protocolam ações no STF pedindo a anulação do decreto, enquanto parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e também da Rede e do PT apresentam PDLs para anular o ato de Bolsonaro [9][10]. Em 22/5, Silveira, que já havia se negado a cumprir decisão do Supremo de que usasse tornozeleira eletrônica [veja aqui], volta a afrontar as decisões da Corte, afirmando que retirou o equipamento após o perdão concedido pelo presidente e que o Judiciário não tem mais o que fazer contra ele [11]. Apesar do perdão presidencial, Silveira tem sua candidatura a Senador pelo Rio de Janeiro rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) em decorrência das condenações, mas recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que o perdão presidencial o tornaria apto a disputar o cargo [12]. Ocorrendo as eleições na pendência do julgamento do recurso, Silveira consegue participar do pleito e recebe cerca de 1,5 milhão, ficando em 3º lugar – portanto, não sendo eleito – na disputa pelo cargo [13]. Vale lembrar que o perdão presidencial concedido a Silveira ocorre num momento de acirramento de conflitos promovidos por Bolsonaro contra o Poder Judiciário, especialmente ao STF, ao TSE, e seus ministros , a quem acusa de tolher a liberdade de expressão, inclusive para defender a extinção do Estado Democrático de Direito [veja aqui]. Relembre-se também que, em 23/12, Bolsonaro concede indulto de Natal e perdoa penas de policiais envolvidos no massacre do Carandiru [veja aqui].
Veja opiniões de especialistas sobre o perdão presidencial a Silveira e leia mais sobre o caso do Deputado Federal e sobre seu histórico político
Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), participa de evento oficial, no Palácio do Planalto, durante o qual profere ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e cobra a participação de militares na apuração dos votos das eleições deste ano [1]. Organizado pela Frente Parlamentar Evangélica e pela Frente Parlamentar da Segurança Pública, o ato é chamado de ‘ato cívico pela liberdade de expressão’ [2] e tem transmissão ao vivo pela TV Brasil [3]. Durante o evento, discursam o presidente, além de 22 deputados e um senador, com falas que sugerem atos golpistas, atacam ao STF, seus ministros e a imprensa e fomentam a desconfiança no sistema eleitoral [4]. Os discursos também focam em elogios a Bolsonaro e ao deputado federal Daniel Silveira, cuja condenação pelo STF é classificada como violação ao direito de liberdade de expressão [5]. Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo STF por ameaças aos ministros e por incentivar ações que impediriam o livre exercício dos Poderes [veja aqui] e teve sua pena perdoada após decreto assinado pelo presidente [veja aqui]. O evento se relaciona a várias outras manifestações recentes, com conteúdos golpistas [veja aqui] e de descrédito ao sistema eleitoral [veja aqui].