Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro participa de ato com ataques ao STF e manifestações golpistas

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Presidente Jair Bolsonaro participa de manifestações com pautas golpistas e de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seus ministros [1]. Nos atos — que acontenceram em várias cidades do Brasil [2], contando com a participação do presidente em Brasília e São Paulo [3] — são registradas manifestações com palavras de ordem de conteúdo antidemocrático, além faixas contendo pedido de destituição de todos os ministros do STF e cartazes com os dizeres: ‘juízes da suprema corte dão suporte a ladrões corruptos e criminosos do Brasil’ e ‘TSE é um partido político inimigo do Brasil’ [4]. Embora não discurse nas manifestações de Brasília, Bolsonaro comparece, cumprimenta os manifestantes, e diz em live nas redes sociais, parabenizando os presentes, que se trata de ‘manifestação pacífica em defesa da Constituição, da democracia, e da liberdade’ [5]. O presidente também participa virtualmente das manifestações ocorridas em São Paulo e profere discurso que finaliza com ‘Deus, pátria e família’ [6], lema integralista, que foi um movimento brasileiro de extrema-direita da década de 1930, associado ao fascismo [7]. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chama de ‘ilegítimas e antidemocráticas’ as manifestações a favor da intervenção militar e do fechamento do STF e as classifica como ‘anomalias graves que não cabem em tempo algum’ [8]. No dia seguinte, o vice-presidente Hamilton Mourão associa estas manifestações à liberdade de expressão [veja aqui]. Dias antes, Bolsonaro participou de evento, ocorrido no Palácio do Planalto, onde parlamentares discursaram atacando o STF e defendendo pautas antidemocráticas [veja aqui].

01 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Vice-presidente da República associa à liberdade de expressão pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal e retorno da ditadura militar

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, associa à liberdade de expressão cartazes apresentados em manifestações do Dia do Trabalhador [veja aqui], os quais pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a volta da ditadura no país [1]. Segundo Mourão, ‘tem gente que quer isso, mas a imensa maioria do povo não quer. Então, pronto, normal’ [2]. Nas manifestações, também havia cartazes que criticavam ministros do STF e se referiam à Corte como ‘vergonha nacional’ [3], além de demonstrações de apoio ao deputado federal Daniel Silveira, condenado pelo STF por ameaças aos ministros e por incentivar ações que impediriam o livre exercício dos Poderes [4][veja aqui]. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chama de ‘ilegítimas e antidemocráticas’ as manifestações a favor da intervenção militar e do fechamento do STF e as classifica como ‘anomalias graves que não cabem em tempo algum’ [5]. O presidente da República, Jair Bolsonaro, também já associou manifestações similares com a liberdade de expressão [veja aqui].

Leia mais sobre as repercussões legais de pedidos de fechamento do Congresso e do STF e sua relação com a liberdade de expressão

02 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Federal

Tripica em um ano valor de emendas parlamentares pago, sem prestação de contas obrigatória, a prefeituras

Tema(s)
Orçamento, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), publicado pela imprensa nesta data, mostra que o valor de emendas especiais pago a prefeituras mais que triplicou entre 2020 e 2021 [1]. As emendas ‘cheque em branco’ ou ‘pix orçamentário’, como também são conhecidas, foram criadas em 2019, com aprovação do governo de Jair Bolsonaro, e são valores transferidos diretamente às contas bancárias de prefeituras e estados, independente de autorização do Governo Federal por seus ministérios, bem como a despeito da aprovação de projeto ou justificativa, e do controle do Tribunal de Contas da União (TCU) [2]. Embora esta modalidade de emendas seja defendida por parlamentares e prefeitos, pela agilidade e baixa burocracia na transferência de recursos, elas são criticadas por especialistas, pois a transferência sem aprovação de projeto ou justificativa prejudica a garantia de análise da ‘convergência dos projetos locais aos objetivos fundamentais, que devem ser buscados por meio do orçamento público’, bem como por permitir que ‘entes inadimplentes com a União, por exemplo, se tornam aptos a receber recursos para investimentos locais. Perde-se transparência e perdem-se os incentivos para uma gestão fiscal responsável’ [3]. O levantamento aponta, inclusive, aque apenas 5,21% dos municípios beneficiados por esta modalidade de emendas prestaram contas com o governo federal, procedimento que é facultativo [4]. Vale mencionar que as emendas especiais não se confundem com as emendas de relator, utilizadas para operacionalizar o ‘orçamento secreto’, uma vez que nestas não é possível identificar o parlamentar responsável pela destinação de recursos, que são assinadas pelo relator-geral do Orçamento no Congresso [5]. Vale lembrar que o governo Bolsonaro supera mandatos anteriores nas transferências de emendas ao Congresso [veja aqui] e que o aumento nos valores das emendas parlamentares contrasta com cortes promovidos pelo governo federal nas verbas da saúde [veja aqui], da educação [veja aqui][veja aqui], da ciência e tecnologia [veja aqui] e do meio ambiente [veja aqui]. Relembre-se também que as mudanças na gestão orçamentárias, juntamente a outros fatores levaram o Brasil a cair duas posições em ranking global de corrupção, segundo levantamento de agência internacional [veja aqui], e também ocasionaram a denúncia do governo Bolsonaro à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico por adotar medidas que enfraquecem o combate à corrupção [veja aqui].

03 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde lança cartilha que defende práticas de violência obstetríca e contrárias a recomendações da OMS

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Ministério da Saúde (MS) publica documento contendo incentivo de práticas de violência obstétrica e de eficácia relativa, como a manobra de Kristeller, a episiotomia e a amamentação como método contraceptivo [1]. A Caderneta da Gestante, utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), traz informações sobre o pré-natal, parto e os primeiros meses de vida do bebê e terá mais de 3 milhões de cópias distribuídas aos serviços da Atenção Primária à Saúde [2]. No lançamento do documento, o secretário de Atenção à Saúde Primária do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, defende práticas banidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), argumentando que ‘tem algumas coisas que dependendo da situação e em casos excepcionais podem e devem ser feitas e quem define isso é o médico, não são leigos, militantes, ativistas’ [3]. Câmara defende também ‘parar de ficar usando termos que não levam a nada, como violência obstétrica, que só provoca desagregação, coloca a culpa no profissional’ [4]. Vale lembrar que Câmara é apontado como responsável pela edição de outra cartilha sobre direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a qual negava a existência de aborto legal no país [veja aqui]. O Conselho de Enfermagem (Cofen) emite parecer recomendando que a edição da Caderneta da Gestante seja recolhida e reelaborada ‘de acordo com as evidências científicas disponíveis’, argumentando que ela vai contra protocolo pactuado pelo próprio MS, junto à organizações médicas nacionais e internacionais [5]. O deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), classifica o conteúdo do documento como ‘gravíssimo’ e encaminha ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedido para que o documento seja analisado [6]. A cartilha também foi criticada por especialistas pela falta de evidência científica e pelo incentivdo de práticas consideradas ultrapassadas e agressivas [7]. Em defesa do documento, o MS afirma que ‘as práticas realizadas durante o parto devem ser debatidas entre a paciente e o médico obstetra’ [8]. O governo federal já agiu anteriormente contra a autonomia feminina, como quando baixou o decreto que defende ‘direito à vida desde a concepção’ [veja aqui], bem como quando o Brasil, representado pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, assinou declaração internacional contra o aborto [veja aqui].

Leia mais sobre a relação do governo Bolsonaro com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres

04 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro ameaça TSE com proposta de auditoria privada nas eleições

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que fará auditoria privada das eleições e ameaça que os resultados podem colocar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seus ministros em ‘situação bastante complicada [1]. Apurações jornalísticas apontam, contudo, que, segundo análise de ministros do TSE, a auditoria é ‘inviável’ [2] e que o Partido Liberal (PL), que abriga o presidente, tem encontrado impedimentos legais para promover a auditoria proposta [3]. A fala é realizada na mesma data em que o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, pede ao TSE a divulgação dos questionamentos sobre as eleições formulados pelas Forças Armadas [4]. Vale lembrar que Bolsonaro tem defendido a participação das Forças Armadas no processo eleitoral, principalmente na apuração final dos votos, que ocorre no dia das eleições [veja aqui][veja aqui]. O presidente acumula diversos eventos de rejeição ao sistema eleitoral, principalmente de ataque às urnas eletrônicas e de defesa do voto impresso [veja aqui]: em março de 2020, voltou a acusar fraude nas eleições de 2018, mas sem apresentar provas [veja aqui]; em maio de 2021, o presidente chegou a dizer que não haveria eleições em 2022 caso não houvesse voto impresso [veja aqui]; em fevereiro de 2022, disse que o ‘sistema eleitoral brasileiro não é da confiança de todos’ e que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estava evitando dar respostas [veja aqui].

05 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Órgão de inteligência da Presidência, GSI impõe sigilos recorde em dados do governo, aponta estudo

Tema(s)
Informação, Transparência
Medidas de emergência
Redução de controle e/ou centralização

Levantamento da imprensa publicado nesta data aponta que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) bateu recorde em negativas de pedidos de informação sob alegação de sigilo dos dados requeridos [1]. O levantamento, que diz respeito aos três primeiros anos do governo do presidente Jair Bolsonaro, mostra que a maioria dos pedidos negados está relacionada aos registros de entrada e saída do Palácio do Planalto [2]. Relembre-se que o governo federal impôs sigilo sobre dados de acesso dos filhos do presidente, inclusive os que são agentes públicos, ao Palácio do Planalto [veja aqui], bem como sobre as visitas ao prédio dos pastores envolvidos em esquema de corrupção no Ministério da Educação [veja aqui]. O fundamento utilizado pelo GSI-PR para negar acesso às informações é o de que a divulgação poderia expor agentes privados, sobre os quais não recairia interesse público, mas especialistas alegam que ‘eventual ingresso que mereça sigilo poderia ser restrito de forma fundamentada. O que não é possível é a restrição total e genérica’ [3]. Segundo a legislação, a imposição de sigilo sobre informações públicas só pode ocorre quando o dado disser respeito à intimidade de um indivíduo, ou quando for protegido por lei mais específica, ou ainda quando causar prejuízo à segurança do Estado e da sociedade [4]. Vale lembrar que o governo federal fez alterações na Lei de Acesso à Informação (LAI), ampliando a classificação de documentos ‘ultrassecretos’ [veja aqui]; editou medida provisória que suspendeu prazos e recursos dos pedidos da LAI [veja aqui] e tem a menor responsividade a pedidos de acesso à informação da história, segundo dados de 06/2020 [veja aqui]. Além disso, o GSI-PR já editou portaria ampliando o número de servidores responsáveis por classificar o sigilo de documentos [veja aqui] e a Controladoria Geral da União (CGU) ampliou hipóteses de sigilo, em desrespeito à LAI [veja aqui]. Relembre-se também que foi imposto sigilo sobre outras diversas informações durante o governo Bolsonaro, tais como: cartão de vacinação e resultados de exames de covid-19 do presidente [veja aqui]; gastos aeroportuários da presidência [veja aqui]; documentos sobre a reforma administrativa [veja aqui]; informações sobre visita de secretário dos EUA à fronteira do Brasil com Venezuela [veja aqui]; protocolo para casos de feminicídio [veja aqui]; licitação para lançamento de veículos espaciais [veja aqui]; processo administrativo contra ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello [veja aqui]; relatórios da viagem de Bolsonaro à Rússia [veja aqui]. Os entraves à transparência dos dados públicos e suas consequências ao combate à corrupção foram um dos fundamento da denúncia do governo Bolsonaro à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [veja aqui].

Leia mais sobre a implementação da Lei do Acesso à Informação no governo Bolsonaro e sobre a relação entre transparência e democracia no Brasil

09 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro defende armamento de população civil contra ‘ditadores’ e contra a ‘comunização’ do país

Tema(s)
Controle de armas, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

O presidente da República, Jair Bolsonaro, defende em discurso que a posse e o porte de armas pela população civil servem como prevenção a ditadores e afirma querer que ‘todo cidadão de bem possua sua arma de fogo para resistir, se for o caso, à tentação de um ditador de plantão’ [1]. Na mesma fala, Bolsonaro associa a população civil armada a um possível reforço às Forças Armadas contra o que chama de ‘ameaça interna de comunização’, sob a justificativa de que ‘para vocês, família brasileira, a arma de fogo é uma defesa da mesma e é um reforço para as nossa Forças Armadas porque o povo de bem armado jamais será escravizado’ [2]. No discurso, o presidente ainda propaga o descrédito ao sistema eleitoral e diz que o governo federal ‘não aceita provocações’ [3]. Em outras oportunidades, Bolsonaro já defendeu o uso de armas de fogo para garantir a democracia no país [veja aqui]. Durante o seu governo, o número de armas com registro ultrapassou 1,3 milhão [veja aqui] e dobrou a quantidade de pistolas liberadas pela Polícia Federal (PF) [veja aqui].

11 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro usa termo racista para se referir a apoiador

Tema(s)
Quilombolas, Raça e etnia
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Presidente da República, Jair Bolsonaro, usa expressão racista em conversa com apoiador negro, dizendo: ‘Tu pesa o quê, mais de sete arrobas, não é?’ [1]. Na conversa, Bolsonaro irozina o fato de já ter sido processado por fala semelhante, em 2017 – quando afirmou ter visitado uma comunidade quilombola em que ‘o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas’ e que ‘nem para procriador ele serve mais’ – fato que ocasionou a sua denúncia pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelo crime de racismo e também sua condenação pela Justiça de primeira instância a pagar R$50 mil à comunidade negra por danos morais [2]. No dia seguinte, deputados federais do Partido dos Trabalhadores (PT) protocolam pedido de investigação na PGR, acusando Bolsonaro de racismo sob a alegação de que ele ‘utilizou, mais uma vez, a unidade de medida ‘arroba’ — usualmente presente no comércio de boi de corte, no matadouro ou nos frigoríficos — para se referir a uma pessoa negra, ciente de que a mesma conduta já foi identificada como discriminatória por essa eminente Procuradoria-Geral da República e por Ministros do Supremo Tribunal Federal’ [3]. A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Câmara dos Deputados aciona o Supremo Tribunal Federal (STF) para que investigue a prática do crime de racismo por Bolsonaro, alegando que as práticas discriminatórias ‘são comportamentos reiterados e permanentes’ de Bolsonaro e frisando que ‘no Estado Democrático de Direito, o Presidente da República deve se submeter à Constituição Federal e às leis vigentes, devendo respeitar as liberdades democráticas e a proibição constitucional do racismo e de qualquer outra forma de discriminação’ [4]. Vale lembrar que Bolsonaro também já falou no peso de pessoas negras em arrobas para se referir ao deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), também conhecido como Hélio Negão, sobre quem disse que teria nascido negro por ter ‘dado uma queimadinha’ ao demorar dez meses para nascer [veja aqui]. Relembre-se também que Bolsonaro foi responsável pela nomeação de Sérgio Camargo como presidente da Fundação Palmares, o qual já declarou em redes sociais que não há ‘racismo real’ no país [veja aqui], além de ter chamado o movimento negro de ‘escória maldita’ [veja aqui] e de anunciar decisão de lançar ‘selo não-racista’ para pessoas ‘perseguidas’ pelo movimento negro [veja aqui].

12 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende o uso de armas de fogo para garantir a democracia no País

Tema(s)
Controle de armas, Eleições, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Presidente da República, Jair Bolsonaro, defende em discurso o porte e uso de armas de fogo como garantia para preservação da democracia [1]. Em evento para a inauguração de trechos da BR-101/SE, em Propriá (SE), Bolsonaro afirma que ‘nós defendemos o armamento para o cidadão de bem, porque entendemos que a arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias, também é a segurança para nossa soberania nacional e a garantia de que a nossa democracia será preservada, não interessa os meios que porventura tenhamos que usar, a nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis’ [2]. No palanque, o presidente aborda temas frequentes em seus discursos, como ataques ao sistema eleitoral [veja aqui] [veja aqui], afirmação de que a política agrária de seu governo ‘botou fim’ ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), e críticas às políticas de saúde pública promovidas por governadores durante a pandemia do covid-19 [veja aqui][3]. O evento teve a presença de ex-ministros, deputados, políticos locais e do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) [4]. Vale lembrar que durante o governo Bolsonaro, o número de armas com registro ultrapassou 1,3 milhão [veja aqui] e dobrou a quantidade de pistolas liberadas pela Polícia Federal (PF) [veja aqui].

17 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Vice-presidente participa de lançamento de relatório politico elaborado por militares

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, o assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Planalto, Eduardo Villas Bôas, e o chefe do Estado-maior do Exército, Valério Stumpf Trindade, todos generais do Exército, participam do lançamento do documento ‘Projeto de Nação – O Brasil em 2035’, produzido por militares [1]. O documento critica o ‘globalismo’, ideia que diz que a soberania dos Estados está ameaçada por organismos internacionais e ONGs que impõem suas decisões a países, além de defender a exploração da Amazônia, pregar o agronegócio como ‘sustentáculo’ da economia do país, advogar pela ideia da ‘escola sem partido’, bem como pela cobrança de taxas nas universidades e na saúde públicas, criticar o ‘ativismo judicial’, elogiar as lideranças de extrema direita e defender o neoliberalismo econômico [2]. O relatório ainda identifica a maioria dos brasileiros como ‘conservadores evolucionistas’ e ‘liberais’ [3]. Os discursos realizados no evento revelam que a elaboração do documento contou com participação dos ministérios do governo e que ele ‘teve apoio de nosso vice-presidente para nós podermos tocar a pesquisa’, bem como que o relatório ‘já foi disponibilizado ao governo, porque ele é o único ente que pode tocar esse projeto para frente’ [4]. O conteúdo do texto é associado a ideias de Olavo de Carvalho e está alinhada com o conteúdo ideológico do presidente Jair Bolsonaro [5]. Vale lembrar que Mourão já se referiu ao golpe militar de 64 como ‘revolução democrática’ [veja aqui] e associou à liberdade de expressão pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a volta da ditadura no país [veja aqui], além disso Bolsonaro é responsável por falas que usam as Forças Armadas como artifício para ameaçar a democracia, o Supremo Tribunal Federal e o sistema eleitoral [veja aqui].

Veja íntegra do manifesto militar e leia análise sobre o documento

19 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro parabeniza policiais que participaram de operação que resultou em 23 mortes

Tema(s)
Segurança pública, Sistema penal e socioeducativo
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Presidente Jair Bolsonaro parabeniza policiais que participaram de operação conjunta na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, que levou a 23 mortes [1]. Bolsonaro, citando os ‘guerreiros’ do Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), parabeniza-os, pois ‘neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico’ [2]. O presidente ainda critica a mídia que, segundo ele, ‘isenta o bandido de qualquer responsabilidade, seja pela escravidão da droga, seja por aterrorizar famílias, seja por seus crimes cruéis’ [3]. No dia seguinte, o filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também dá parabéns aos policiais pela operação e deseja ‘que o bandido leve sempre a pior, este é o desejo dos trabalhadores do Brasil’ [4]. Após a operação, o Ministério Público Federal ajuíza ação judicial pedindo que policiais rodoviários federais não participem mais desta modalidade de operações, atuando apenas nas rodovias de sua competência [5]. Vale lembrar que Bolsonaro já minimizou a morte de pessoas presas [veja aqui][veja aqui] e que o governo federal lançou, em 10/2021, o Plano Nacional de Segurança Pública que oculta dados sobre a letalidade policial [veja aqui].

23 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Jair Bolsonaro veta inclusão da psiquiatra Nise da Silveira como Heroína da Pátria, contrariando o Congresso Nacional

Tema(s)
Conflito de poderes, memória
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Jair Bolsonaro (PL), presidente da República, veta projeto de lei que propõe inscrever a psiquiatra Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria [1]. O projeto foi apresentado à Câmara em 2017 pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), desde então percorreu todas as etapas do processo legislativo até ser aprovado pelo plenário do Senado Federal, em 24 de abril deste ano [2], conforme dispõe a Constituição [3]. Um mês após a aprovação pelo Senado, Bolsonaro publica veto à proposta, no Diário Oficial da União (DOU), com a justificativa de que ‘não é possível avaliar, nos moldes da referida Lei, a envergadura dos feitos da médica Nise Magalhães da Silveira e o impacto destes no desenvolvimento da Nação, a despeito de sua contribuição para a área da terapia ocupacional’ e conclui o veto defendendo que as homenagens públicas ‘não sejam inspiradas por ideais dissonantes das projeções do Estado Democrático’ [4]. Nise da Silveira foi uma psiquiatra brasileira mundialmente conhecida por ser pioneira na luta antimanicomial, ou seja, pela sua atuação contra métodos agressivos, como o uso de eletrochoques, confinamento e lobotomia, no tratamento de pessoas com doenças mentais [5]. Além da sua crítica a técnicas desumanizadoras, Nise propôs protocolos de tratamentos psiquiátrico e psicológico que envolvem arte, como pintura, música e convivência com animais, a psiquiatra também atuou na defesa de que os tratamentos fossem públicos e de qualidade [6]. Segundo especialistas, ‘o legado da Nise é enorme, foi uma verdadeira pioneira global da psiquiatria humanizada, baseada na arte, na criatividade e nos vínculos afetivos com humanos e outros animais – e não no uso excessivo de medicamentos altamente dopantes’ [7]. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é um monumento de aço, localizado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília, que se destina ao ‘registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo’ [8]. A inscrição dos nomes deve ser proposta por lei, assim, o Congresso pode derrubar o veto do presidente, segundo as regras do processo legislativo [9]. O veto de Bolsonaro foi derrubado por unanimidade entre os senadores presentes e por 411 deputados, no total eram 455 presentes, em sessão conjunta do Congresso e a lei foi publicada em 08 de julho de 2022 [10].

Saiba mais sobre vida e obra da psiquiatra Nise da Silveira e veja análise sobre a política de saúde mental do governo Bolsonaro

24 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Homem é morto asfixiado devido a abordagem de policiais rodoviários federais

Tema(s)
Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Homem é morto asfixiado durante abordagem de policiais rodoviários federais em Umbaúba/SE [1]. O vídeo da abordagem, gravado por pessoas presentes, mostra a vítima sendo colocada no porta-malas da viatura pelos policiais, que também lançam spray de pimenta e gás lacrimogêneo no bagageiro e fecham a porta, causando a asfixia do abordado [2]. Em nota publicada na mesma data, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirma que os policiais utilizaram ‘técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo’ devido à resistência e à agressividade da vítima [3]. A PRF também diz que abriu procedimento disciplinar para averiguar a responsabilidade dos agentes públicos [4]. No mesmo dia, a família registra boletim de ocorrência junto à Polícia Civil e afirma que a vítima sofria de transtorno mentais, o que alegam ter informado aos policiais no momento da abordagem [5]. Em 27/5, a PRF lança nova nota em que classifica o evento como ‘fatalidade desvinculada da ação policial legítima’ e os policiais responsáveis pela abordagem prestam informações escritas à polícia, onde afirmam ter sido aplicado ‘legitimamente o uso diferenciado da força’, atribuindo à vítima os ‘delitos de desobediência e resistência’ [6]. No dia seguinte, deputados federais, inclusive da base governista, apresentam requerimentos para que a Câmara dos Deputados convoque o ministro da Justiça, Anderson Torres, para prestar informações sobre o caso [7]. Na audiência, realizada em 15/06, Torres afirma que classifica o evento como ‘grave’, mas defende tratar-se de situação ‘isolada’ e que ‘não condiz com a realidade da PRF’ [8]. Em 30/05, o presidente da República, Jair Bolsonaro, elogia a corporação, a qual afirma realizar ‘um trabalho excepcional para todos nós’, e defende evitar ‘exageros’ e ‘pressão’ por parte da mídia ‘ que sempre tem lado, o lado da bandidagem’ [9]. O caso é acompanhado pelo Judiciário, que já decretou a prisão preventiva de um dos policias envolvidos na abordagem [10] e determinou que todos os envolvidos sejam julgados em júri popular, que participa do julgamento de crimes contra a vida [11]. Vale lembrar que os números da letalidade policial têm aumentado durante o governo do presidente Bolsonaro [veja aqui][veja aqui], que já elogiou policiais que matam em serviço [veja aqui] e defendeu a ampliação de excludente de ilicitude nestes casos [veja aqui]. Relembre-se também que, em 12/2019, o Congresso Nacional aprovou o ‘Pacote Anticrime’ – elaborado pelo então ministro da Justiça, Sérgio Moro – que legitima a violência policial ao ampliar o conceito de legítima defesa no caso de ‘agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes’ [veja aqui].

Leia mais sobre a relação entra atuação da PRF e a letalidade policial

25 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo bloqueia R$3,2 bilhões do orçamento do Ministério da Educação

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O Ministério da Educação anuncia bloqueio de R$3,23 bilhões do orçamento previsto para 2022 pela Lei Orçamentária Anual (LOA) [1]. A medida afeta 14,5% das despesas discricionárias do MEC [2], ou seja, dos gastos que não são obrigatórios por lei, mas ainda assim são essenciais para o funcionamento adequado da pasta, como as bolsas de pesquisa e de permanência, as contas básicas das instituições de educação (energia, água, restaurantes), dentre outras [3]. Em documento enviado às universidades, o MEC diz que bloqueará, de forma igual, 14,5% do orçamento das universidades e da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica [4], que compreende os Institutos Federais (IF’s), os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), as Escolas Técnicas e o Colégio Pedro II [5]. Além das Instituições Federais de Educação Superior e Tecnológica, o contingenciamento atinge órgãos de fomento e de prestação de serviços público ligados à ciência e educação, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – órgão responsável pela pós-graduação do país, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – responsável pelos hospitais universitários e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável por auxiliar estados e municípios na educação básica [6]. Em ofício, para justificar a medida, o MEC cita a necessidade de se adequar à regra teto de gastos, a qual limita o aumento de parte das despesas públicas ao crescimento da inflação do ano anterior [7]. O Ministério da Economia se pronuncia no sentido de que o ajuste ao teto em 2022 deverá ser mais severo do que em outros anos para possibilitar, por exemplo, aumento de 5% do salário de servidores federais, uma das promessas de Bolsonaro no ano eleitoral [8]. Ao longo do governo Bolsonaro, o Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) teve o menor orçamento do século XXI [veja aqui] e o repasse de verbas para as universidades federais foi igual ao de 17 anos atrás, em que havia 18 universidades a menos e metade dos discentes [9]. A política fiscal do governo Bolsonaro resultou na gestão que mais cortou no orçamento da educação e da ciência em vinte anos[veja aqui] e no atraso de pagamento de bolsas no último mês do ano [veja aqui].

Veja glossário dos termos fundamentais para compreender a política orçamentária e a crise no MEC e e confira relatório que sistematiza os ataques à liberdade acadêmica e autonomia universitária no governo Bolsonaro

27 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

6 em cada 10 indígenas e quilombolas, que cursam ensino superior, têm pedido de bolsa permanência negado

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica, Orçamento, Povos Tradicionais
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Apuração jornalística publicada nesta data apresenta levantamento, feito a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), que indicam redução drástica em política pública destinada a povos tradicionais – indígenas e quilombolas [1]. No governo Bolsonaro, 6 em cada 10 estudantes indígenas e quilombolas, que cursam ensino superior em instituição pública, têm pedido de Bolsa Permanência negado [2]. O Programa de Bolsa Permanência (PBP) é uma política pública criada em 2013 pelo Ministério da Educação (MEC) para ‘a concessão de auxílio financeiro aos estudantes, sobretudo, aos estudantes quilombolas, indígenas e em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições federais de ensino superior e assim contribuir para a permanência e a diplomação dos beneficiados.’ [3]. O procedimento que viabiliza o acesso ao benefício conta com algumas etapas, dentre elas, os estudantes devem apresentar uma declaração da comunidade de origem, uma declaração da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ou da Fundação Palmares e um termo de compromisso [4]. Segundo professores, antes de 2019, o programa atendia todos os estudantes que cumprissem os requisitos [5]. Além disso, o Programa contou com mais beneficiados em todos os anos desde que foi lançado até se estabilizar com cerca de 24 mil estudantes e investimento de R$134 milhões, em 2017 [6]. O levantamento jornalístico aponta o contraste dessas informações com o cenário atual, em que apenas 40% dos aplicantes têm êxito, cerca de 10.785 mil [7]. Além dos baixos índices na efetivação da política pública, durante toda a pandemia da Covid-19, o MEC suspendeu os editais do Programa [8]. Em 2022, quando as aulas presenciais retornaram, o MEC ofereceu apenas 2 mil bolsas diante de 5.278 mil novos pedidos [9]. Em nota, MEC diz que não houve cortes e que, inclusive, houve um acréscimo aproximado de R$ 28,5 milhões no Programa entre a Lei Orçamentária Anual de 2021 e de 2022 [10]. Em seguida, o próprio MEC afirma que não houve nenhum edital para o Programa em 2020 e 2020, o que explica o aumento [11]. A política fiscal do governo Bolsonaro resultou na gestão que mais cortou no orçamento da educação e da ciência em vinte anos [veja aqui] e no atraso de pagamento de bolsas no último mês do ano [veja aqui].

Vejam o levantamento jornalístico na íntegra, com relatos de estudantes indígenas e quilombolas

30 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Controladoria Geral da União aponta distorções no repasse e transparência de cerca de R$19 bilhões do orçamento da Educação

Tema(s)
Educação, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Controladoria Geral da União (CGU) aponta que governo Bolsonaro agiu contra critérios técnicos e facilitou ‘acordos escusos’ ao alocar verbas do Ministério da Educação (MEC) [1]. O estudo analisa, em especial, a gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em 2021, autarquia vinculada ao MEC, responsável pela execução da maioria das ações e programas da Educação Básica do país, como a alimentação e o transporte nas escolas públicas [2]. Segundo a CGU – órgão de controle interno do Governo Federal responsável, por exemplo, pela defesa do patrimônio público e da transparência da gestão [3] — ‘a falta de critérios técnicos para a alocação dos recursos discricionários (…) associado à decisão individual e não motivada da alta gestão da FNDE potencializa a possibilidade de acordos escusos, com consequentes liberações indevidas de verbas a entes federados em detrimento dos que, legalmente, deveriam ter prioridade’ [4]. A CGU fez o estudo pois o FNDE é uma das entidades do governo que será investigada e julgada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) [5]. A Controladoria identifica distorções contábeis de aproximadamente R$19 bilhões [6]. Além disso, aponta fragilidades nos controles internos e nos atos administrativos relacionados à prevenção de novas distorções [7]. As irregularidades apuradas pela CGU referem-se, por exemplo, ao PAR (Plano de Ações Articuladas), no qual o Governo Federal repassa recursos a municípios para a educação básica [8]. A diretriz do PAR exige que o dinheiro seja direcionado a cidades mais vulneráveis de acordo com ranking socioeconômico [9]. No entanto, o FNDE ignorou o ranking por completo e alocou recursos que privilegiaram cidades mais ricas e em desrespeito aos procedimentos da lei para a liberação [10]. Por exemplo, R$ 348,7 milhões foram direcionados aos 809 municípios que figuram na escala mais rica do ranking e menos da metade desse montante foram repassados para os 538 municípios mais pobres [11]. O relatório se refere apenas ao ano de 2021, vale ressaltar que em 2022 se avolumam os casos de corrupção ligados ao FNDE como o vazamento de provas de que Milton Ribeiro, ex-ministro da educação, negociou verbas por meio de pastores que não tinham cargo público [veja aqui], a prisão do ministro [12], a compra de kits de robótica para escolas que não tinha nem internet [veja aqui]. Enquanto isso, o orçamento da educação superior e da ciência é o menor em vinte anos [veja aqui] e governo atrasa pagamentos de bolsistas de pós-graduação [veja aqui].

Veja relatório completo da Controladoria Geral da União sobre o desempenho da FNDE em 2021 e leia análise sobre os casos de corrupção no MEC

31 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Otoni de Paula, protocola requerimento para audiência pública sobre Barbie que homenageia artista transgênero

Tema(s)
Criança e Adolescente, Gênero e orientação sexual
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, propôs audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) para discutir as alegadas “implicações psicossociais” que a boneca Barbie em homenagem a atriz Laverne Cox poderia causar em crianças [1]. A justificativa para o pedido é o de que o brinquedo ‘incorre num liberalismo teratológico que servirá para confundir as crianças sobre a natureza dos gêneros masculino e feminino, pois mulheres e homens são diferenciados pela própria natureza’ [2]. Além disso, o deputado diz que ser trans é uma ‘opção tardia’ [3] e acusa, equivocadamente, que a Barbie viria com ‘órgão sexual masculino [4]. A Comissão aceitou o pedido de Otoni [5]. O deputado propôs chamar o dono da empresa Mattel e membro do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos para debaterem [6]. A pasta é liderada por Cristiane Britto, que assumiu após Damares Alves deixar o posto que ocupou durante todo o governo para se candidatar ao Senado [7]. A deputada Vivi Reis (PSOL-PA) critica o requerimento e acusa os deputados de promoverem fake news e equipara o ato do bolsonarista com outros episódios de notícias falsas: ‘tentaram há um tempo falar de mamadeira de piroca, de kit gay, e agora vem com a história da Barbie com órgão genital para querer desviar a atenção dos reais problemas do país’ [8]. A Barbie, apresentada dias antes pela empresa Mattel, foi a primeira boneca trans da sua linha, desde a criação da marca [9]. A artista, atriz, produtora, escritora e ativista dos direitos LGBTQIA+, Laverne Fox, foi escolhida ‘pela Barbie® por toda a sua contribuição, impacto, autenticidade e legado’, segundo a empresa, que tem lançado bonecas que expressam a beleza da pluralidade, como o lançamento da Barbie com aparelho auditivo e do Ken com vitiligo [10]. A Barbie atacada pelo deputado faz parte da linha “Collection Tributo”, que celebra a história de mulheres visionárias em todo o mundo [11]. No Brasil, a previsão é que a sua venda inicie a partir de junho [12]. O governo Bolsonaro e seus aliados no Congresso já atacaram ações privadas de promoção à diversidade de gênero e sexual, como quando vetou campanhas publicitárias inclusiva de banco [refid=319]. Além disso, já atacou a comunidade LGBTQIA+ criando ou difundindo notícia falsas, por exemplo, quando a ex-ministra Damares Alves defendeu que discutir gênero é causa de sofrimento em jovens [veja aqui], Bolsonaro acusou a esquerda de tentar legalizar a pedofilia [veja aqui].

31 maio 2022
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