Presidente da República, Jair Bolsonaro, usa expressão racista em conversa com apoiador negro, dizendo: ‘Tu pesa o quê, mais de sete arrobas, não é?’ [1]. Na conversa, Bolsonaro irozina o fato de já ter sido processado por fala semelhante, em 2017 – quando afirmou ter visitado uma comunidade quilombola em que ‘o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas’ e que ‘nem para procriador ele serve mais’ – fato que ocasionou a sua denúncia pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelo crime de racismo e também sua condenação pela Justiça de primeira instância a pagar R$50 mil à comunidade negra por danos morais [2]. No dia seguinte, deputados federais do Partido dos Trabalhadores (PT) protocolam pedido de investigação na PGR, acusando Bolsonaro de racismo sob a alegação de que ele ‘utilizou, mais uma vez, a unidade de medida ‘arroba’ — usualmente presente no comércio de boi de corte, no matadouro ou nos frigoríficos — para se referir a uma pessoa negra, ciente de que a mesma conduta já foi identificada como discriminatória por essa eminente Procuradoria-Geral da República e por Ministros do Supremo Tribunal Federal’ [3]. A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Câmara dos Deputados aciona o Supremo Tribunal Federal (STF) para que investigue a prática do crime de racismo por Bolsonaro, alegando que as práticas discriminatórias ‘são comportamentos reiterados e permanentes’ de Bolsonaro e frisando que ‘no Estado Democrático de Direito, o Presidente da República deve se submeter à Constituição Federal e às leis vigentes, devendo respeitar as liberdades democráticas e a proibição constitucional do racismo e de qualquer outra forma de discriminação’ [4]. Vale lembrar que Bolsonaro também já falou no peso de pessoas negras em arrobas para se referir ao deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), também conhecido como Hélio Negão, sobre quem disse que teria nascido negro por ter ‘dado uma queimadinha’ ao demorar dez meses para nascer [veja aqui]. Relembre-se também que Bolsonaro foi responsável pela nomeação de Sérgio Camargo como presidente da Fundação Palmares, o qual já declarou em redes sociais que não há ‘racismo real’ no país [veja aqui], além de ter chamado o movimento negro de ‘escória maldita’ [veja aqui] e de anunciar decisão de lançar ‘selo não-racista’ para pessoas ‘perseguidas’ pelo movimento negro [veja aqui].