O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, o assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Planalto, Eduardo Villas Bôas, e o chefe do Estado-maior do Exército, Valério Stumpf Trindade, todos generais do Exército, participam do lançamento do documento ‘Projeto de Nação – O Brasil em 2035’, produzido por militares [1]. O documento critica o ‘globalismo’, ideia que diz que a soberania dos Estados está ameaçada por organismos internacionais e ONGs que impõem suas decisões a países, além de defender a exploração da Amazônia, pregar o agronegócio como ‘sustentáculo’ da economia do país, advogar pela ideia da ‘escola sem partido’, bem como pela cobrança de taxas nas universidades e na saúde públicas, criticar o ‘ativismo judicial’, elogiar as lideranças de extrema direita e defender o neoliberalismo econômico [2]. O relatório ainda identifica a maioria dos brasileiros como ‘conservadores evolucionistas’ e ‘liberais’ [3]. Os discursos realizados no evento revelam que a elaboração do documento contou com participação dos ministérios do governo e que ele ‘teve apoio de nosso vice-presidente para nós podermos tocar a pesquisa’, bem como que o relatório ‘já foi disponibilizado ao governo, porque ele é o único ente que pode tocar esse projeto para frente’ [4]. O conteúdo do texto é associado a ideias de Olavo de Carvalho e está alinhada com o conteúdo ideológico do presidente Jair Bolsonaro [5]. Vale lembrar que Mourão já se referiu ao golpe militar de 64 como ‘revolução democrática’ [veja aqui] e associou à liberdade de expressão pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a volta da ditadura no país [veja aqui], além disso Bolsonaro é responsável por falas que usam as Forças Armadas como artifício para ameaçar a democracia, o Supremo Tribunal Federal e o sistema eleitoral [veja aqui].
Veja íntegra do manifesto militar e leia análise sobre o documento