Levantamento da imprensa publicado nesta data aponta cortes de 90%, realizados pelo governo de Jair Bolsonaro nos recursos previstos para o combate da violência contra à mulher ao longo de seu mandato [1]. Em 2020, por exemplo, o orçamento destinado à área foi de R$100,7 milhões, por sua vez, em 2022 a previsão de gastos com a área é de apenas R$9,1 milhões [2], já para 2023, a proposta de orçamento do governo foi de R$13 milhões, contudo o Congresso aumentou o orçamento para R$33,1 milhões [3]. Os recursos federais para a área são destinados, prioritariamente, ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e repassados, por exemplo, às unidades da Casa da Mulher Brasileira e aos Centros de Atendimento às Mulheres [4], ambas são responsáveis por prestar assistência – acolhimento, serviços de saúde, apoio jurídico, alojamentos de passagem, dentre outros – a mulheres em situação de tipos diversos de violência [5]. A diminuição do orçamento também impacta o funcionamento do 180 – canal para denúncias de violência doméstica – que, sem a reversão da proposta enviada pelo governo, poderá ser paralisado em 2023 [6]. Ressalta-se que além dos cortes nas leis orçamentárias, o MMFDH não utilizou parte significativa dos recursos previstos para a área, por exemplo, em 2020 a pasta usou apenas 29,45% do orçamento previsto [7][veja aqui]. Destaca-se também outros momentos em que o governo não priorizou políticas de combate à violência contra a mulher como quando Damares Alves, ministra do MMFDH, extinguiu órgãos do Ministério responsáveis pela temática [veja aqui]; quando o Ministério da Educação (MEC) alterou livros didáticos para retirar o compromisso com a violência de gênero [veja aqui] [veja aqui]; quando Bolsonaro vetou a notificação obrigatória à polícia, por serviços de saúde, em casos de violência contra mulher [veja aqui].
Leia análise do orçamento de combate à violência contra mulheres ao longo do governo bolsonaro e veja dados sobre a violência de gênero em 2022
Atos que trazem como justificativa o enfrentamento da pandemia de covid-19 ou outra emergência. Sob o regime constitucional democrático, atos de emergência devem respeitar a Constituição e proteger os direitos à vida e à saúde. Mesmo assim, por criarem restrições excepcionais ligadas à crise sanitária, requerem controle constante sobre sua necessidade, proporcionalidade e limitação temporal. A longo prazo, demandam atenção para não se transformarem em um 'novo normal' antidemocrático fora do momento de emergência.
Atos que empregam ferramentas da constante reinvenção autoritária. Manifestações autoritárias que convivem com o regime democrático e afetam a democracia como sistema de escolha de representantes legítimos, como dinâmica institucional que protege direitos e garante o pluralismo.