O presidente da República, Jair Bolsonaro, completa um dia sem qualquer manifestação sobre a sua derrota e respectiva vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais [1]. Nesta data, Bolsonaro não teve compromissos oficiais divulgados, embora tenha realizado despachos tanto do Palácio da Alvora, como do Palácio do Planalto [2]. Vale mencionar a existência de uma tradição em que os candidatos derrotados reconhecem, ao vitorioso e por declaração pública, a vitória de seu adversário político [3]. Apesar disso, Lula, candidato vitorioso, afirmou, em discurso após o resultado das eleições, não ter recebido qualquer contato de Jair Bolsonaro: ‘em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado para mim reconhecendo a derrota. Ele, até agora, não ligou, não sei se vai ligar e não sei se vai reconhecer’ [4]. Mencione-se que líderes mundiais reconheceram a vitória de Lula logo após a divulgação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo: Joe Biden (Estados Unidos), Rishi Sunak (Reino Unido), Alberto Fernández (Argentina), Vladimir Putin (Rússia), Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), Olaf Scholz (Alemanha) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia) [5]. diversas autoridades públicas brasileiras também reconhecem a vitória de Lula, dentre eles o vice-presidente da República, Hamilton Mourão [6], e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) [7]. As dificuldades impostas por Bolsonaro à transição de governo, dentre elas a proibição do presidente de que comandantes da Forças Armadas tratem com interlocutores de Lula sobre transição e sobre nomes para substituí-los [8], leva o Tribunal de Contas da União (TCU) a montar comitê para acompanhar o processo de transição de governos [9]. Em 1/11, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, afirma que ‘o presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse ‘acabou’. Portanto, olhar para frente’, sugerindo que Bolsonaro haveria aceitado a derrota para Lula [10]. Após a derrota Bolsonaro registra poucos compromissos oficiais e faz raras manifestações públicas [veja aqui]. Relembre-se que Bolsonaro foi responsável por diversos atos contra as eleições, inclusive quanto à credibilidade desta [veja aqui][veja aqui][veja aqui][veja aqui], chegando a ameaçar fazer uso das Forças Armadas [veja aqui].
Leia mais sobre a relação entre os atos de Bolsonaro e as manifestações antidemocráticas