Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Carla Zambelli, deputada federal, persegue homem com arma no dia anterior às eleições e descumpre lei eleitoral

Tema(s)
Controle de armas, Eleições, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal, é filmada sacando uma arma e perseguindo um cidadão pelas ruas do bairro Jardim Paulista em São Paulo no dia anterior do segundo turno das eleições presidenciais e descumpre resolução do Tribunal Super [1]. O cidadão é o jornalista Luan Araújo que, ao sair de um chá de bebê de um amigo, se deparou com Zambelli e seus seguranças [2]. De acordo com Araújo, Zambelli estava tentando convencer um recepcionista de bar a votar no candidato a governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o governo de São Paulo. A perseguição começa após um conflito verbal entre Luan Araújo e um amigo e o grupo de Zambelli [3]. Em vídeo, postado em suas redes sociais, a deputada diz ter sido hostilizada por ‘militantes de Lula’ e que ‘usaram um negro’ para atacá-la [4]. Segundo Zambelli, ela teria sido empurrada, cuspida e xingada por ‘vários homens’, e alega ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares [5]. Em outro vídeo, editado e compartilhado por Zambelli, Araújo e um amigo aparecem xingando os bolsonaristas e exaltando Lula [6]. No entanto, filmagens, gravadas por transeuntes, revelam que Zambelli tenta agredir Araújo pelas costas após discutir com deputada, porém a deputada se desequilibra e cai no chão, contrariando a alegação de que teria sido empurrada [7]. Após se levantar, Zambelli e seus seguranças começam a perseguir Araújo pelas ruas. Durante a perseguição, Zambelli dispara sua arma: ‘atirei para o alto’. Araújo então tenta se abrigar dentro de um bar, onde é encurralado por Zambelli e seguranças. Em outro vídeo, a deputada entra no bar apontando sua arma para Araújo, pedindo que ele deite no chão e peça desculpas. O incidente tem fim quando Araújo deixa a cena e registra queixa em uma delegacia em São Paulo contra a parlamentar por ameaça e racismo [8]. O ato acontece um dia antes do segundo turno das votações para a presidência da República, integrantes da campanha de Bolsonaro afirmam que o ato de Zambelli é de responsabilidade exclusiva da deputada [9]. A deputada descumpre resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibe o porte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecedem e nas 24 horas seguintes ao dia votação [10]. Segundo Alexandre de Moraes, ministro do TSE, ‘principalmente pela aglomeração de pessoas, se justifica esse ‘habeas corpus’ preventivo. Eleições pacíficas são a essência da democracia’ [11]. No entanto, Zambelli diz ter descumprido conscientemente a ordem ‘resolução é ilegal, e ordens ilegais não se cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes, porque ele não é legislador.’ [12]. Reeleita e a segunda deputada federal mais votada de São Paulo em 2022, Zambelli é considerada uma das principais figuras bolsonaristas no Legislativo que defende a pauta armamentista, sendo autora de projetos que facilitam a posse de armas e apoiadora do Pró-Armas, principal lobby do setor no país [13]. A deputada também ficou conhecida pelo negacionismo na pandemia e por incentivar as pessoas a não se vacinarem [veja aqui] [veja aqui].

29 out 2022
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