Levantamento, realizados a partir de uma série de apurações da imprensa e investigações de órgãos como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e os Ministério Público estadual (MP-RJ) e eleitoral (MPE), indica que o Ceperj – Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio e a Uerj – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, viabilizaram cerca de 45 mil contratações ilegais de pessoal, com desvio de finalidade e em benefício das campanhas eleitorais de políticos bolsonaristas [1] [2]. A série de reportagens explicita a ilegalidade na contratação de tais funcionários e a ligação dos acontecimentos às campanhas de reeleição do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ) [3], e dos deputados Soraya Santos (PL-RJ) e Dr. Serginho (PL-RJ) [4]. As investigações tiveram início pelo TCE e pelo Ministério Público (MP-RJ) após reportagem de 05/08, que denunciava gastos de R$19,5 milhões em salários para 721 pessoas que acumulavam dois ou mais cargos secretos na Fundação Ceperj sem exercer a função extra [5]. Dias após, em 13/08, a apuração revela que ao menos 11 secretarias ou órgãos do governo transferiram, apenas em 2022, à Uerj R$593,6 milhões para 18 projetos com folhas secretas de pagamento [6]. A maior parte do salário pago a esses funcionários, que totalizam cerca de R$226 milhões, foram sacados em dinheiro vivo nas agências, promotores do caso afirmam que esse é ‘um procedimento que afronta as mais comezinhas regras de prevenção à lavagem de dinheiro’ [7]. Por exemplo, o projeto ‘Observatório Social da Operação Segurança Presente’ empregou ao menos quatro assessores do deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL-RJ), aliado político do governador e candidato à reeleição Cláudio Castro [8]. O orçamento do projeto é de R$124,5 milhões, sendo 99,7% dos recursos com funcionários [9]. Em nota, Castro diz que ‘vai apresentar os esclarecimentos necessários à Justiça Eleitoral, em tempo oportuno, para comprovar a conduta idônea da chapa eleita no pleito ao Governo do Estado’ [10]. Em 13 de dezembro, a Uerj enviou ao TCE relatório que demonstra que a instituição pagou cerca de R$26 mil por mês a 45 contratados que nunca exerceram funções na universidade, os casos estão ligados aos deputados Soraya e Serginho [11]. Os casos estão em fase de investigação pelo TCE e Ministério Público estadual e eleitoral e são objetos de ação judicial proposta pelo MP-RJ contra o governador Cláudio Castro, os deputados citados e outras oito pessoas [12]. O MP sustenta que políticos cometeram abuso de poder político e econômico e afirmam que ‘Não restam dúvidas sobre a atuação como cabos eleitorais ou o apoio político obrigatório das pessoas que constavam das listas e recebiam os valores públicos como ‘contraprestação laboral’ [13]. Os deputados,Soraya e Serginho, afirmaram, em nota à imprensa, que não indicaram ninguém aos projetos da Uerj e não empregaram nenhum dos nomes nas campanhas [14]. A imprensa procurou os contratados e aqueles que concordaram com a entrevista alegaram não saber da existência do contrato com a Uerj [15]. Ainda, alguns dos contratados afirmaram que trabalharam na campanha dos deputados, mas também não reconhecem o contrato com a universidade [16]. Por exemplo, a namorada do motorista do deputado Serginho consta na lista de contratados, recebeu R$65 mil entre abril e agosto, e afirma ter ajudado na ‘parte de rede social’ da campanha, mas nega a prestação de serviços para a Uerj [17]. A Uerj, em nota, alega que ‘desconhece a influência de qualquer parlamentar (candidato ou eleito) na seleção de colaboradores’, mas três dias depois suspende todos os projetos realizados em parceria com governo do Rio e, em nota, o reitor prometeu a adoção de práticas de transparência [18].
Veja processo contra governador e políticos do Rio de Janeiro