Membros da Secretaria Especial da Cultura, inspirados pelo escritor Olavo de Carvalho e do presidente Jair Bolsonaro, elaboram dossiês classificando servidores de acordo com seus posicionamentos políticos para determinar quem deve ser exonerado ou promovido dentro do órgão, como aferido pela imprensa nesta data [1]. Esses dossiês costumam ser enviados à cúpula da secretaria, liderada por Mario Frias, por WhatsApp ou e-mail, sem assinatura [2]. Em uma planilha nomeada ‘mapeamento Funarte 2020-2021’, constam os nomes de seis servidores, que foram classificados como ‘militantes esquerdistas’ ou ‘do PT [Partido dos Trabalhadores]’ e, por isso, deveriam ser exonerados [3]. Duas pessoas que aparecem na lista foram exoneradas: a ex-chefe da representação regional Sul/Sudeste, Ivone Santos [veja aqui], acusada de tentar transferir a Funarte para São Paulo, e o ex-presidente da Funarte, o coronel Lamartine Barbosa [veja aqui], que é acusado na planilha de esconder informações e proteger falhas [4]. Ao mesmo tempo, o documento suscita servidores ‘de direita’ e ‘conservadores’ que são elogiados e devem ser promovidos [5]. Outro documento afirma que é uma humilhação para Bolsonaro deixar Andrea Paes Leme com um cargo importante na pasta da Cultura, uma vez que a secretária-adjunta demonstrou apoio nas redes sociais ao presidenciável João Amoêdo (Novo) em 2018 [6]. Associações de servidores federais publicam nota denunciando a ‘obsessão’ do governo em ‘alinhar o setor da cultura a um projeto ideológico autoritário’ e afirmam que há um constante ‘assédio institucional’ para enfraquecer as equipes e criar instabilidade no setor cultural [7]. Deputados protocolam pedido para que a Procuradoria-Geral da República apure os dossiês [8]. Vale lembrar que o Ministério da Justiça também realizou dossiê para monitorar servidores antifascistas [veja aqui] e o Ministro da Cidadania exonerou 19 servidores da Funarte para colocar pessoas ‘leais ao governo’ [veja aqui].