Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Militar prende ilegalmente suspeitos de incendiar estátua de bandeirante durante manifestação

Tema(s)
Posicionamento político, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Polícia Militar (PM) prende preventivamente o civil Paulo Galo, após este se apresentar espontaneamente para depor na investigação do incêndio na estátua do bandeirante Borba Gato, que ocorreu no dia 24/07 [1]. Além de Galo, a sua esposa Géssica Barbosa também tem prisão preventiva decretada, mesmo afirmando que sequer estava presente na manifestação [2]. O ativista, que é participante do grupo Revolução Periférica, assume que participou no incêndio da estátua do bandeirante [3]. Galo afirma em depoimento que o incêndio à Borba Gato foi um ato isolado e que não planejavam fazer o mesmo com outras estátuas, já que o intuito da ação foi ‘abrir o debate’ sobre a persistência da estátua de um ‘genocida e um abusador de mulheres’ [4]. Galo declara ao delegado que o incêndio só ocorreu porque as ações anteriores, como banhos de tinta, não foram alvo de atenção da opinião pública e que ‘as pessoas se importaram mais com o fogo em um bloco de concreto do que com o fogo numa mulher trans’ [5]. Advogados de Galo e Géssica caracterizam a prisão temporária de ambos como ‘absolutamente desnecessária’, já que o ativista se apresentou voluntariamente para prestar depoimento e afirmam que o Judiciário está ‘vivendo num estado policialesco e circense’ ao ‘decretar a prisão de uma mãe sem sequer questionar nada’ [6]. Especialistas em direito afirmam que a prisão do ativista é ‘completamente ilegal’, já que a apresentação espontânea de Paulo esvazia o caráter imprescindível da prisão temporária, requisito exigido por lei [7]. Para eles, o caso de Géssica é ainda mais grave, visto que ela sequer participou do ato, portanto não há indícios de autoria no incêndio [8]. Outro argumento levantado por especialista, no caso da ilegalidade da prisão de Galo e Gessica, é o fato de ambos terem endereço certo, que é outro requisito legal para instauração de prisão preventiva [9]. Em 30/07, seis dias após serem presos, Géssica tem liberdade concedida, mas Galo continua preso e tem sua prisão preventiva prorrogada [10]. Um dia depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo nega o pedido de habeas corpus ao ativista [11]. No dia 05/08, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revoga a prisão temporária de Galo; o ministro do caso declara que não há ‘razões jurídicas convincentes e justas’ para o ativista permanecer preso [12]. Vale lembrar que há projetos de lei em todos os níveis de poder que visam retirar estátuas que homenageiam publicamente figuras escravagistas [13]. A prisão sem justificativa legal e injusta de Galo, se assemelha a prisão preventiva de Felipe Cezário, que jogou ovos em manifestantes pró-governo [veja aqui] e a do ativista Rodrigo Pilha que se referiu a Bolsonaro como genocida em uma faixa [veja aqui].

Leia sobre o combate as estátuas e como é urgente que a herança colonialista seja extinta.

28 jul 2021
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