O Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anuncia que enviará ao Senado pedido de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso [1]. O anúncio é feito um dia após a prisão preventiva do atual aliado político Roberto Jefferson, ex-deputado federal e presidente do PTB, determinada por Moraes no inquérito das fake news [veja aqui], onde o presidente é também investigado [2] [veja aqui]. A fala do presidente ocorre, ainda, após a derrota no Congresso do Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que instituía o voto impresso nas eleições de 2022 [veja aqui]. A PEC enfrentava forte resistência e crítica das classes política [3] e jurídica [4][5], além de rejeição popular [6]. O ministro Barroso, presidente do TSE, é um dos críticos mais relevantes da mudança no sistema eleitoral [7][8]. Na mesma postagem em que anuncia o encaminhamento do pedido de impeachment, Bolsonaro afirma que ‘todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura, a qual não provocamos e desejamos’ [9]. A declaração é recebida com discordância pelos representantes de outros Poderes, em especial pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do STF, Luiz Fux, que por sua vez cancelou a ‘reunião de pacificação’ que ocorreria na mesma semana com o presidente da Câmara e o próprio Bolsonaro [10]. Ambos, entretanto, acordaram em se reunir para discutir uma resposta institucional coordenada à ameaça [11]. No executivo, os ministros da Secretaria de Governo e da Casa Civil assumeem a articulação política para contornar a crise [12], além do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-UF) também descartar a possibilidade dos impedimentos dos ministros do tribunal não progredirem no Senado, caso sejam enviados [13]. O anúncio de Bolsonaro é feito em contexto de crescente escalada da tensão entre poderes [veja aqui][veja aqui] – o presidente tem proferido uma série de ataques ao sistema eleitoral brasileiro [veja aqui] e desqualificado diretamente os ministros Barroso [veja aqui] e Moraes [veja aqui]. Alguns dias depois da fala, Bolsonaro encaminha ao Senado pedido de impeachment do min. Alexandre de Moraes [veja aqui] e desiste de pedi-lo em relação ao min. Barroso [14].
Entenda melhor o sistema eleitoral brasileiro.