Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro sugere que quem é contra armas dê ‘tiro de feijão’ em infratores

Tema(s)
Controle de armas, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro ironiza os opositores à pauta armamentista do seu governo, ao afirmar que quando houver invasão na casa dessas pessoas, que eles deem ‘tiros de feijão’ nos infratores, durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada [1]. A afirmação de Bolsonaro faz referência a uma outra declaração sua dada em agosto desse ano, onde ele afirmou que toda a população deveria comprar fuzil e que as pessoas que defendiam a prioridade em comprar feijão ao invés de comprar armas eram ‘idiotas’ [veja aqui]. Vale ressaltar que essas declarações de Bolsonaro que tornam a política armamentista uma prioridade em detrimento do acesso à comida pela população, ocorrem em meio ao avanço da insegurança alimentar no país [2]. Essas declarações do presidente que colocam a compra de arma como prioridade Ainda durante a conversa, Bolsonaro afirma que Lula disse que iria desarmar a população e que locais com mais armas têm menos casos de violência [3]. Entretanto, estudos indicam o contrário ao apontar que o crescimento na circulação de armas está indiretamente ligado ao aumento da quantidade de armas disponíveis em mercados paralelos, o que também representa violência para a sociedade [4]. Para exemplificar a afirmação de que a violência é indiretamente proporcional ao aumento do porte de armas, Bolsonaro cita o estado de Santa Catarina e declara que o estado tem o ‘menor percentual de mortos por 1 milhão de habitante e é o mais armado’ [5], mas os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) expõem que todas as unidades da federação tiveram alta no número de homicídios dolosos e no número de registros de posse de armas em 2019 e 2020 [6]. Além disso, a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz declara que na segurança pública os acontecimentos não são causados por uma única razão, dessa forma não é tão simples afirmar que um estado teve diminuição na criminalidade em decorrência de uma maior circulação de armas [7]. No dia anterior à declaração, Bolsonaro posou para fotos ao lado de uma criança empunhando uma arma de brinquedo, em um evento na capital de Minas Gerais [8]. A pauta armamentista é uma das principais agendas apoiadas por Bolsonaro e vem sofrendo inúmeras flexibilizações; Em 2019 e 2020, Bolsonaro ampliou a permissão de armazenamento de armas na zona rural [veja aqui] [veja aqui], editou decretos que facilitavam a política armamentista [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e ampliavam o acesso à munições e armamentos pela população [veja aqui]. Esse ano, o Exército reduziu o orçamento para fiscalização e rastreamento de armas [veja aqui] e Bolsonaro baixou quatro decretos que facilitavam ainda mais o acesso a armas e munições por parte da população, posteriormente a ministra do STF Rosa Weber suspendeu diversos pontos desses decretos [veja aqui].

Leia sobre a trajetória da política armamentista no Brasil e entenda as consequências geradas pelas inúmeras flexibilizações ao acesso de armas promovidas por Bolsonaro.

01 out 2021
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