O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que, embora respeite as minorias, ‘as leis são para que elas se mantenham na linha’ [1]. Na fala, ele também associa seus apoiadores a ‘pessoas do bem’, dando a entender que eventuais opositores não o sejam e que estejam fora ‘da linha’ [2]. Este discurso de uso da lei para controle, subjugação e até extermínio das minorias em face de uma maioria, repete a retórica utilizada durante a campanha presidencial, quando Bolsonaro defendeu que ‘as minorias têm que se curvar para as maiorias’ e que ‘as minorias ou se adequam ou simplesmente desaparecem’, dentre outras afirmações nesse sentido [3]. Durante seu mandato, o presidente tem cometido ataques formais e informais ao pluralismo e às minorais, tais como às mulheres e à população LGBTQIA+ [4], aos negros [5] e aos povos indígenas [6]. Vale notar que a fala de Bolsonaro – que também ressaltou respeitar os militares e a Constituição e defender a ‘família tradicional’ – ocorre durante evento voltado a evangélicos e é interpretada pela imprensa como um aceno no sentido de mobilizar apoiadores ao reafirmar compromissos com pautas conservadoras [7].
Leia análise sobre o uso da dicotomia maioria e minoria por Bolsonaro e sua relação com o panorama democrático no Brasil.