O presidente Jair Bolsonaro solicita ao Ministério da Educação (MEC) a troca de termos que abordem a ditadura militar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), demandando que o termo ‘golpe’ seja substituído por ‘revolução’ de 1964 [1]. A justificativa do presidente é que a forma de abordagem promove a doutrinação e que o Enem deve servir para medir o conhecimento do estudante e não propagar ideologias [2]. O pedido de Bolsonaro condiz com sua afirmação que o Enem deve ter a ‘cara do governo’ [veja aqui]. Desde de 2019 o exame não cobra questões sobre o período da ditadura militar [3]. O pedido informado pelo ministro da educação, Milton Riberio, no início de 2021 não foi atendido, segundo apuração jornalística dessa data [4]. As sucessivas interferências do governo federal no MEC e no Enem pretendem desarticular o que é considerado uma das vias mais importantes para tornar o ensino superior no Brasil inclusivo, já que o exame tem abrangência em todo território beneficiando estudantes pobres e pretos [5]. Essa não é a primeira medida de ingerência do governo Bolsonaro no Enem: o governo federal censurou 24 questões [veja aqui] da prova, além disso, implantou um tribunal ideológico a fim de ‘não permitir questões subjetivas’[veja aqui]. As agressões ao INEP, bem como as censuras e pressão sobre os funcionários envolvidos na realização do exame culminaramou no pedido de demissão de 37 funcionários diretamente ligados à coordenação do Enem [veja aqui].