Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro perdoa pena de deputado bolsonarista imposta pelo Supremo Tribunal Federal através de decreto

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Presidente da República, Jair Bolsonaro, assina decreto que extingue penas impostas ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) [1]. Silveira foi condenado no dia anterior pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques a ministros da Corte, os quais, segundo a decisão, representam o cometimento dos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes e coação [2]. As penas impostas a Silveira envolviam 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado, além multa de aproximadamente R$ 200 mil [3]. Ao anunciar a edição do decreto em suas redes sociais, Bolsonaro fala que ‘a liberdade de expressão é pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações’ [4], enquanto o decreto menciona que ‘a sociedade encontra-se em legítima comoção em vista da condenação de parlamentar resguardado pela inviolabilidade de opinião’ [5]. Na mesma data, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anuncia que analisará o perdão concedido por Bolsonaro e lança nota, assinada por seu presidente, em que classifica como ‘extremamente grave’ para a estabilidade do Estado de Direito o descumprimento de decisões judiciais [6]. Ainda em 21/4, diversos congressistas e líderes políticos de oposição anunciam que apresentarão ações no STF e Projetos de Decretos Legislativos (PDL) no Congresso para buscar a anulação do perdão presidencial, mas o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirma que ‘certo ou errado, expressão de impunidade ou não’, o Legislativo não tem o poder de derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL) [7]. No dia seguinte, Bolsonaro defende o decreto de perdão das penas impostas pelo STF a Silveira como símbolo da ‘garantia da nossa liberdade’ [8]. O Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Rede Sustentabilidade (Rede), o Cidadania e o Partido dos Trabalhadores (PT) protocolam ações no STF pedindo a anulação do decreto, enquanto parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e também da Rede e do PT apresentam PDLs para anular o ato de Bolsonaro [9][10]. Em 22/5, Silveira, que já havia se negado a cumprir decisão do Supremo de que usasse tornozeleira eletrônica [veja aqui], volta a afrontar as decisões da Corte, afirmando que retirou o equipamento após o perdão concedido pelo presidente e que o Judiciário não tem mais o que fazer contra ele [11]. Apesar do perdão presidencial, Silveira tem sua candidatura a Senador pelo Rio de Janeiro rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) em decorrência das condenações, mas recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que o perdão presidencial o tornaria apto a disputar o cargo [12]. Ocorrendo as eleições na pendência do julgamento do recurso, Silveira consegue participar do pleito e recebe cerca de 1,5 milhão, ficando em 3º lugar – portanto, não sendo eleito – na disputa pelo cargo [13]. Vale lembrar que o perdão presidencial concedido a Silveira ocorre num momento de acirramento de conflitos promovidos por Bolsonaro contra o Poder Judiciário, especialmente ao STF, ao TSE, e seus ministros , a quem acusa de tolher a liberdade de expressão, inclusive para defender a extinção do Estado Democrático de Direito [veja aqui]. Relembre-se também que, em 23/12, Bolsonaro concede indulto de Natal e perdoa penas de policiais envolvidos no massacre do Carandiru [veja aqui].

Veja opiniões de especialistas sobre o perdão presidencial a Silveira e leia mais sobre o caso do Deputado Federal e sobre seu histórico político

 

 

21 abr 2022
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