Após ajuizar ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o presidente Jair Bolsonaro e Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, fossem investigados, o servidor Carlos Duarte é afastado do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) [1]. Em junho, o servidor apresentou ao STF um pedido para que fossem apurados indícios dos crimes de corrupção, advocacia administrativa e tráfico de influência com base na notícia de que Wassef teria atuado como consultor para a concessionária do Aeroporto de Viracopos [2]. Diante dos pedidos, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, manifestou-se contra a abertura do inquérito para investigar os fatos relatados pelo servidor [3]. Duarte diz que, poucas horas após a publicação de uma entrevista de Frederick Wassef à revista ‘Veja’ [4] em que o advogado o cita, recebeu a ligação de seu superior informando-o de que seria desligado do Cade. A autarquia informa que o afastamento decorre ‘em razão do baixo desempenho do servidor’ [5]. Vale notar que no ano anterior o Cade teve suas atividades paralisadas em razão da demora do presidente em indicar novos conselheiros [veja aqui]. Além disso, durante o governo Bolsonaro têm sido recorrentes as demissões e afastamentos como forma de retaliação a posicionamentos críticos de servidores, destacando-se: as exonerações da presidente do INEP [veja aqui], do servidor público que multou Bolsonaro por pesca irregular [veja aqui], do Diretor do INPE [veja aqui] e da coordenadora geral do Conselho Nacional de Direitos Humanos [veja aqui], de servidores que assinaram notas técnicas sobre saúde sexual e reprodutiva das mulheres [veja aqui] e o pedido de providência contra de servidor que criticava o governo em redes sociais [veja aqui].
Veja linha do tempo sobre as exonerações e interferências em cargos públicos no governo Bolsonaro e leia análise sobre as demissões no governo por discordâncias políticas.