Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Na ONU, Bolsonaro elogia sua atuação na pandemia e sugere ser vítima de campanha de desinformação sobre a Amazônia

Tema(s)
Distanciamento social, Meio Ambiente, Negacionismo, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em seu discurso na abertura da 75ª Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro elogia a atuação do governo federal durante a pandemia, acusa a imprensa de ‘politizar o vírus’ e afirma ser vítima de campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal [1]. As informações do discurso são verificadas por agências de checagem de dados [2], as quais apontam inconsistências na fala do presidente para ambos os temas [3]. Com relação à crise sanitária, Bolsonaro afirma que ‘desde o princípio’ teria alertado o país sobre a gravidade do coronavírus e do desemprego; no entanto, o presidente minimizou a covid-19 por diversas vezes: chamando-a de ‘gripezinha’, [veja aqui], respondendo ‘e daí?’ sobre o aumento de mortes decorrentes da doença [veja aqui], incentivando a invasão de hospitais [veja aqui], e, mais recentemente, dizendo que jornalista ‘bundão’ tem mais chance de morrer coronavírus [veja aqui], além de cometer semanalmente atos contra recomendações médicas e sanitárias [veja aqui] [4]. O presidente também distorce decisão do Supremo Tribunal Federal sobre autonomia dos governadores nas ações contra o vírus e diz que as medidas ‘foram delegadas’ aos estados por decisão do Judiciário [veja aqui], sugerindo isenção da responsabilidade do governo federal no combate à pandemia [5]. Ainda, exagera a somatória dos valores repassados para a população via auxílio emergencial, bem como os valores destinados para pesquisa de desenvolvimento da vacina [6]. Igualmente, são identificadas informações falsas e infladas sobre o meio ambiente, sendo afirmado, por exemplo, que o Brasil é ‘líder em conservação de florestas tropicais’ quando, na verdade, o país consta no topo da lista dos 10 países tropicais que tiveram maior perda de área florestada em 2019 [7]. Assim como em seu discurso na ONU do ano anterior [veja aqui], Bolsonaro acusa instituições internacionais e ONGs, chamadas por ele de ‘impatrióticas’, por supostamente visarem às riquezas da Amazônia e, por isso, buscarem prejudicar a imagem governo [8]. Bolsonaro ainda atribui as queimadas nas florestas ao ‘caboclo e ao índio’, mesmo existindo fortes indícios da realização de incêndios criminosos por fazendeiros no Pará em 2019 [veja aqui] e no Mato Grosso do Sul em 2020 [veja aqui] [9]. O discurso é amplamente criticado por ONGs, que consideram que a imagem do Brasil sai prejudicada na cena internacional [10]. O presidente encerra seu discurso insinuando a existência de ‘cristofobia’ [veja aqui] e afirma que o ‘Brasil é um país cristão e conservador e têm na família a sua base’ [11].

Leia análises sobre como o discurso de Bolsonaro manipula dados e entenda qual a versão do presidente sobre as queimadas e a crise sanitária

22 set 2020
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