CNPq publica chamada [1] para novas bolsas de iniciação científica e exclui cursos da área de humanidades como educação, direito, economia, entre outras, do acesso a 25 mil bolsas. A diretriz do órgão de fomento à pesquisa vai no sentido de priorizar áreas tecnológicas tidas como prioritárias, cujo retorno para sociedade seria imediato – tais como engenharia e medicina, em prejuízo das ciências humanas básicas [2]. Portaria [3] do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações define, em seu artigo 2º, como áreas prioritárias as Tecnologias Estratégicas (i), Habilitadoras (ii), de Produção (iii), para Desenvolvimento Sustentável (iv) e para Qualidade de Vida (v). No edital do CNPq, os projetos de pesquisa básica, humanidades e ciências sociais só são considerados prioritários na medida em que contribuam, em algum grau, para o desenvolvimento das áreas de tecnologias prioritárias. Entidades científicas como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciências criticaram a medida e afirmaram que a exclusão de áreas humanas limita ainda mais o acesso dos estudantes à carreira científica [4]. Em dezembro de 2019, o CNPq já havia anunciado alteração no modelo de alocação de bolsas de pós graduação, sem realizar consulta prévia a universidades [5], passando do modelo de concessão majoritária por quotas aos programas de pós-graduação para o modelo de concessão via editais, com foco direcionado para ‘áreas prioritárias e estratégicas’ ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) [6].
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