Após discurso de demissão de Sergio Moro (24/04), em que acusa Bolsonaro de querer interferir politicamente na Polícia Federal (PF) [1] para ter acesso a relatórios de inteligência sobre as investigações [veja aqui], o presidente admite ter solicitado à PF depoimentos sobre alguns casos [2], além de afirmar que Moro quis negociar vaga no STF. Em resposta, o ex-Ministro nega ter condicionado troca no comando da Polícia Federal por indicação ao STF [3]. Em decorrência das acusações, o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, solicita abertura da investigação contra Bolsonaro e Moro [4]. De acordo com Aras, oito crimes podem ter sido cometidos. Em 26/04, a Associação dos Delegados de Polícia Federal publica carta aberta ao presidente, recomendando um ‘distanciamento republicano’ da instituição e sugerindo atual ‘crise de confiança’ em relação ao governo federal por parte da entidade [5]. No dia seguinte (27/04), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, autoriza a investigação e, também, a oitiva de Moro [veja aqui]. Dias depois, Moro afirma ser intimidatória a instauração de inquérito pelo PGR, ao que o PGR logo reage, dizendo não ser passível de manipulação por ninguém [6]. Em junho e julho, Celso de Mello prorroga o prazo das investigações [7]. Nos meses seguintes, mensagem do presidente endereçada ao então ministro da Justiça recomendando sua demissão voluntária é publicada na imprensa [8], a PF faz relatório com cronologia dos fatos [9], Mello nega pedido para que o presidente deponha por escrito na investigação [10], mas o ministro do Marco Aurélio suspende o depoimento presencial do presidente em seguida [11]. Vale também notar que, após admitir interesses na troca da PF, o presidente nomeou amigo pessoal de um de seus filhos, o que causou novos embates [veja aqui].
Leia a análise sobre possíveis crimes de Bolsonaro, a abertura de inquérito no STF e outras frentes de pressão contra o presidente e a repercussão na mídia internacional.