Após a exoneração de Maurício Valeixo, motivo que gerou pedido de demissão do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça [veja aqui], o presidente Jair Bolsonaro nomeia em 28/04 o amigo dos filhos e ex-chefe de segurança de sua campanha eleitoral, Alexandre Ramagem (então diretor-geral da Abin), para o comando da Polícia Federal (PF) [1].Como reação a esse movimento, partidos pedem a anulação dos atos [2] e impedimento da posse de Ramagem na Justiça [3], com pelo menos seis processos nesse sentido [4]. Com base principalmente nas afirmações do presidente [veja aqui] de que estaria tentando interferir na PF [veja aqui], o ministro Alexandre de Moraes suspende em 29/04 a nomeação, em decisão em um mandado de segurança protocolado pelo partido da oposição PDT [5], o que é criticado pelo presidente em seguida [veja aqui]. A PF investiga diversos casos ligados ao entorno de Bolsonaro [6], incluindo possível esquema criminoso de fake news cuja investigação corre em sigilo no STF. Carlos Bolsonaro é apontado como um dos possíveis articuladores da organização [7]. Ao ser questionado sobre o inquérito, o presidente Jair Bolsonaro afirmou se tratar de exercício da liberdade de expressão [8]. A Bot Sentinel, ferramenta criada em 2018 para monitorar publicações surgidas através de contas falsas em redes sociais, apontou que hashtags de apoio ao presidente Jair Bolsonaro ou de ataque àqueles vistos como ameaça pelos bolsonaristas chegaram ao topo da lista de conteúdos publicados a partir de contas falsas no Twitter — a primeira vez em que isso aconteceu com que conteúdos não-relacionados aos EUA [9].
Leia as análises sobre o efeito das intervenções de Bolsonaro na construção institucional da Polícia Federal e seus interesses na instituição, reportagem sobre a visão que a Lava Jato tem de Ramagem e a repercussão na imprensa estadunidense.