Levantamento revela que um dos assessores especiais do presidente Jair Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz, é articulador de uma das quatro redes de desinformação removidas pelo Facebook nesta data [1]. Segundo o estudo do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council, encomendado pela própria rede social, o assessor usava páginas criadas em apoio ao presidente para atacar adversários do governo e espalhar conteúdos falsos, inclusive sobre a pandemia de covid-19 [2]. Além dele, outros cinco assessores de políticos do PSL, ex-partido de Bolsonaro, e de um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), estão envolvidos na rede de desinformação, segundo o levantamento [3]. Em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro critica o banimento pelo Facebook, alegando perseguição [veja aqui]. O líder da oposição no Senado Federal, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o assessor seja afastado [4]. Deputados do PSOL fazem pedido semelhante em representação enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU) [5]. Um mês depois, em depoimento à Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos, Tércio confirma que criou páginas pró-Bolsonaro nas redes sociais, mas nega que o conteúdo delas seja0 antidemocrático [6]. Já o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirma, em depoimento dado em novembro, que ministros relacionavam Tércio ao chamado ‘gabinete do ódio’ [7] [veja aqui], grupo ligado ao governo que adota estratégia digital de desinformação e ataque a adversários [8]. Meses antes da remoção pelo Facebook, em março, o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno disse, em entrevista, que um esquema era comandado dentro do governo para montar dossiês e atacar oponentes [9]. Bolsonaro já teve postagens apagadas das redes sociais por gerarem desinformação [veja aqui]. Em junho, ministro do STF também ordenou bloqueio de contas de aliados do Planalto e, em reação, Bolsonaro acionou o tribunal em conjunto com a Advocacia-Geral da União, alegando violação da liberdade de expressão [veja aqui]. Em maio, o presidente também disse que ‘ordens absurdas’ não se cumpririam [veja aqui] ao comentar mandados de busca e apreensão direcionados a aliados do governo no âmbito do inquérito de fake news [veja aqui].
Leia análise sobre a relação entre as revelações do relatório e o gabinete do áudio e confira o perfil da atuação política do assessor presidencial Tércio Arnaud Tomaz.