Presidente Jair Bolsonaro nomeia, através de decreto [1], segundo colocado em lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário para a reitoria da Universidade Federal do Piauí (UFPI) [2]. O professor Gildásio Guedes é nomeado novo reitor, após ter recebido 11 dos 39 votos do conselho. O primeiro colocado obteve o dobro de votos (22) de Guedes, enquanto o último colocado recebeu 6 indicações [3]. A prática rompe tradição de décadas de o presidente da República nomear o primeiro colocado da lista tríplice, em respeito ao princípio da autonomia universitária [4] [veja aqui]. Entidades sindicais [5], estudantis [6] e associações docentes [7] [8] exergam a nomeação como ‘intervenção’ e apontam ofensa à princípios democráticos, e estudantes da UFPI realizam protesto no campus universitário [9]. Atualmente existem duas ações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), uma apresentada pelo Partido Verde (PV) [10] e outra pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) [11], questionando as nomeações feitas por Bolsonaro e demandando que o Supremo determine a obrigatoriedade das nomeações seguirem o primeiro colocado das listas tríplices. Na primeira das ações, os ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandowski já se posicionaram a favor da autonomia universitária [12]. Em outras oportunidades, o presidente nomeou segundos e terceiros colocados nas listas tríplices para as reitorias das universidades federais do Ceará [veja aqui], do Triângulo Mineiro [veja aqui], dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri [veja aqui], do Rio Grande do Sul [veja aqui], entre outras. No fim de 2019, Bolsonaro editou Medida Provisória (MP) que alterou o processo de escolha dos reitores [veja aqui], e em 2020 outra MP possibilitou o ministro da Educação nomear reitores temporários durante a pandemia [veja aqui].
Leia análises sobre as intervenções de Bolsonaro nas universidades federais, sobre a atuação do Ministério Público na defesa da autonomia universitária, sobre outros ataques ao ensino superior brasileiro, e veja relatório de pesquisa que aponta as atuais condições da liberdade acadêmica no Brasil – em inglês.