Relatórios encomendados pelas Secretaria de Governo e de Comunicação e divulgados pela imprensa nesta data mostram que o Palácio do Planalto monitorou, com dinheiro público, as redes sociais de pelo menos 162 parlamentares e jornalistas de fevereiro a abril de 2020 [1]. Os documentos contém informações diárias sobre as postagens de políticos e membros da imprensa e apontam se o conteúdo indica ou não aderência às políticas do governo de Jair Bolsonaro [2]. Diferentes partidos respondem ao episódio: o PSOL envia à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedido de investigação sobre o caso [3]; o PV entra com ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) [4]; o PT protocola ação popular em que pede o fim da vigilância e do contrato com a empresa responsável pelo serviço [5] e deputados de outras siglas também vão à Justiça [6]. O Ministério Público pede que o Tribunal de Contas da União (TCU) analise a motivação para o monitoramento [7]. O ministro da Secretaria do Governo (Segov), Luiz Eduardo Ramos, alega desconhecer o monitoramento, apelidado de ‘Parlamentares em Foco’, e o caracteriza como ‘absurdo’ [8]. Dias depois, a Segov admite ter monitorado redes sociais de parlamentares, mas nega ter orientado a produção de relatórios [9]. A Justiça Federal da Bahia intima o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Eduardo Ramos e Fábio Wajngarten a apresentarem documentos sobre o monitoramento e demonstrativos dos pagamentos feitos à empresa prestadora do serviço [10]. Onze dias após a divulgação dos relatórios pela imprensa, outra apuração mostra que o governo federal produziu relatório que monitora e categoriza jornalistas e formadores de opinião entre ‘detratores’, ‘neutros’ e ‘favoráveis’ [veja aqui].
Leia análise sobre o histórico de monitoramento do governo Bolsonaro.