Ministério da Saúde (MS) pressiona a Prefeitura de Manaus a distribuir remédios sem eficácia comprovada para ‘tratamento precoce’ de covid-19, como cloroquina, ivermectina e azitromicina, em meio ao colapso sanitário no estado do Amazonas [1]. O documento ressalta a comprovação científica das medicações recomendadas pelo Ministério da Saúde e que ‘é inadmissível a não adoção da orientação’ diante da gravidade da situação em Manaus. O estado registra alta nos números de internações e mortes em decorrência do coronavírus, diante da falta de leitos e equipamentos hospitalares básicos, como oxigênio [2]. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pede autorização para visitar as Unidades Básicas de Saúde para difundir o uso dos medicamentos, sem eficácia comprovada [3]. Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir de uma pesquisa realizada com 13 mil pacientes em 500 hospitais de 30 países, mostram que os medicamentos como os defendidos pelo MS, ‘têm pouco ou nenhum efeito na prevenção de mortes por COVID-19 ou na redução de tempo que a pessoa passa hospitalizada’ [4]. Em ofício enviado à Prefeitura de Manaus, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Pinheiro, afirma que é a não adoção do tratamento precoce é ‘inadmissível’ e aproveita para ‘ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo MS’ [5]. A medida é criticada por infectologistas, já que os medicamentos não possuem eficácia cientificamente comprovada [6]. O governo federal defende o uso dos medicamentos para tratamento precoce da doença há diversos meses [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. Posteriormente, o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União, requisitou informações para o município de Manaus, deverão comprovar, em até 10 dias, a eficácia de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento precoce de covid-19 [7].
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