Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Von Doellinger, edita ofício estipulando que a divulgação de pesquisas e estudos por servidores do órgão antes de ‘conclusão e aprovação definitiva’ pode configurar infração disciplinar, sob risco de punição, segundo apuração da imprensa nesta data [1]. A medida é direcionada a diretores do instituto e estipula que as informações produzidas no âmbito de atuação do órgão são ‘direitos patrimoniais’ do Ipea, além de limitar a ‘interação de servidores com órgãos da imprensa’ [2]. Servidores do Ipea ouvidos pela imprensa enxergam o ofício como censura de conteúdos críticos a políticas governamentais do governo Bolsonaro, por apontarem resultados diversos do esperado pela atual gestão [3]. A medida é avaliada como ‘chapa-branca’ na medida em que o instituto só poderia digulgar dados alinhados ao governo federal [4]. O sindicato representativo do corpo técnico do Ipea se refere a medida como ‘ofício da mordaça’, por conter ameaças institucionais em ‘direção ao obscurantismo e ao cerceamento ideológico’ [5]. Em outras oportunidades, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi exonerado após divulgar dados sobre desmatamento no Brasil [veja aqui], funcionários da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) reuniram mais de 130 denúncias de censura praticadas pela empresa pública [veja aqui], e a presidência do ICMBio baixou portaria prevendo a necessidade de autorização prévia da diretoria para a publicação de produções científicas do órgão [veja aqui].