A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é eleita presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, a despeito de não ter experiência na área [1]. Zambelli, escolhida por 10 votos a favor e 6 votos em branco, assume o lugar de Rodrigo Agostinho (PSB-SP), reconhecido pela defesa da pauta ambiental [2]. A deputada afirma que vai trabalhar em ‘consonância’ com a Comissão de Agricultura, conciliando as ‘diferentes visões de mundo’, que têm norteado as duas pastas [3]. Zambelli defende o Brasil como um dos países mais avançados na legislação ambiental, sendo responsável por menos de 3% da emissão de gás carbônico no mundo, o fortalecimento ‘das ações de combate e controle ao desmatamento ilegal’ como foco de sua gestão e ainda aponta que abrirá espaço para a regularização fundiária na Amazônia [4], o que é pauta cara ao governo Bolsonaro [veja aqui]. A nova presidente da Comissão de Meio Ambiente diz que a imagem negligente do governo em relação ao meio ambiente é uma ‘narrativa construída pela esquerda’ e que vai questionar as ONGs que atuam na proteção ambiental da Amazônia sobre ‘como usam o dinheiro‘ [5]. Especialistas destacam que a escolha de Carla Zambelli para a presidência da Comissão de Meio Ambiente reforça a tendência do governo em fazer muito pouco frente às demandas ambientais [6]. O Brasil encerrou 2020 com o maior número de focos de queimadas em uma década, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) [7]. Neste ano, o ritmo do desmatamento aumentou nos meses de janeiro e fevereiro e está 40% maior do que no mesmo período do ano passado [8]. Em 2019, Zambelli havia dito ue a ‘Amazônia nunca queimou tão pouco’, durante o auge da crise ambiental [9] – com quase 100 mil focos de incêndios registrados no país, 50% só na Amazônia [10] – e acusou ONGs de colocarem fogo na Amazônia para criminalizar o governo Bolsonaro [11] [veja aqui]. O próprio presidente já culpou ONGs pelos incêndios na Amazônia em diversas ocasiões [veja aqui], bem como o ministro do Meio Ambiente as acusou de ter provocado vazamento de óleo predatório ao ecossistema marinho do nordeste [veja aqui]. Bem como Zambelli, aliada do presidente, a deputada Bia Kicis foi eleita para comissão da Câmara [veja aqui].