Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro cometeu ao menos 04 atos contra recomendações médicas e sanitárias na terceira semana de março, em meio à pandemia

Tema(s)
Distanciamento social, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Como no mês [veja aqui] e na semana [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 15/03, criticou novamente medidas de isolamento social a apoiadores no Palácio da Alvorada e sugeriu a culpa de governadores e prefeitos pela alta do preço dos alimentos: ‘A política do ‘fique em casa’, feche tudo e destruir [sic] milhões de empregos(…) a consequência está aí’ [1]. No dia seguinte, o primeiro servidor do gabinete pessoal do presidente morreu por covid-19; até então, o presidente havia exaltado a falta de mortes em seu círculo próximo pelo uso de ‘tratamento precoce’ [2]. Em 18/03, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, questionou a taxa de ocupação de UTIs no país e ironizou: ‘parece que só [se] morre de covid’. Segundo ele, nenhum país do mundo está administrando bem a crise da covid-19 e o país estaria errado ao tentar derrubá-lo: ‘esses caras que querem me derrubar, o que fariam no meu lugar? “Comprar vacina”. Onde é que tem vacina para vender?’ [3]. No mesmo dia, o presidente ajuizou ação no Supremo Tribunal Federal contra medidas de governadores e pediu a suspensão de decretos sobre a covid-19 [veja aqui] [4]. Em 19/03, sugeriu a apoiadores uma ação do governo federal contra medidas restritivas: ‘É para dar liberdade para o povo. É para dar o direito do povo trabalhar, não é ditadura não’ [5]. No dia 15/03/2020, o presidente compareceu a manifestação contra os outros poderes da República e não usou qualquer equipamento de proteção [veja aqui]; antes disso, já havia desrespeitado recomendações sanitárias ao causar aglomeração [veja aqui]. É muito comum seu discurso contra medidas de distanciamento social; em setembro do ano passado, por exemplo, comparou prefeitos e governadores que impuseram tais medidas a ‘ditadores nanicos’ [veja aqui]. Entre 15/03 e 21/03, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de mais de 11,5 milhões [6] para quase 12 milhões [7] e as mortes atingiram o patamar de mais de 294 mil pessoas [8], com média diária de 2.255 mortes há 7 dias, de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa. Em 17/03, o país inclusive teve, pela primeira vez, média semanal maior do que 2 mil mortes por dia [9].

Leia análise sobre a marca de um ano desde as primeiras ações negacionistas do presidente na pandemia, relembre outros discursos deste mês com informações falsas sobre a gestão da crise e veja matéria recente na mídia internacional sobre o risco que o país representa ao mundo neste cenário

21 mar 2021
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