Ministério da Saúde (MS) altera sistema de contagem de mortes por covid-19, reduzindo drasticamente a contabilização em menos de 24 horas, o que é interpretado como omissão dos dados [1]. O MS passa a exigir dados como CPF, número do cadastro no SUS e a nacionalidade dos pacientes para fazer o registro de óbito em decorrência do coronavírus, e a contagem de 1.021 óbitos registrados no estado de São Paulo em 23/03/2021, novo recorde durante a pandemia até a presente data, cai para 281 mortes no dia seguinte [2]. No dia da queda drástica dos números, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo encaminha ofício ao MS indagando a alteração no sistema de contagem e afirma ‘não ter sido comunicada previamente’; completa ao dizer que municípios do estado não conseguiram cadastrar os óbitos no sistema nacional de contabilização no mesmo dia [3]. Os problemas na alimentação do sistema de contagem também foram registrados, ao menos, nos estados do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul [4]. No mesmo dia, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) também encaminham ofício a pasta solicitando ‘a retirada temporária da obrigatoriedade do preenchimento’ dos novos dados no sistema [5]. Horas após a repercussão negativa, o MS atende aos pedidos e volta atrás nas mudanças: ‘foi suspenso o preenchimento obrigatório de alguns campos de identificação’ já que a medida foi realizada sem a comunicação dos ‘estados e municípios em tempo oportuno’ [6]. Em outras oportunidades, também em contexto de crescente nos números de infecções e óbitos pelo vírus, o MS atrasou a divulgação dos dados epidemiológicos [veja aqui] e depois passou a omiti-los [veja aqui]. Já ex-ministro da pasta omitiu número de casos e mortes por covid-19 no país em reunião da OMS [veja aqui], e o Itamaraty não aderiu a compromisso global de luta contra desinformação durante a pandemia [veja aqui].
Veja estudos que avaliam a transparência na divulgação de dados epidemológicos pelo governo federal e pelos estados e capitais durante a pandemia.